O dia amanheceu com o celular vibrando e tocando, Bruno franziu a testa, com as vistas meio embaçadas, com o braço direito dormente porque dormiu por cima dele, com um calor por todo o corpo por conta da blusa de frio. Bocejou, fungou o nariz uma duas vezes e alcançou o celular, ainda deitado de bruços na cama. Atendeu, sem nem ver quem era.
— Bom dia, preparado pro seu primeiro dia no trabalho? — era a voz de Pedro, que fez Bruno pular da cama.
— Que horas são? — berrou praticamente e amigo gargalhou.
— Relaxa, são nove e meia. 'Cê acha mesmo que eu ia deixar tu se atrasar? Eu te conheço, cara — advogou.
— Ah... — suspirou aliviado. — Tá, eu vou tomar um banho — avisou, em tom casual.
— Espera! Eu vou passar aí. A oficina do meu pai fica em Taguá, vou levar ele lá hoje porque o carro dele tá lá — acrescentou.
— Beleza, mano. Valeu, cara — agradeceu.
— Fechou então, entre meio dia à meio dia e meio eu passo aí, belê? Mas eu aviso por mensagem na hora, agora vai se arrumar — ordenou.
— Pode pá, falou — se despediu.
— Falou. E não esquece da carteira de trabalho — alertou e eu ri.
— Tá. — Desliguei o celular.
Bruno, então, banhou, vestiu uma calça jeans, uma blusa preta, o calçado antigo da nike, e o moletom de Lana, porque ainda fazia um ligeiro frio, comeu uns biscoitos, passou um café amargo, fraco, muito ruim.
— Meu Deus! Como minha mãe fazia café? Eu não sei, mas com certeza colocava mais açúcar do que eu — reclamava a si mesmo.
Em seguida, pegou o número da Lana naquele blog da tal Lídia e entrou em contato com ela, sentado na cama, exatamente ao lado da chave no saquinho de ziplock. Ela atendeu:
— Bom dia, eu só queria saber como está o meu irmão — Bruno disse e ouviu um bater na porta.
Bruno afastou o celular do rosto por um segundo e viu as horas, ainda eram 11:30, não podia ser Pedro, ele disse que iria mais tarde e que ia mandar mensagem avisando. Levantou e foi em direção a porta.
— Você ouviu o que eu disse? — Lana perguntou quando voltei o celular na orelha.
— Ah... não, pode repetir? — perguntou, abrindo a porta.
— E aí, parceiro! — Pedro bateu a mão na do amigo, em um aperto. Era realmente ele. — Desculpa por vir mais cedo, meu pai decidiu ir mais cedo de última hora, está nos esperando lá em baixo — explicou e Bruno fez um sinal para ele esperar, apontando para o telefone.
— Ele está bem, né? — Voltou para a ligação.
— Sim, Bruno! Já falei isso duas vezes! Vou falar pela terceira: Ele está muito bem e você trata de arrumar um emprego logo — frisou, quase gritando, de uma forma que até Pedro ouviu e riu. E não estava no alto falante.
— Tá bom, tá bom... era só pra isso mesmo. Vou ter que ir agora... — informou.
— Tá, tchau. — Ela desligou, mas Bruno não percebeu.
— Beijos — falou, mas viu a chamada desaparecer.
— Nossa lek, ela te deixou no vácuo. Tá pagando pelo o que fez com a Sabrina, viu? — caçoou.
— Há-há, muito engraçado — falou, segurando o celular espalmado na mão. — Acontece que eu não gosto da Lana que nem a Sabrina gostava de mim — se defendeu, enquanto voltou para pegar os documentos.
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Menino do Céu!
RomansaBruno tem vinte anos de idade e se depara com as aflições da vida adulta em meio às suas irresponsabilidades. Sua mãe, Margarida Campelo, sempre fora muito batalhadora e lutou por aquilo que precisava. Esse dom não recaiu no garoto, que puxou o lado...