xᴇɴᴏғᴏʙɪᴀ

135 9 6
                                    

DUAS SEMANAS DEPOIS

Colégio Spinosa ― 07:45 a.m

Eu não dormi bem essa noite, e por mais incrível que pareça não foi por culpa da minha ansiedade, apenas tive uma forte ausência de sono e acabei passando a madrugada toda remoendo várias perguntas e memórias. Acho que ainda não desisti de tentar buscar em minha cabeça a resposta para nosso caso. Sei que não posso confiar somente nas memórias, porém algo dentro de mim insiste em me avisar de que a solução para este mistério está em um detalhe menor, o qual eu deixei passar despercebido na época por pura inocência e que continua intacto em alguma lembrança.

Ciel não falou mais nada desde que coletou algumas informações sobre nossos suspeitos e nem demonstrou qualquer mudança de comportamento. Muito pelo contrário, nessas duas semanas que se passaram ele até ficou bastante familiarizado com Nanda e até se tornou uma companhia legal para Gaspar.

Por falar no Gaspar, ele continua sumindo ocasionalmente e até evitando nossa companhia. Geralmente ele nunca dá uma desculpa plausível, apenas ouve o toque de seu celular e sai da salinha que agora virou nosso "clubinho secreto", e não é mais visto por ninguém o dia todo. Mathilde suspeita que ele talvez esteja fugindo da escola e ficando mais em casa, eu já acho que é outra coisa.

O Alois ficou amigo de quase todo mundo na escola. Vamos se dizer que ele é quase um novo "popular", e eu digo quase porque apesar de tudo a Anne-Marie ainda é a primeira no ranking.

― Eveline... ― Nanda me chama de repente, despertando a minha atenção para a conversa que estávamos realizando na sala dos fundos da biblioteca, onde todos debatiam sobre o pouco tempo que tínhamos para montar um plano até as eleições.

― Desculpa, gente. Eu estava distraída... ― Falo, depois que todos, incluindo Alois e Ciel, ficaram olhando para mim esperando que eu respondesse alguma coisa. ― Poderiam repetir, por favor?

― O Valentim sugeriu que talvez o culpado seja um primo da Anne-Marie. ― Disse Mathilde. ― Um garoto que estuda em um colégio do outro lado da cidade e que tem um conhecimento ótimo em computadores.

Não consegui não lançar um olhar discreto para Ciel nesta hora. Ele e Alois estavam encostados em uma parede no fundo da sala, aparentemente não prestando atenção em nada do que falávamos, mas que, no fundo absorviam cada detalhe.

― Não sei... ― Falo, com medo que uma fala minha fosse fazer o verdadeiro vilão mudar de estratégia. ― É, acho que pode ser sim.

Bem diferente do Ciel, eu não era boa em disfarçar. Então quando alguém citava alguma possibilidade, eu apenas ficava em silêncio e dizia que não sabia o que dizer.

― O que foi, Eve? Você anda tão calada ultimamente? ― Perguntou Valentim, me olhando com preocupação, enquanto envolvia os ombros de Mathilde com seu braço esquerdo.

― Nada... ― Respondi, tentando demonstrar o máximo de indiferença possível. ― Eu só não dormi bem. Tem muita coisa rolando aqui.

― Ah, sim, eu entendo. Se precisar, pode conversar comigo. Talvez eu possa ajudar você a superar isso. ― Valentim responde, com muita gentileza e me fazendo sorrir, pois apesar de tudo ele era a pessoa que mais demonstrava compaixão por todo mundo.

― Eu ainda acho que é cedo para pensar que é alguém da família dela. ― Disse Nanda, expressando exatamente o que eu pensava sobre o caso. ― Ainda acho que é alguém daqui.

― Pois eu penso que é alguém de fora, sabe? Se fosse assim, ia ser mais fácil descobrir ― Valentim sugeriu, e eu percebi que Ciel lançou um olhar com o canto do olho discretamente na direção dele.

ᴍᴇᴜ ǫᴜᴇʀɪᴅᴏ ᴍᴏʀᴅᴏᴍᴏ - ᴋᴜʀᴏsʜɪᴛsᴜᴊɪOnde histórias criam vida. Descubra agora