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Marilia já tinha tomado café da manhã e feito sua higiene matinal com a ajuda de uma das enfermeiras quando Maraisa entrou no quarto. Ambas sorriram quando seus olhares se encontraram.

- Bom dia, Marilia - Maraisa disse se
aproximando da cama.

- Bom dia, doutora Henrique

-Me chame de Maraisa - Marília assentiu.

-Bom dia então, Maraisa.

- Melhorou. A médica sorriu. - Como
passou a noite?

-Não consegui dormir direito, mas espero que
isso seja normal. Minhas costas estão doendo
muito também, acho que por isso não dormi.

-Na verdade, o normal seria que você dormisse por conta dos remédios. Teremos que troca-los então. - Maraisa colocou sua prancheta em cima da mesinha ao lado da cama e anotou algo. - E seu corpo vai ficar dolorido, é inevitável. Os remédios não farão efeito absoluto sobre isso. - Marília assentiu de novo.

- Quando isso vai sair da minha perna? - A loira apontou para o gesso.

- Em uma semana. Tenha paciência.

- Não me diga que terei que ficar nesse quarto por mais uma semana. - Marilia franziu a testa, levando Maraisa a rir.

- Verei o que posso fazer por você.

-Eu tenho uma coleção para terminar e outra para começar. - Marília colocou as mãos no rosto. Isso é um martírio- murmurou.

- Dá próxima vez, deixe para terminar com seu namorado enquanto está em um lugar seguro.

-Por favor, não me lembre da causa o tempo todo. Meu arrependimento está me corroendo por inteiro.

- Desculpa. - Maraisa sorriu e deu as costas para Marilia, indo em direção à janela e abrindo a persiana. Marília passou os olhos pelo corpo de Maraisa e pode notar o quão bem desenhado ele era. Ontem à noite concordará com Luiza de que a doutora era linda mesmo tendo reparado só em seu rosto, e agora vendo também seu corpo, mesmo que sob o uniforme, poderia concordar mil vezes novamente.

- Pode abrir o vidro também? - Marilia pediu.

- Claro - Maraisa respondeu ainda de costas, abrindo o vidro em seguida, tendo seus cabelos jogados para trás pelo vento que entrara. Marilia sorriu satisfeita ao sentir a brisa gélida, apreciava o frio de todas as maneiras possíveis. Quando essa época do ano chegava, o outono trazia consigo o começo do frio que Nova York aguardava, era sempre essa a época em que Marilia mais se inspirava e desenhava seus melhores modelos. - Vamos aos remédios, Mendonça. A médica se voltou à estilista que sentiu um arrepio bom ao ouvir seu nome sendo pronunciado por aquela voz. Maraisa fazia seu nome soar tão sexy. - Já volto com a água - avisou antes de sair do quarto.

Voltou em menos de dois minutos, com um copo de água na mão. O colocou na mesinha ao lado da cama e tirou todos os comprimidos dos frascos. Entregou a água para Marilia, e um remédio de cada vez.

- Seus pais estão esperando para ver você - Maraisa disse enquanto Marilia levava o último comprimido à boca, tomando a água em seguida. - Eu volto mais tarde quando o horário de visitas acabar. - Marilia assentiu como fazia para tudo que Maraisa falasse, porém, por ela, a médica poderia ficar no seu quarto o dia todo. Sentia que a médica estava sendo mais que uma profissional ao cuidar tão bem dela. Levou em consideração as palavras da amiga na noite anterior: "Ela tem dado atenção dobrada para você. Marilia Mendonça é certamente a paciente favorita da doutora Henrique."

- Esperarei por você. - As palavras que Marilia proferiu fizeram Maraisa dar um sorriso contido. A loira reparou mais uma vez na cicatriz em seu lábio superior, e o quanto a deixava ainda mais sexy.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora