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-Estarei assistindo quando você encontrar alguém a quem vai assimilar felicidade.

As palavras da mais velha haviam sido completamente ignoradas por Marilia quando ditas na cozinha da casa dos seus pais, dias após conhecer quem iria contradizer o seu silêncio como resposta negativa. De fato, Rurh estava assistindo durante os meses que transcorreram, o sorriso bobo da filha quando olhava para o celular quando recebia uma mensagem em horário de trabalho ou durante jantares na casa dos pais, quando comparecia sozinha; via seu semblante mudar a cada vez que fazia ou recebia uma ligação; e testemunhava de perto que seus olhos azuis, quando tocavam no nome de quem agora Marilia assimilava à felicidade, ganhavam mais brilho, e os mesmos, tiveram suas pupilas dilatadas quando Maraisa abriu devagar a porta da sala de Marília na empresa.

-Estão transferindo os funcionários do hospital para cá? - Marília perguntou.

Luiza estava em sua sala há horas. Seu dia de folga fora completamente dedicado à Marília que insistiu para que fossem para outro lugar, porém, a amiga negou de todas as formas impedir seu trabalho, só queria passar um tempo com ela. Ruth tinha se juntado às duas fazia pouco tempo, como sempre, passara para se despedir da filha quando todos já haviam ido embora, mas acabou prolongando os assuntos.

-Sua filha, às vezes, é uma irresponsável, Ruth- Maraisa disse depois de cumprimentar a mesma, após ter cumprimentado Luiza também.

- O que eu fiz dessa vez? - Arqueou as sobrancelhas.

- Você se lembra de que tem um jantar em... olhou o relógio em seu pulso e voltou a encarar a loira - meia hora?

- Pelo visto não mesmo. - Luiza gargalhou ao ver a expressão assustada de Marilia que levou as mãos ao rosto.

- Você me avisou uma semana atrás e eu esqueci completamente.

- Eu te mandei mensagens mais cedo e não foram visualizadas, nem minhas ligações atendidas.

- Você está encrencada, Mendonça. Está na minha hora. - Luiza se levantou da cadeira onde estava e se aproximou de Marilia lhe dando um beijo no rosto. Foi ótimo meu dia de estilista.

- Foi ótimo passar meu último dia de vida com você. - Deu um riso que mostrava o quão nervosa estava, Maraisa de braços cruzados a encarando séria lhe dava medo, mas ainda assim, só a achava mais linda ainda.

-Boa sorte, filha. - Ruth alternou o olhar entre sua filha e sua nora enquanto segurava a porta aberta aguardando por Luiza que se despedia de Maraisa.

Marilia olhou para a morena que continuava imóvel no meio da sala ao ficarem a sós.

— Eu já estou me sentindo culpada, já pode parar de me olhar assim.

-Eu fui até seu apartamento, Mendonça, cogitei incontáveis métodos de tortura quando o porteiro disse que você ainda não havia chegado.

- Meu nome soa completamente sexy quando
você fala.

O sorriso malicioso que os lábios de Marília formavam ao contornar sua mesa quase fizeram Maraisa ceder. Quase.

-Odeio atrasos, você sabe disso. Odeio mais ainda quando você não olha essa droga de celular. O semblante sério fazia a cicatriz acima do seu lábio superior ficar ainda mais acentuada e a veia da sua testa saltada.

- Avise sua irmã que vamos nos atrasar.

- Eu já avisei.

-Então agora me desculpe.

-Nem mais um passo que não seja em direção à porta, Mendonça. - Maraisa deu um passo para trás a cada passo que a loira deu em sua direção, até encostar na porta.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora