Capítulo 85

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Marília narrando.

Fizemos todo o percurso até em casa sem a Maiara falar um 'A'. Eu jurei que ela estava tranquila de novo. Apesar do ciúmes que ela sentiu. Mas, engano meu.

Os hormônios estão a flor-da-pele, eu achei que ela iria ficar só mais chorona e dengosa. Mas parece que não, o ciúmes dela triplicou de tamanho, ninguém pode respirar do meu lado que ela da um jeito de dar 'show'.

Chegamos em casa, estaciono o carro e dou a volta pra abrir a porta pra ela descer. Ela não espera apenas abriu a porta, desceu do carro e foi entrando dentro de casa. Eu fui logo atrás.

— Que cara é essa irmã? - Maraisa Fala do sofá.

— Pergunta pra Marília. - Mai diz se sentando junto da Maraisa.

— Não foi nada! A Maiara simplesmente cismou que a Dra. que nos atendeu hoje estava dando mole pra mim. - Digo sentando na poltrona que tem ali.

— Não cismei, é verdade. Ela mal notou a minha presença lá. Isso que a grávida sou eu. - Ela diz de cara fechada.

— A Lila é linda.. não tem como ignorar! - Maraisa diz rindo.

— Você tá complicando meu lado! - Digo a olhando e rindo.

A Maiara olha pra nossa cara fuzilando nós duas com seu olhar.

— Que brava, irmã!

— Não estou com saco pra vocês duas agora. - Ela diz se levantando. — Vou pro Quarto!

— Amor.. eu vou com você! - Digo me levantando e ela me olha da escada.

— Não! Fica aí com a Maraisa! - Diz e volta a subir os degraus.

— Cê tá lascado com a Maiara grávida. - Maraisa diz rindo.

— Ela realmente está extremamente ciumenta.

Entendo que é os hormônios, mas não achei que ela ficaria desse jeito. Ela mais fica com raiva de mim, do que chora por aí como imaginei que seria. Bom, pelo menos ela não me colocou pra fora de casa.

— Você não viu nada. Ela não te fala, mas toda vez que vê partes do seu show de você dançando funk, ela quer morrer. - Ela faz uma pausa. — Só eu sei o que eu aguento dela reclamando.

— Tá explicado então a forma que ela fica sempre quando eu ligo pra ela depois que finalizo os shows.

Resolvi ficar um tempo com a Maraisa, e dar um tempo pra Maiara. Entendo que os sentimentos dela deve estar uma bagunça. Eu lembro quando eu estava grávida do Léo, mesmo que não quisesse fazer certas coisas, eu acabava fazendo. E não era por mal. Mesmo que algumas vezes acabava magoando quem eu amava.

Tentarei ser a mais compreensiva possível nessa fase da Maiara. Eu sei que não é fácil quando tem um serzinho crescendo dentro da gente. A nossa vida vira uma bagunça. No mesmo momento que estamos extremamente felizes, no segundo seguinte já não estamos mais tão felizes assim.

Gerar alguém pra mim é uma das coisas mais incríveis que existe. Não tem uma explicação tão boa e tão certeira que consiga descrever de fato o que é. Mas, isso nos custa algumas coisas.

(...)

Já são 21:30h da noite, a Maiara não desceu, não apareceu, não veio jantar. Ela simplesmente subiu e ficou no mundinho dela.

Pedi pra dona Beth fazer a lasanha que ela tanto estava pedindo. Separo um pedaço em um prato, pego um copo e coloco um pouco de suco de morango que nessa fase tem se tornado o preferido dela. Coloco tudo em uma bandeja e subo até o nosso quarto. Abro a porta e vejo ela encostada na cabeceira da cama vendo alguma coisa na tv.

— Meu amor, por que não desceu pra jantar? - Digo me aproximando da cama e colocando a bandeja em seu colo.

— Não tava afim. - Ela diz sem me olhar.

Eu subo na cama e sento ao seu lado com as pernas cruzadas, virada de frente pra ela.

— Amor, olha pra mim.

— Estou te olhando!  - Ela tira sua atenção da tv e coloca em mim. — Pode falar.

— O que tá acontecendo? Você ainda tá brava por aquilo de mais cedo?

— Não! - Ela diz seca.

— E qual é o motivo? - Digo sem entender.

— Você não veio ficar comigo! - Ela diz triste.

— Meu amor. - Digo sorrindo. — Você pediu pra que eu te deixasse sozinha. Eu insisti pra vim, e mesmo assim você disse não.

— Mas quando eu cheguei aqui, eu mudei de ideia. - Ela diz e algumas lágrimas rolam em seu rosto.

— Cê tá chorando? - Digo passando a mão em seu rosto. — Eu estou aqui agora! E ainda pedi pra D. Beth fazer o que você queria comer.

Esses hormônios vão acabar comigo! Havia esquecido que tudo que a Maiara sente é três vezes maior do que em qualquer outra pessoa.

Ela começa a comer a lasanha, e do nada começa a rir e a me olhar. Eu sinceramente não estou entendendo mais nada.

— Qual é a parte engraçada agora? - digo a olhando.

— Esses hormônios. Até o final da gestação, quem terá surtado vai ser você. - Ela diz rindo.

— Eu realmente já estou no caminho.

Ela leva o garfo com comida na boca e me olha assim que termino de falar. Merda!

Não desiste de mim por causa disso! - Ela diz me olhando.

— Eu jamais desistirei de você. É por uma boa causa. - Falo e me aproximo pra dar um beijo nela. — Eu vou te aguentar chatinha pro resto da minha vida.

Ela da um tapa em meu ombro e logo sorri.

— Mesmo em seus piores momentos eu estarei aqui. Não tem a possibilidade de eu ir pra um outro lugar. - Digo a olhando.

Ela está gerando o outro amor da nossa vida. E não tem 'sacrifício' que não valha a pena no final.

Pra sempre nós! - Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora