- Se eu soubesse que a gente viria no shopping pra ficar de papo com o Harrigton, teria ido embora Haz. - Declara assim que chegamos a frente da Scoops Ahoy, onde Steve e Robin trabalham.
- Sua opinião e nada hoje, para mim, são a mesma coisa.
- Vai ficar brava pra sempre?
- Vou. - Disse entrando na sorveteria. - Robin meu amor!
- O que faz aqui minha princesa? - Ela faz uma reverência como se fosse um cavaleiro do século passado.
- Uma visitinha básica, como sempre.
- E ainda conseguiu tirar o morcego da própria caverna. Uau, que milagre. - Referiu-se a Eddie. Ele realmente odiava ir ao shopping.
- Hahahaha muito engraçado Buckley. - Ri ironicamente.
- Então vão querer o que?
- Pra mim o de sempre: baunilha com calda de chocolate e pro Eddie um de morango.
- Como caralhos você sabe se não quero outro?
- Te conheço há dez anos Ed, sorvete de morango é o único que você gosta. Por que você diz que os outros sabores tem gosto de plástico. - Entrego o dinheiro pra Robin enquanto rolo os olhos.
Dramático como sempre.
Depois da Robin preparar nossas casquinhas, nos sentamos em uma das mesas próximas a bancada. Não demorou muito pra começar o horário de movimento e a sorveteria ficar lotada de criança. Steve, que estava arrumando o estoque nos fundos, aparece pra dar uma força. Não sem antes me cumprimentar.
Eddie parece uma criança comendo sorvete, falando sério. A maldita mania de pegar com a pazinha e ir colocando aos poucos na boca, e ficar fazendo movimento como se fosse um esquilo, comendo de pouquinho em pouquinho me da nos nervos.
- Pode falar, você odeia o jeito que eu como sorvete.
- Parece uma criança descobrindo o gosto das coisas.
- Estou apreciando a comida, elevando meu pala...
- Eddie?
Merda. Mas que caralho, não posso ter um minuto de paz!
- Cecília? Ei, o que faz aqui? - Ele pergunta.
Ela veio comprar um guarda-roupa numa sorveteria, seu otário.
Faça-me o favor.
- Vim tomar um sorvete, um pouquinho de açúcar no sangue. - Esperando na fila ela da de ombros. Não demora muito pra ser atendida.
- Pode sentar aqui com a gente. - O encaro assim que filho da puta diz isso.
Rolo os olhos discretamente.
Se já estava arrependida amargamente de fazer esse passeio, as cenas a seguir me deixaram no auge do nojo. A cada minuto que passa, a minha vontade de arrancar meus olhos só aumentam, ao ver que Cecília estava dando o sorvete na boca do Eddie - fazendo aviãozinho com a pazinha!
Tenho total certeza que Edward sabe se alimentar, ele tem feito isso com sucesso há dezenove anos.
- Ele não é um bebê, você sabe disso não é? - Enrugo o nariz observando a cena dela tirando a pazinha e colocando no sorvete de novo.
Ela não me escuta e Eddie esta mais vermelho do que um pimentão.
- Tenho pirulito, você quer? Tem de morango e melancia. - Pergunta com um tom "inocente", que de inocente não tinha nada.
- Melancia.
- Também quero pirulito. - Digo, brincando, por que tenho noção de que ela não vai me dar um.
- Quer uma lambida? - Eddie diz tirando o pirulito da boca e me oferecendo. Faço careta.
- Que nojo Ed, tira isso daqui!
-Eu quero... - Cecília inclina-se e envolve o pirulito, ainda não mão dele, com os lábios. Sugando-o de um jeito bem indecente.
Pelo amor de Deus.
- Eu vou embora, tenham uma boa tarde. - Me levanto bruscamente da mesa. Vou até o balcão dando um tchauzinho leve para meus dois amigos, que ainda lutavam contra o movimento de pessoas/crianças. Robin me olha sugestiva, ela presenciou a ceninha nojenta.
Por alguns minutos fico rodando no shopping, afim de esfriar a cabeça. Logo em seguida faço meu caminho até em casa, uma caminhada vai ajudar a manter a calma. Já que o shopping não funcionou e nem é tão longa assim, então aceito o destino de andar um pouco.
Faz bem pra saúde também, pelo o que dizem.
Assim que entro na minha rua, consigo ver que uma das casas (que estavam a venda) esta cheia de tralha na frente e um caminhão de mudança.
Hm... Vizinhos novos.
Observando melhor consigo ver uma adolescente, mais nova que eu com certeza. Ela era ruiva e usava uma roupa carregada de estilo, percebe que estou a encarando e dá um sorriso. Retribuo. Em menos de um minuto desse acontecimento um loiro aparece na frente dela, tomando a caixa da mão dela a força, de forma super bruta.
Ele era lindo. Uma regata branca com um jeans surrado fazem sucesso nesse deus grego.
Ele tinha um cigarro pendurado na boca, apesar de lindo aparentava ser extremamente babaca. Só pelo jeito que lidou com a garota. Se esses dois são irmãos, eu sou a Madre Teresa. Nunca vi duas pessoas tão opostas.
- Procurando por alguma coisa gatinha? - Diz assim que percebe minha presença observando a cena. Tinha um olhar oportunista e soberbo.
É babaca, com certeza.
- Na...Não, eu moro há algumas casas pra frente, só queria desejar boas vindas a vizinhança. - Gaguejei um pouco, o olhar desse garoto me assusta.
- Oh querida, muito obrigada! - Uma mulher ruiva aparece, com alguma coisa na mão, agradecendo. Parecia ser mãe da garota. - Seja educado Billy. - Diz apreensiva.
- Você não é minha mãe.
- Bem querida, me chamo Susan. Essa é minha filha Maxine...
- Max, me chame de Max.
- Minha filha Max. - Dá ênfase no apelido da garota, dou uma risada abafada. - Meu marido Neil está lá dentro e esse é o filho dele, William.
- Billy, já disse. - Ele joga o cigarro no chão, pisando em seguida pra pagar as cinzas. Faço careta de nojo, discretamente.
Não que cigarro fosse um problema, já que convivo com a chaminé ambulante que é Eddie Munson. O problema era o garoto.
- Prazer, sou Hazel. Eu e minha mãe moramos na duzentos e quinze, se precisarem de alguma ajuda podem chamar. - Digo simpática e sigo meu caminho assim que me despeço.
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No fundo dos sonhos | Eddie Munson
RomanceHazel Williams e Eddie Munson são duas pessoas completamente diferentes. Afinal todos somos, não é? Mas esses dois são completos opostos. Ele gosta de heavy metal. Ela gosta de Madonna. Ele gosta de tatuagens. Ela gosta de desenhos apenas no papel. ...