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- E então? - Inclinou a cabeça e prendeu o celular entre o ombro já que uma das mãos segurava um copo de café enquanto abria a porta de um quarto vazio do hospital e se sentava sobre uma das camas.

-E então que ela disse que precisa conversar com você.

- Não sou louca para ficar com ela sozinha em um lugar mantendo uma conversa sobre minha vida amorosa que ela não aprova.

-Talvez ela queira mudar, Maraisa. Ontem quando falei com ela, consegui fazê-la entender certas coisas.

- Não sei se é uma boa ideia...

- Você não pode simplesmente esquecer que tem uma mãe. Apesar de todo esse jeito dela, ela se importa com você.

- Maiara, ela está com uma arma apontada para a sua cabeça enquanto te obriga a falar isso?

- Você reclama dela, mas você é tão cabeça dura quanto! Não é algo que ela esteja acostumada, não é algo comum para ela, mas talvez por você, ela queira começar a entender.

-Estamos falando da mesma mãe?

-Talvez agora no início, ela não aceite tão bem, mas queira respeitar. Eu fiquei praticamente duas horas falando sobre isso com ela, só saí de lá quando tive a plena certeza de que tinha amolecido um pouco.

-Te agradeço demais por isso, mas, por enquanto, não sei se é realmente uma boa ideia.

- Você é impossível quando quer, não me
surpreende que nessas veias corra o mesmo sangue que o dela.

-Eu preciso desligar, agora, sis.

- Tudo bem, nos falamos mais tarde então. Mas pensa, bem, Maraisa, é sua mãe.

Vou pensar.

-Se cuida.

Maiara desligou antes que ela respondesse. Guardou o celular no bolso e saiu do quarto.

Almira amolecendo e querendo mudar seus
pensamentos poderia ser comparado à paz
mundial.

                                          °
  
A maioria dos designs prontos no papel, Marilia já havia passado para o computador.

Seu trabalho era mais um hobby do que realmente um trabalho. A frase "Escolha um trabalho que você ame e você nunca terá que trabalhar um dia em sua vida." fazia todo sentido. Estava matando seu tempo e tentando ocupar sua cabeça enquanto salvava cada design em uma combinação de cor diferente para decidir depois quais seriam as escolhidas para subir à passarela. Só foi tirada da sua distração quando ouviu batidas na porta.

- Olhe, Davyd, nossa filha ainda está viva - Ruth disse abrindo a porta e entrando acompanhada pelo marido.

- Vocês fazem eu ficar com peso na consciência quando falam assim. — Empurrou a cadeira para o lado, saindo de frente do computador e ficando de frente para seus pais.

- Estamos acostumados com essa sua falta de notícia quando não te vemos, mesmo que isso nos deixe preocupados, principalmente quando não atende nossas ligações.

- Foi só um dia. - Sorriu para a mãe.

-Está tudo bem?

-Tudo dentro dos conformes.

Nada ficaria dentro dos conformes após o ocorrido de dois dias atrás, mas seus pais não precisavam saber e ter a imagem da filha passando por algo tão repugnante.

-E como foi o desfile? - Davyd perguntou.

- Foi... - procurou palavras para descrever o desfile e não o ocorrido que ainda estava presente em sua mente. - ótimo. Tudo lindo, mais uma vez. Todo ano é.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora