Capítulo 8 - BRYAN

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— Chegou o vagabundo — balbuciou Ramon assim que Bruno pôs o primeiro pé em casa.

A cabeça de Bruno arde de ressaca e a dor na perna fazia participação especial, até mesmo ao mexer a boca seu maxilar doía. Sendo assim, preferiu não dizer nada, entrou para o quarto, dormiu e só acordou quando o dia amanheceu por inteiro.

Era dez horas da manhã, Bryan, como sempre, berrava ao ver do irmão, a mãe o pegou no colo e sentou no sofá, avisando que o café da manhã estava pronto, o ouvido doía pela cena que o lactente fazia, que só cessou quando começou a ser amamentado. Quando Bruno pegou um pedaço de bolo de laranja com uma xícara de café e se sentou ao lado da mãe, o neném começou a chorar novamente.

— Calma, maninho. Não chora... — pediu Bruno, como se fosse adiantar, mas o bebê prestou atenção. Sentindo falta de um apelido para ele, o irmão mais velho contesta: — Mãe, você e sua mania de nos pôr nomes que não dá para tirar apelido...

— Ah, tem Bru... — tentou.

— Ah mãe, apelido de mulher? Sério?

Bruno terminou de devorar o pedaço de bolo e pegou Bryan no colo, que, instantaneamente, sorriu, o que não era novidade, era constante a alegria do irmãozinho perto de Bruno, que se perguntava se tinha cara de palhaço. Fazendo voz de neném, ele tentou chamar o irmão por vários apelidos "Bry" "Ry" "Yan" não sabia o que era pior. Quase saiu um "Rihanna".

— Rihanna não, né, meu filho. — Riu, a mãe.

— Ah, mãe. Não posso fazer nada se a senhora não pensou nisso antes — contestou sorrindo e sentindo as unhas dos pezinhos do neném cutucarem as coxas dele.

O padrasto o olhava de soslaio enquanto pegava o bule de café e enchia o copo, apesar do ato cotidiano inofensivo, o semblante dele parecia o um monstro prestes a atacar, Bruno percebia seu coração acelerar ao olhar para ele e parte de suas mãos formigavam, mas ele tentava ignorar.

— Você acha que seu filho é perfeitinho, né? — inferiu Ramon, colocando o bule de volta na bancada.

No mesmo instante, Ramon tomou o café como se fosse água, em goladas rápidas e colocou mais.

— Ramon, deixa o Bruno em paz só por hoje — pediu a mãe, de forma serena e implorativa, enquanto tentava acalmar Bryan.

— Em paz? — riu cético. — Margarida, você devia saber que você não tem sorte com homens e, como você tem um filho homem, já dá para imaginar. — Ramon jogou o olhar para o garoto como uma indireta e a mãe negou.

— Aparentemente, você não tem sido diferente. — Ela bateu de frente com o parceiro, coisa que raramente acontecia. Geralmente, nas brigas deles, ela sempre ficava em uma posição submissa e ele se aproveitava. Então, Bruno percebeu que mais uma discussão iria começar e tentou não entrar para não prolongar.

— Ah é? E por acaso aquele italiano do pai dele foi melhor do que eu? Fugiu quando soube que você estava grávida. O sangue dele corre nas veias desse daí — aponta para Bruno, com a mesma mão que, finalmente, pegou o copo de café. — É sangue de pilantra. — Ao finalizar, mordeu um biscoito como se fosse as palavras mais normais do mundo as que ele acabara de falar.

Bruno mentiria se dissesse que aquelas palavras não doeram e, mais do que isso, instigou uma fúria dentro dele. Ele não tinha nenhum vestígio de personalidade explosiva, por isso sempre falhava em encarar qualquer briga. Contudo, mesmo assim, se posicionava com voz firme:

— Não fala assim do meu pai e nem de mim! — Nem Bruno sabia o porquê defendera o pai, queria mais se defender, evitando que tocassem no assunto "paternidade".

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