Capitulo 9

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Mais um mês se passou e nenhum presente, nenhum telefone, nem sinal do detetive Paula teve. Estava começando a se convencer que a tal loira misteriosa realmente não era Carmem, já que não houve mais nenhuma pista.

Era sábado e a morena se arrumava para passar o dia com Flávia na mansão dos Monteiro Bragança. Mesmo tendo visto a neta no dia anterior, a saudade estava demais. Ela havia se apegado tanto a neta que ela era seu refúgio mais seguro.

Seu sorriso com um único dente ainda era o melhor remédio que ela poderia ter e naquele dia era o que mais precisava.

- Vamos dona Paula, quando chegarmos lá a Paulinha já vai estar formando na faculdade! - Ingrid falava com a mãe que demorava muito pra se arrumar.
- Já vai garota! - Paula revirava os olhos. Paciência era uma coisa que a morena já não tinha, mais naquele dia ela estava pior ainda, mais se prometeu segurar a fúria interior. Terminou de arrumar os cabelos, se olhou no espelho para a última conferida. Estava com uma calça apertada na cor azul royal, uma blusa de seda branca de botões, os dois primeiros deixou aberto, por cima um blaser na mesma cor da saia e nos pés um belo sapato de salto. Logicamente suas muitas pulseiras, anéis e cordões não ficaram de fora. Deu um sorriso fraco para seu reflexo… - Pronto, podemos ir. - disse à filha saindo do quarto.
- Aleluia! - bufou e foi atrás da mãe.

Tuninha dessa vez não iria, estava num passeio romântico por Petrópolis com o namorado, o que Paula estranhou muito.

O trajeto até a casa da filha mais velha foi tranquilo. Por incrivel que pareça, não teve trânsito.

- Olha quem chegou meu amorzinho! - Flávia falava com a pequena Paulinha no colo indo ao encontro da mãe. Na mesma hora a pequena esticou os bracinhos e balbuciou algo na língua de bebês para a avó que logo a pegou no colo e lhe encheu o pequeno rostinho de beijos.
- Minha princesa, que saudades de você! - depois de muitos beijos na neta, Paula abraça a filha e deposita um beijo em sua testa. Aquele já havia virado um hábito entre elas.

O dia passou tranquilo. Paulinha já começava a dar seus primeiros passinhos, com ajuda é claro, mas não deixava de ser comemorado.

No fim da tarde mãe e filha se despediram e voltaram pra casa. Assim que chegaram Paula foi abordada pelo porteiro.

- Dona Paula, boa tarde. Trouxeram hoje cedo um envelope para a senhora. - o senhor lhe entregou o papel que não havia nada além de seu nome escrito pelo lado de fora.

A morena não tinha certeza se deveria ou não pega-lo. Sentiu seu coração bater mais forte, sua mão suava e tremia. Tinha medo de abrir o envelope e se deparar com mais alguma coisa que pudesse lhe dar uma esperança momentânea e logo depois a vida vir com aquele já velho conhecido balde de água fria.

Olhou assustada pra a filha, como se estivesse pedindo ajuda pra decidir. Como se entendesse, Ingrid à respondeu - Pega logo a carta mãe! Só vamos saber o que é se você pegar! - a mais velha continuava imóvel. Não tinha coragem. Mais uma vez elas se olharam. - Tudo bem…- pegou o envelope - Vai estar comigo e quando você estiver pronta, podemos ler juntas. Estou com você mãe! - segurou sua mão, tentando lhe passar confiança e amor pelo pequeno toque.

- Obrigada! - foi tudo que a morena conseguiu falar.

As duas subiram para o apartamento em completo silêncio. Ingrid sabia que a mãe estava melhor, mais ainda era muito frágil com qualquer coisa que tivesse relação com Carmem.

- Vou fazer um chocolate quente pra mim, você quer? - a mais nova pergunta a mãe.
- Sim por favor. - seu olhar ainda era perdido.

No caminho para a cozinha, Ingrid deixou o pequeno envelope na mesa de jantar. Paula se sentou na mesa e não conseguia tirar os olhos do papel a sua frente.

Não demorou muito e Ingrid já estava de volta com as duas canecas. Colocou uma na frente da mãe, puxou a cadeira e se sentou do seu lado. Permaneceram ali por um tempo, sem falar nada. Apenas observando o papel e bebendo o líquido quente.

- Você acha que eu deva ler isso? - a mais velha perguntava.
- Só quando você estiver pronta. O que pode ser hoje, amanhã ou nunca.

A mais velha se levantou e foi em direção ao quarto. Ia tomar um longo banho de banheira e pensar, precisava desse tempo antes de tomar qualquer decisão.

Ingrid também foi para seu quarto e ligou na mesma hora para a irmã explicando o que as esperavam quando chegaram em casa.

- Ingrid, vocês perguntaram quem deixou o envelope?
- Não, por que?
- Vocês não pensam? Se não tem remetente nem destinatário, alguém deixou isso em mãos! - bufou - Pelo amor de Deus, eu sou a única que pensa aqui? - houve silêncio por um tempo - Gui vai ficar com a Paulinha, em 20 min eu chego ai.

Dito e feito, em exatos 20 min a mais velha de Paula estava na frente do porteiro fazendo um grande interrogatório.

- Como o senhor não viu? - andava de um lado para o outro.
- Desculpe dona Flávia, mais eu precisei ir ao banheiro, fiquei longe da portaria por 5min e quando voltei o envelope estava aqui em cima do balcão. - o homem falava a verdade. - Por favor, não conte a síndica, ela está doida atrás de um motivo pra me dispensar. - o senhor quase implorava.
- Não se preocupe com isso, todos precisam ir ao banheiro, a culpa não é do senhor. - passou as mãos pelos cabelos - Desculpa…é que eu tô preocupada com a minha mãe…- deu um sorriso amarelo e finalmente subiu para o aportamento da mãe.
- E ai, descobriu algo?
- Nada, ele foi no banheiro bem na hora. A mamãe poderia pedir as gravações mais isso iria prejudicar ele…

O papo entre as irmãs foi cortado por uma Paula de pijamas chegando na sala. Foi em direção à mesa de jantar, pegou a carta e se sentou no meio das filhas no sofá.

As irmãs se olharam e naquele momento sabiam que precisavam ser fortes, mais uma vez pela mãe.

- Tudo bem mãe, estamos aqui com você. - Flávia segurou uma das mãos da mãe enquanto a irmã mais nova fazia carinho em suas costas.

A morena então foi abrindo o envelope, dentro havia uma pequena carta. Seus olhos logo encheram de lágrimas e começou a ler o conteúdo em voz alta.

Mein schatz,
Pensei muito se deveria te escrever, mais não consigo saber que está sofrendo por minha causa e continuar calada.
Acredite, essa nunca foi a minha intenção.
Sumir e te deixar foi a coisa mais difícil que fiz na vida, mas quem ama de verdade abre mão da sua própria felicidade em prol do ser amado.
E foi isso que fiz. Te amei desde o momento em que te conheci, hoje sei disso.
Te ver com ele me fez sofrer muito, principalmente por saber que eu não era a razão da sua felicidade.
Por isso parti, para você ter a possibilidade de ser feliz com aquele que ama.
Agora você está ai, chorando por mim e me desculpe mais uma vez por isso.
Os presentes eram para te fazer bem, não ao contrário….não sei se os mandarei mais…
Eu tô bem, um dia, quando eu souber que é a hora, que eu consigo te ver com ele, eu volto.
Antes que eu esqueça, está fazendo um brilhante trabalha com a nossa empresa.
Eu amo você!
Cascacu

P.S Eu te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora