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Não se pode adaptar uma vida a um namoro e a tarefa de adaptar o namoro à essa nova fase não estava sendo muito bem realizada.

Mais duas semanas se passaram baseadas em ligações de prazo de cinco minutos, mensagens monótonas e nenhuma chamada de vídeo sequer, a qual deixaram para o final de semana em que Marilia estaria livre.

Hary estava se esforçando para colocar na cabeça da amiga que tudo se resolveria, outra tarefa complicada. Marilia parecia bem quando estava em sala de aula, o amor e a dedicação que tinha em relação a isso era importante para que não deixasse de aproveitar totalmente sua estadia na Itália, contudo, quando estava em casa, Hary mal via um sorriso em seu rosto, tocar no nome de Maraisa era um gatilho para qualquer resquício de ânimo se esvair. Sempre fora sincera com Marilia e via que tudo estava indo por água abaixo em relação ao namoro, mas seu papel era ajudar a colocar o mínimo que fosse de positividade, e não duvidava que teria que ajudar Marilia juntar seus caquinhos. Se colocando em seu lugar, via que não tinha muita saída para um relacionamento que estava por um fio. Era inacreditável. Marausa e Marilia pareciam um casal de porta-retrato que nada abalaria.

- Me ligue se precisar, abelhinha, não estarei muito longe.

- Não se preocupe. - Sorriu ao desviar os olhos da tela do notebook para observar Hary parada na porta, pronta para sair. A intenção era deixá-la sozinha para poder conversar com Maraisa.

- Fica bem, viu? É até um pecado ficar triste em Milão - falou fazendo Marilia soltar um riso baixo.

-Eu estou bem. - Sorriu forçado.

- Faz de conta que acredito. Tchau, abelhinha.

- Divirta-se - falou enquanto Hary já estava indo em direção à porta.

- Com certeza irei - falou alto o suficiente para que Mariliaa ouvisse do quarto.

Marilia havia deixado seu sábado para ao menos tentar ter uma conversa decente com Maraisa. Passara as duas semanas tentando um contato maior, porém falhou em todas as suas tentativas, não porque Maraisa não estava tentando o mesmo, mas porque não havia tempo suficiente e horário condizente.

Já estava anoitecendo em Milão, em Nova York ainda era início de tarde, e em um sábado, Maraisa provavelmente estaria com Paulinha ou Maiara, esperava que ao menos visse suas mensagens logo.

Aguardou por um tempo, ocupando-se fazendo um novo modelo que lhe veio no momento como uma luz no final do túnel, era seu escape. Só foi tirada de seus devaneios quando o barulho de uma chamada de vídeo se iniciou. Deixou suas coisas de lado, voltando a endireitar seu corpo na cadeira em frente ao notebook e aceitou a chamada.

Se sentia novamente como uma adolescente tendo seu primeiro amor ao ver Maraisa em meio às tempestades que acontecia entre elas, era como o arco-íris pintando o céu azul de um dia ensolarado após a chuva de coisas ruins passarem.

- Hey. - Deu um meio sorriso analisando o rosto de Maraisa na tela do seu computador, a mesma estava vestindo uma blusa sua que deixara em seu apartamento. - Gostei da blusa. - Sorriu abertamente dessa vez.

- Ainda tem seu cheiro. - Sorriu de volta, porém não tão abertamente quanto.

- Sinto falta do seu - foi a última coisa dita antes do silêncio se instalar entre elas.

- Marilia... acho que precisamos conversar - disse finalmente.

-Eu tenho certeza que precisamos.

Tinha certeza também de que essa conversa não traria boas consequências.

-Acho que atingimos um patamar que está machucando nós duas - falou depois de segundos em silêncio. Marilia apenas assentiu. - Não parecemos mais namoradas, Marília, no máximo colegas ou nem isso. - Tentou manter seu tom firme, porém Marilia percebia que estava tentando falar sem hesitar. Até o jeito como falava seu nome estava estranho, nem o modo como a chamava estava sendo usado ultimamente.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora