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- Seja bem-vinda de volta! - Ruth disse ao abrir a porta de casa. A casa qual Marilia saiu quando foi morar no dormitório da faculdade. Quando se formou, alugou seu próprio apartamento, do qual saiu também assim que a grife cresceu e as condições ficaram bem melhores anos depois, e mudou-se para sua própria cobertura no Upper East Side.

- Dizem por aí que não há lugar melhor que a nossa casa. Mesmo que essa não seja a minha...

- Essa casa nunca vai deixar de ser sua. Davyd a olhou de modo que a fez sorrir. - Você precisa de ajuda?

- Por enquanto estou bem, obrigada, pai. - o homem assentiu e levou para seu antigo quarto a bolsa com suas roupas limpas que haviam pegado em seu apartamento e o resto do que seria necessário para a semana na casa dos seus pais.

Marília estava andando apoiada em muletas para não precisar da ajuda de ninguém quando quisesse até mesmo levantar da cama ou de onde quer que fosse. Agradecia a cada cinco minutos à todas as divindades que podem existir por ter saído daquele lugar onde Maraisa chamou de cárcere e realmente parecia estar mantida em um. Mas tinha algo bom no meio disso tudo.

- Vou preparar um almoço saudável para você.

- Parece até mentira que não vou mais comer a comida do hospital.

- E enquanto isso nós também vamos conversar sobre alguns assuntos pendentes, senhorita Mendonça. Ruth mudou sua expressão para mais séria.

- Ainda tenho medo de quando você fala assim.

- É bom que tenha.- Semicerrou os olhos mas em segundos voltou a sorrir para a filha que sorriu de volta. - Sente-se na cozinha para me fazer companhia.

Marilia colocou-se de pé usando todo seu equilíbrio existente e acompanhou a mãe até a cozinha, sentando-se na cadeira que ela já havia posicionado para a filha.

- O que tem para me falar?

- É sobre o Murilo - Ruth disse de costas pegando os ingredientes e utensílios no armário.

-Eu não tenho nada para falar sobre.

- Você simplesmente meteu o pé na bunda dele, sem mais nem menos, filha. Se encostou na pia olhando para Marilia.

-Se você não sentisse absolutamente nada pelo meu pai, e ele fosse apenas a pessoa com quem você fosse acostumada a conviver e tratar como namorado, marido, o que seja, seria bom?- Olhou para a mãe com um olhar inquisitivo.

-Mas vocês se davam tão bem, formam um
casal tão lindo.

- E -continuou ignorando completamente as palavras da mais velha - se você continuasse com meu pai apenas por nunca ter caído a ficha de que era tóxico manter um relacionamento sem sentimentos por um lado, e o comodismo tivesse passado a incomodar?

- Ele te trata tão bem, Marilia - Suspirou.

- Não me dar espaço, ter ciúmes até da minha própria sombra, achar que tudo é falta de sexo é tratar bem?

- Isso não é só uma fase? Não tem medo de daqui a um tempo sentir falta dele? Aquele clichê de que só damos valor quando perdemos é real, senão não seria um clichê.

- Você pode ter todos os motivos do mundo
para gostar dele, mas eu não tenho.

- Você quem faz suas próprias decisões. Só quero te ver feliz.

-Minha felicidade não se resume a um homem, mãe.

-Eu sei, Marília, mas uma pessoa pode ser uma das causas de felicidade.

-Essa pessoa não precisa ser necessariamente um namorado, precisa? Muito menos Murilo. - Revirou os olhos. Era inimaginável ele a fazendo feliz.

-Estarei assistindo quando você encontrar alguém a quem vai assimilar felicidade.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora