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- O seu terraço? Você tem certeza? - Hary perguntou enquanto olhava incrédula para Marilia que mantinha um olhar tranquilo enquanto tomava seu café e contava a amiga sobre o que havia acontecido na noite anterior e sobre sua ideia de usar seu lugar favorito. Estavam no mesmo café em que contara a Hary sobre seus sentimentos por Maraisa. Suas dúvidas lá expostas uma vez, agora eram certezas absolutas.

-Eu não sei o porquê de tanto espanto, você quem mandou ela subir lá.

- Vocês precisavam conversar.

- Precisamos agora de uma boa memória naquele lugar.

- Você está certa. Mas, vem cá, a primeira vez de vocês no terraço seria épico. Seus lábios formaram um sorriso lascivo. Não sei como conseguiram dormir juntas duas vezes e se controlarem.

- Você consegue entender que duas pessoas podem ficar no mesmo ambiente sem tentar qualquer insinuação de sexo?

-Não. Eu acho que vocês duas se controlam demais.

-Existe uma coisa chamada tempo certo e... - respirou fundo - Maraisa respeita meus limites, Hary.

- Em relação a nunca ter ido para a cama com uma mulher? - Marília assentiu. - Você não se sente segura sendo com ela?

- A questão não é ela, e sim o que vai acontecer entre a gente. É inevitável a insegurança, mesmo que seja mínima.

- Pelo o que sei, ela parece ser incrível com você, não vai ser diferente dessa vez.

-Eu sei. - Sorriu.

A tarde estava se findando enquanto as duas permaneciam na mesa do café que estava parcialmente cheio.

O dia de Marília havia começado da melhor maneira possível, como se tivesse apagado tudo o que acontecera durante o resto da semana. Acabou dormindo com Maraisa depois de a mesma insistir que era tarde para que fosse embora; seus desejos eram quase sempre uma ordem.

Maraisa estava mais que ciente da insegurança de Marilia, se conheciam o suficiente para ela poder perceber, as vezes, o que se passava com a outra. Não poderia negar que certos beijos a faziam querer ir além, porém, sua consciência gritava que ainda não era a hora, e que deveria ser quando Marilia estivesse tão preparada quanto. Respeitaria todos os limites e esperaria o tempo que fosse necessário. Até porque não haviam nem motivos para ter pressa, tinham todo o tempo do mundo.

Dormiram juntas como da outra vez após a festa de Luiza, provando de novo que seus corpos tinham o encaixe perfeito e que não era necessário muito mais que aquilo para se sentirem em casa, ao lugar que pertencem.

O ápice do dia de ambas foi já da forma como ele começou. Maraisa acordou com seu despertador tocando e o desligou o mais rápido que pôde, Marilia mal se moveu, mesmo com o barulho alto.

Maraisa achava impossível poder achar alguém tão linda enquanto dormia, até dormir com Marilia. Não queria acordá-la, mas precisava ir trabalhar.

Acordar com beijos em seu ombro, fazendo uma trilha até seu pescoço, fez Marilia acordar com arrepios e causou um sorriso bobo em seus lábios ao notar de quem se tratava.

Se pudessem, a cama teria aqueles dois corpos juntos presentes o dia todo, entretanto, o ditado "tudo que é bom dura pouco" é verídico.

Hary apareceu na grife no meio da tarde depois de outra viagem. Marilia era sempre uma das primeiras pessoas que ela procurava quando chegava em Nova York e vice-versa. Nem precisou pedir para saber como tudo tinha sido resolvido, com apenas um olhar inquisitivo e as unhas batendo contra a mesa do escritório, Marilia já sabia o que a outra queria.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora