Capítulo Quatro

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Rússia, São Petersburgo.
18h49am, 26 de Julho

Estava mais nervosa do que nunca.
Tyler e eu estávamos no carro indo em direção a sua casa para o tal jantar. Ele não deu uma palavra desde que saímos e eu estava ficando agoniada com tanto silêncio, eu precisava cortar aquilo ou eu ficaria louca!
Ele morava na cidade, o que é bem, mais bem longe da minha casa e demorariam horas para chegarmos, mas havia horas que saímos, provavelmente já estejamos chegando.
Nunca fui a um jantar com os pais dele, nem se quer os conheço, e se pensarem que minha amizade é uma má influência? Nem sei como devo agir.
Talvez esse nervosismo todo seja desnecessário já que não namoramos.
- Tem como conversarmos? - eu olhava para Tyler, que apenas focava ao que estava em sua frente. Ainda bem, não queria morrer, caso batêssemos. - Estou ficando nervosa com esse silêncio todo.
- Claro Hassel - me olhou e abriu um sorriso - Diga algo, qualquer coisa!
- Então vamos ficar quietos. - revirei os olhos, soltando um imenso sorriso.
- Como quiser! - ele deu uma gargalhada, nada escandalosa.
O silêncio foi tomando conta novamente. Eu não sabia puxar nem se quer um assunto. O que eu iria dizer? Sobre vampiros e suas habilidades? Estou fora.
Não demorou muito tempo, chegamos à casa dos Woolf. Parecia se encontrar dentro de uma floresta, não era possível! Tinha árvores para tudo que é lado.
Era uma casa totalmente pintada de branco, seja do lado de fora, como o de dentro também. De frente se podia ver uma porta de madeira, daquelas chiquês. Quatro pequenas janelas, duas em cima e duas em baixo.
Dentro havia um espaço enorme com duas escadas, próximas as paredes. - digamos que essas escadas eram muito parecidas com a dos filmes. Eram duas, mas que formavam uma só, sabe? Ao meio dessas escadas, uma abertura do tamanho de uma porta, onde deveria ter uma porta. Entrando nela, uma grande sala de jantar com uma mesa bem grande, uma chaminé e janelas que, Deus! Eram enormes, do começo até o fim da parede.
Ao lado da escada - a direta - tinha também duas portas. Bem no canto da escada uma abertura, mas também sem porta, dava para a sala de estar. A sala de estar o espaço era mediano, vamos dizer que nem tão grande nem muito pequenino. Tinha sofás, chaminé, estantes e mais estantes de livros, uma mesa ao meio dos sofás de veludo, mesas com computadores, e o que parecia ser um pequeno carrinho - daqueles que os garçons trazem - com garrafas de bebidas, de todos os tipos de São Petersburgo, isso é o que eu penso pelo menos.
Bem ao ladinho da "porta" da sala de estar, ao lado a cozinha. Entrando nela, você via uma cozinha também mediana. Continha um fogão. Armários em todas as paredes, parecia virem embutidos, o tom de cor deles era cinza e preto, preto o armário, e cinza o puxador. Uma geladeira inox, também cinza, e uma pia que brilhava mais que tudo.
De acordo com a mãe de Tyler, senhora Margot Woolf, o jantar já estava pronto e o banquete também estava pronto na grande mesa, na sala de jantar.
Margot Woolf é bronzeada pelo sol, como Tyler - e a maioria que vive nessa cidade - tem olhos verdes, e um cabelo castanho de dar inveja, bem curtinho um pouquinho acima do ombro.

A família de Tyler se reuniu a mesa. Ele tem uma irmã que se chama Marie. Acho que a única diferença entre os dois são as cores dos olhos. Os olhos de Marie são castanhos, como o do pai de Tyler, senhor Edward.
Sentamo-nos a mesa, e realmente havia um banquete nela, apenas esperando para ser atacado. Eu estava faminta e poderia comer todas aquelas comidas que foram feitas pela própria mãe de Ty. Tinha na mesa, arroz, feijão de dois tipos, lasanha, panqueca, frango, purê de batata, e várias outras comidas.
- Então Hassel... - Margot sorria - Há quanto tempo conhece Tyn?
- Mais ou menos, três anos! - eu disse enquanto cortava o frango em meu prato.
- Mmm... - ela sorriu para mim, e voltou seu olhar para Marie, a vendo comer - Filha tenha modos! Coma a comida junto à mistura, e não ao contrário.
- Minha mãe tem certa implicância quanto a isso! - Tyler sussurrava ao meu lado com um sorriso
O silêncio reinou por alguns segundos, e apenas conseguíamos ouvir barulhos dos talheres batendo nos pratos, enquanto comíamos.
- Já ficou com o nosso filho? - Edward perguntou - Digo, já o beijou?
- O que? - eu me engasguei com o purê - Não senhor, ah... Eu e seu filho, nós nunca...
- Nossa! Ótima pergunta para se fazer - Tyler revirou os olhos - Hall, não ligue para isso...
- Mas bem que ele gostaria! - Margot riu - Ele fala tanto sobre você, pensávamos que vocês estavam juntos.
- Não, que isso! - soltei um sorriso torto, enquanto levava um bocado do pedaço da panqueca até minha boca.
- Gente já acabou, não é? - Tyler levantou-se - Vem Hassel, vamos para a sala.
- O papo estava tão bom. - Margot riu alto enquanto nos via sair. - Nos vemos mais tarde então, querida Hassel.
Fomos da sala de jantar para a sala de estar.
Antes eu tinha minhas dúvidas sobre Tyler ainda sentir algo por mim, e hoje tiro a conclusão de que ele ainda sente.
Me senti no direito de ficar a vontade, e me deitei de barriga para baixo no sofá de veludo. Tyler preferiu sentar-se no tapete encostado no sofá.
- Desculpe tira-la de lá sem você terminar o seu jantar. - Tyler virou sua cabeça para ver meu rosto, enquanto encostava o seu.
- Não se preocupe, eu já tinha acabado! - acariciei seu cabelo. - Gostei de seus pais.
Ele se levantou, e sentou ao meu lado, enquanto eu estava um pouco esmagada no canto do sofá - Perdoe por isso também, eles são doidos para que eu namore você.
- Sem me conhecerem?
- Falo muito de você... - ele sorriu.
- Devo levar isso como um elogio? - retribui o sorriso
- Como você prefer... - ele parou de falar e engoliu em seco.
Um barulho muito alto de vidros quebrando de repente tomou conta do nosso silêncio. Pareciam como vidros de janelas, pratos e também copos.
- Que barulho é esse? - Tyler franziu a sobrancelhas - Está vindo da sala de jantar!
Tyler levantou-se e começou a caminhar direção à porta.
Eu não podia ficar ali sozinha, eu nem se quer sabia o que estava acontecendo naquele lugar.
Novamente ouvíamos mais barulhos de vidros caindo ao chão, e o que me deixou com mais medo não foi apenas o barulho, eu conseguia ouvir gritos de criança... Gritos da Marie, e outros gritos de sua mãe.
- Você não é nem louco de me deixar aqui, né? - eu dizia com a respiração descontrolada de medo. Puxei o braço de Tyler o fazendo recuar para perto de mim novamente.
- Fique aqui! - Tyler disse olhando desesperado para a porta enquanto ouvia os gritos.
- Ty... - ele me interrompeu
- Hassel, por favor! - ele suspirou - Eu... Eu preciso ver o que está acontecendo!
Soltei seu braço para que ele pudesse ir. Ainda morrendo de medo do que possa estar ocorrendo na sala de jantar.
Eu estava ficando cada vez mais desesperada e curiosa com aquele barulho de vidros caindo ao chão e pessoas gritando. Tentei me controlar para não gritar junto com todos de tanta agonia que eu estava por estar ali sozinha.
De repente no meio da escuridão da casa inteira, na "porta" alguém vinha devagarzinho em minha direção e um alivio passou por mim. Tyler estaria voltando e eu talvez não precisasse me preocupar.
A casa estava totalmente escura, a sala de estar continha apenas um abajur que tinha uma péssima iluminação. A luz era muito fraca.
Quanto mais o abajur o iluminava com mais medo eu ficava. Não parecia Tyler, não era Tyler!
Não conseguia falar muito menos gritar por ajuda - e ajuda de quem? Se todos também estavam em perigo - Ele começou a dar passos largos, e eu me afastava a cada passo, até não ter mais para onde ir, eu já estava totalmente encolhida no sofá que estava deitada.
Ele parou ao lado do pequeno abajur, e Deus! Eu pensei que o que via, o que estava presenciando ali em minha frente, fosse mentira.
Sua boca estava cheia de sangue, no entanto sumia conforme ele a limpava, sua roupa também estava com sangue, mas ele não parecia ligar muito para isso.
Ele tinha duas enormes presas em sua boca, sedentas por sangue. Ele era pálido como um floco de neve, ou um pedaço de papel. Seus olhos estavam vermelhos.
Eu estava vendo um vampiro em minha frente, mas não! Não parecem ser os comuns, os que andam por ai sem motivo, sem estar procurando por um pescoço para furar.
Seu olhar era obscuro e maligno, ele não se importava com o que iriamos sentir.
"Diga-me só mais uma coisa, quais são os que ficam com olhos vermelhos?" Merlia tinha me feito essa pergunta na noite passada, mas eu a ignorei. Todos podem ficar com os olhos vermelhos, isso quando estão com raiva ou sedentos por sangue, e os Junders, bem... Eles vivem famintos.
Eu sabia o que estava vendo. O que me deixou com mais medo foi saber qual era! Eu estava presenciando um dos piores de todos, desde séculos passados.
Ele permanecia cada vez mais perto, enquanto eu não tinha mais para onde ir. Não sou louca de correr, ou morro já!
Tyler e os outros tinham razão, eles realmente existem e andam por ai procurando por apenas uma presa ou para fazê-la de prisioneira para poder beber mais sangue quando desejarem, ou mata-las. Eles são piores que qualquer tipo de animal selvagem.
Eu com toda certeza não estarei aqui para pedir perdão a eles, ou para contar pelo o que acabei de passar.

Quem me Salvaria [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora