Capítulo 20 - AVÓ

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Bryan começou a chorar, fazendo Bruno e Lana se entreolharem, notando o fato. Ele levantou antes dela e foi até o quarto, entrou no fraldário e pegou-o do berço.

- Não chora, não - suplicou, balançando-o em seu colo e ele continuou berrando.

- É falta da mãe - decifrou Lana do portal da porta. - Vem pra cozinha, vamos tirar ele desse quarto um pouco - mandou, voltando para onde estavam e Bruno atendeu. - Vou preparar um leite quente para ele, é o mais perto da mãe que podemos chegar - concluiu.

- E eu aqui, Lana? - questionou.

- Você dá leite? - debateu.

- Não, mas...

- Que bom. É uma das coisas que ele sente falta que só a mãe pode fazer - o interrompeu.

- Mas eu sou o irmão dele - insistiu.

- Não seja chato, Bruno. Você é uma presença essencial para ele, mas não é a mãe. Não argumenta comigo! Uma das coisas que aprendemos no curso é que não há nada para criança como a mãe dela - relutava em sua explicação e quando ela deu as coisas ele fez questão de debochar o jeito que ela disse.

- Por que você não esquenta no micro-ondas? - perguntou quando ela ligou o fogão.

- No fogão fica muito mais quentinho, sei lá, eu prefiro - disse ela, cruzando os braços e esperando ficar quente.

Enquanto isso o Bryan oscilava em silêncio de um segundo e berro de três minutos. Lana estava perto do fogão e foi aí que ele percebeu que também tinha fogão na sala de jantar e não só depois do balcão onde fica a pia. Enquanto ele lado da mesa andando para lá e para cá tentando acalmar Bryan, o celular tocou em seu bolso, bem na hora que ele teve a brilhante ideia de dizer:.

- Assim, eu não dou leite, mas também depende do tipo de leite - retrucou, voltando ao assunto e ela o fuzilou com os olhos.

- Olha, você tem sorte de eu não jogar o leite quente na sua cara depois dessa... - Ela abaixou a cabeça e a voz dela sumiu um pouco.

Lana estava tonta quando se apoiou na cadeira e a mesma arrastou no chão, ecoando um leve barulho, ela puxou o ar e se sentou.

- Você está bem? - perguntou, sentindo o ouvido já doendo de tanto o Bryan gritar.

- Estou, foi só um lapso de tontura - se explicou.

- Foi só pelo o que eu falei? - perguntou.

- Nem me lembra do que você falou, pelo amor de Deus - reclamou, sem olhar diretamente pra mim, levantando uma das mãos.

Mas ela não ficou muito tempo sentada, levantou e desligou o fogo. Com isso, ela foi para a pia, após o balcão, e com dois copos ficou passando o leite de um para o outro.

- O que está fazendo? - Bruno estranhou, sentando Bryan no balcão, ficando de frente para a janela.

- Estou usando o ventinho da janela. Minha vó fazia isso para eu não tomar o leite quente demais e queimar a língua - contou, de costas para mim.

- Ah... - assentiu. - E sua vó? - arriscou perguntar.

- Está no céu - respondeu, pegando a mamadeira no escorredor.

Isso o deu uma pontada no peito. Era estranho que ele estivesse seguindo em frente com a vida, mas a dor permanecia dentro de si. Qualquer coisa que o lembrasse do assunto, era como afundar uma agulha na ferida aberta que deixava os olhos dele umedecidos e então ele estava que nem o Bryan. Silenciosamente, limpou das duas gotas d'água que caíram antes que Lana percebesse. É engraçado como conversar de um assunto com Lana, me levou a outro e só por isso lembrei da minha tristeza. É por isso que falam para tomar cuidado com as palavras?

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