Capítulo 2

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Capítulo 2

Não demorou muito pra o acidente da Carmem tomar ciência em âmbito nacional. Em todos os canais passava que seu carro havia caído de mais de 100m em direção ao mar. Seu corpo? Ainda estava desaparecido. No carro fora encontrado sua mala, bolsa, celular, tudo, menos ela. O vidro da frente estava quebrado, de uma forma que a polícia afirmava ser de fora para dentre, ou seja, foi durante o choque com a água.

Na capital, Paula estava aflita. Precisava de notícias dela, ela nem se despediu da amiga, seriam apenas alguns dias e havia telefone. Qualquer coisa ela poderia ver seus lindos cabelos loiros. Mais agora uma angústia se apossava de seu ser. Não era possível que Carmem morreria assim! Não era possível que ela a deixaria sozinha!

- Marcelo, eu não quero saber, pague o quanto for! Quero a melhor equipe de mergulho! Achem ela! - Paula gritava no telefone com Marcelo, ela reviraria o oceano, faria um acordo com Poseidon, Iemanja ou até com os dois juntos, mais ela teria sua cascacu de volta, ou ela não se chamava Paula Terrare.

A equipe de buscas era incansável, Gabriel ficou o tempo todo com Paula, eram os únicos realmente preocupados.

- Paula, vem, você precisa dormir! Eu fico aqui com você! - Nenem estava em seu apartamento, tentando acalma-la, mais apenas a sua presença irritava a morena. Não queria saber dele naquele momento.
- Eu já disse que não preciso de você, quero que vá embora Nenem! Me deixa aqui com o Gabriel, vamos ficar bem.
- Mais você não comeu nada ainda hoje…
- EU JÁ DISSE PRA VOCÊ SAIR DAQUI! QUE SACO NENEM, VAI EMBORA!
Ele levantou as mãos em sinal de rendição e saiu, de cabeça baixa, sem falar nada. A noiva estava nervosa, não valeria a pena brigar. Agora, porque Paula estaria tão nervosa? Ele nunca a vira daquela forma.

- Paula - Gabriel a chamava - Eu vou pra casa, tentar dormir um pouco. Qualquer coisa você me avisa? - ela fez que sim com a cabeça- Obrigada e tenta descansar também, minha mãe gostaria que você ficasse bem.
- Se ela quisesse o meu bem, não teria feito isso comigo! Nunca vou perdoa-la se….se…- as palavras simplesmente não saíam de sua boca. Ela não poderia imaginar um mundo sem a platinada. Se deixou levar pela emoção a primeira vez naquele dia, julgou que o único que a entenderia seria o rapaz, então chorou, por horas, um choro triste, de saudade. Saudades do que foi e daquilo que nem chegou a acontecer. Mais ela precisava ser forte, tinha que achar Carmem, não poderia se deixar levar pelas emoções, não ainda.

O dia amanheceu claro, mais dentro do coração da morena era pura tormenta. Mais um dia se iniciava e nenhuma notícia da loira. Ela não conseguira pregar os olhos um só minuto. As longas horas em que ficou sozinha, ela olhava fotos e vídeos da amiga, as lágrimas corriam, o medo tomava conta…ela não aguentava mais esperar.

Assim que o sol raiou, se arrumou e foi se juntar ao grupo de busca. Lógico que não deixaram ela mergulhar, mais ninguém a impediu de entrar no barco.

- Paula, eles falaram que você está aí a horas. Precisa parar um pouco, comer algo, descansar. - Marcelo falava com a amiga com todo carinho que poderia ter.
- Não adianta Marcelo, eu só saio daqui quando eles também forem embora. Eu preciso achar ela! Eu…eu não sei viver sem aquela cascacu!
- Então me promete que vai comer alguma coisa? Por favor.
- Eu vou tentar…- desligaram a ligação.

Estavam agora em outra parte da praia, mergulhavam sempre em dupla por 1h e assim ia revezando. Em vários momentos o capitão da embarcação tentou fazer a morena comer e descansar, o que foi sumariamente ignorado.

Um semana completa se passou e nenhum sinal de Carmem. Todos já estavam dando a empresária como morta, menos Paula! Ela se recusava a acreditar nisso. O corpo de bombeiros não mais a procurava, a equipe contratada pela morena, só continuavam por causa dela.

Cada dia Paula sentia como anos. Ela não conseguia dormir direito, não conseguia comer, poucas pessoas ela atendia, com muito custo.

- Paula meu amor, você precisa reagir! - Nenem tentava conversar com a noiva.
- Eu ainda não sei porque você continua vindo aqui.
- Porque eu sou seu noivo, vamos nos casar e nos amamos.
- Para com isso Nenem, você não me ama e eu muito menos amo você. Isso está mais que claro!
- Lógico que eu te amo!
- Que seja….o fato é que EU não te amo. Pronto! - retirou a aliança do seu dedo, a entregando ao jogador - Resolvido. Vai e viva sua vida, encontre alguém que te ame realmente!

Deixando o craque sozinho na sala, sem entender oque havia acontecido ali, Paula foi para o seu quarto. O único lugar em que ela poderia sentir sua dor sem ninguém a encarando ou falando que ela precisava reagir. Ninguém entendi o quanto estava doendo a ausência da platinada, nem ela saberia explicar.

P.S Eu te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora