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ATENÇÃO!!
Para uma melhor experiência visual gostaria que os meus leitores usassem o seu Wattpad no modo escuro.
É isso, boa leitura. ^^
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O Sal parece um pouco incomodado. Acho que a ideia de eu o ter visto sem a máscara prostética o deixa desconfortável.
-Sal, sabe.. eu não vi nada, eu vi sua máscara do lado.. Bom, já esperava que você não ficasse muito confortável com alguém te vendo sem ela, não precisa ficar incomodado. - o Sally me ouve atentamente.
-Tudo bem, é legal da sua parte respeitar isso. Normalmente as pessoas ficam bastante curiosas sobre isso, e eu até entendo mas.. Mesmo assim, não se preocupe, é que eu ainda estou com sono- ele diz desviando o olhar, e depois abrindo um sorriso sem graça.
-Sabe, eu te entendo. Na verdade eu também não gostava quando a minha mãe tinha de cuidar de uma cicatriz que eu tenho nas costas. Muito menos quando me acordava com convidados inesperados em casa. - Eu solto uma risada baixa no fim, Johnson escutava atentamente, a atmosfera estava um pouco tensa.
Ainda de olhos fechados, sentado no colchão de Larry, por baixo de alguns cobertores, Sally ainda tenta acordar completamente.

-A gente pensou que você só viria mais tarde. - Johnson comentou.
-É que, eu não consigo dormir depois de ter um pesadelo. E também não queria deixar vocês esperando. Vocês já tomaram o café da manhã? - Eu pergunto. Queria oferecer algo já que os tinha acordado, odeio quando me acordam, por isso acredito fortemente que eles também não gostam.
-Hm hm. - Sally resmunga em negação.
-Se vocês quiserem eu posso fazer algo.. - Larry tenta não abrir um sorriso, mesmo assim, parece interessado.
-Mi casa es tu casa. - ele diz abrindo um sorriso infantil, aqueles que escapam quando os nossos pais nos vêm buscar à escola depois de dizermos que estamos com dores de cabeça, ou algo do género - mesmo não estando. - Ou aqueles que abrimos especialmente depois de eles concordarem em nos levar para tomar um sorvete.

O moreno me leva até à cozinha já que Sal ainda não está em condições.
Ele me mostra o local exato de algumas coisas e depois senta-se assistindo.
-Vai deixar o seu melhor amigo sozinho? Ele não vai questionar isso? - eu pergunto zoando.
-Talvez, mas estou demasiado entretido agora. - ele explica.
-Como assim? - eu o questiono com um sorriso bobo.
-Bom, não pensei que você fosse do tipo que cozinhasse. Cara, estou surpreso, por isso, só em caso de você botar fogo na minha cozinha, eu vou ficar observando. - ele ri.
Que.audácia.
-Hm? - digo como se estivesse ofendida. - E eu pareço do tipo que..? - eu perlongo bastante a minha pergunta para que ele possa responder.
-A minha impressão de você era outra, só isso. - ele ri, zoando completamente a minha cara.
-Desculpa? Agora eu quero saber. - eu digo meio séria, meio zoando, o olhando nos olhos.

-Ah, tudo menos isso.. - ele sussurra.
-Larry Johnson, explica isso em português. - eu digo com um tom irônico enquanto deixo os ingredientes em ordem.
Ele limpa a garganta.
-Mudando de assunto. - não consigo não deixar escapar uma gargalhada. Lembro dos tempos em que eu fazia a mesma coisa quando me faziam perguntas do tipo "e a escola?" "e os namorados?". Tenho uma relação de amor e ódio com o sentimento de nostalgia. É bom senti-lo, mas com ele vem a saudade..
Penso no que fazer para os garotos. Algo bom, mas não exagerado, para não pensarem que estou me esforçando de mais. Bom o suficiente para me pedirem mais tarde e eu negar.
Fiz crepes com chocolate e fruta enquanto Larry e eu conversávamos.
Apesar de ter comido um pão com tomate que estava na geladeira como café da manhã, decidi comer os crepes na companhia dos meus novos amigos.

Tem sabido bem ter alguém. Acho que nunca me tinha apercebido que estava a viver sozinha. Meses sem risadas e conversas, sem ler nada para ninguém, sem dizer algo arriscado de vez em quando.
Sem sentir felicidade, adrenalina, nervosismo.
Só agora que tenho alguma companhia é que me pergunto como vivi tanto tempo sem ela.
Mesmo que.. mesmo que talvez um pedacinho de mim tenha como dia perfeito aquele em que estou lendo, dormindo, ou apenas na companhia de mim mesma.
Quando Sally chega para comer já parece mais lúcido.
-Bom dia. - ele diz.
-Bom dia carinha - (isto é uma nota da autora, apenas para não ser mal interpretada😓. O Larry chama o Sal de carinha, diminutivo de cara, no jogo. Por isso, apesar de soar meio cringe, é canon, e apenas o que temos🫶🏻.)
Ele se senta na mesa para comer.
-A Maeve cozinhou isso? - Sally diz olhando a comida.
-O quê, não me diga que também não achava que eu fosse "do tipo que cozinha" - eu digo olhando para Larry que ri logo que ouve.
-Não, é que parece muito bom. - Sal diz confuso coçando a testa.

Eu me pergunto como ele come..
-Sal, como você vai comer? - eu pergunto realmente interessada.
Estava disposta a deixar a cozinha para que o azulado não se sentisse desconfortável..
Fiquei realmente preocupada com o que aconteceu de manhã..
-Não se preocupe, eu faço assim, eu só tenho de soltar as fitas inferiores e assim a máscara fica solta, mas não completamente. - ele fala e demonstra. O som das fitas se soltando é estranho, até parece doloroso, mas eu não comento nada.
Comer daquela maneira parecia desconfortável e cansativo...
-O que vamos fazer? - eu pergunto curiosa. Os meus pais não estavam em casa, como sempre. Não sei onde foram, mas ficar em casa depois daquele pesadelo parece um pouco impossível.
-O que você quer fazer? - Larry pergunta enquanto remexe nos pedaços de fruta que ainda restam no seu prato.
Penso um pouco... Eu sei lá?
-O que vocês quiserem fazer eu também quero fazer. - eu acabo por dizer, sou demasiado indecisa.

-Podíamos ir ao Wendigo Lake. - Sal dá uma sugestão.
-De manhã? Não me parece.. - Larry responde num tom aborrecido.
-Escolhe você então. - o azulado disse se deitando no sofá.
-Miller? - Johnson diz.
-Johnson? - eu o imito.
-Não quer dar ideias? - ele pergunta esperançoso.
-... - penso um pouco. - Eu não sei.. - digo enquanto olho nos olhos de Larry.
Reparei que Sally não tinha feito as suas Maria Chiquinhas.
-Sally. - eu chamo o garoto que levanta a sua cabeça rapidamente, na minha direção.
-Sim..? - ele pergunta meio confuso.
-Posso pentear o seu cabelo? - eu digo abrindo um sorriso.
O sorriso que sempre convencia os meus pais a fazerem as mais loucas coisas.
Espero que funcione com ele também.

-É..hm. Eu acho que sim. - ele diz meio envergonhado.
Ele ficava fofo assim, o que me despertou uma certa inveja até porque quando eu estou envergonhada ajo de uma maneira estranha.
Eu gesticulo para Sal onde ele se deve sentar.
-Me empresta uma escova? - eu peço gentilmente a Larry, que por algum motivo tem uma expressão de poucos amigos na cara.
-Uhum... - ele diz e vai rapidamente ao banheiro, voltando segundos depois com uma escova de madeira na mão.
Penteio o cabelo macio e azul do Sally face.
Olho uma vez e outra para o moreno, que está muito concentrado nas minhas mãos.
Mas continua com a expressão indecifrável..
-Está com algum problema Johnson? - eu pergunto meio confusa.
-Não, porquê? - ele diz, também confuso.
-Você está fazendo uma cara estranha. - eu digo sem rodeios.
-Sério? Hm.. - ele suspira.

Acabo de fazer o penteado no Sal, que me agradece muito depois de ver o resultado.
Sem nada para fazer decidimos passear um pouco por Nockfell.

-Não aguento mais.. - eu lamurio-me baixo.
-Nós nem andámos tanto assim, Miller. - Larry diz.
-Quer fazer uma pausa? - Sally propõe.
Eu nego.
Vá lá, não vamos parar por minha culpa!!
-Tem certeza? - Johnson diz.
-Absoluta. - eu respondo tentando não pensar na dor que sinto nos meus pés e pernas.
E então o garoto apenas para na minha frente.
-O que foi? - eu devo ter feito uma feição engraçada pois Larry e Sally soltaram uma risada.
-Sobe aí. - Larry diz enquanto Sal compõe o cadarço da sua sapatilha All Stars.
-Tá. - eu digo fazendo impulso para subir em suas costas.

...
Eu não acredito nisso.
Ele.
Ele caiu.
-Eu não sou pesada. - eu digo séria.
-Mas partiu as minhas costas. - o moreno choraminga no meu ouvido. - não consigo andar, vamos parar um pouco.
-Calma. - eu digo me preparando mentalmente para o que vou sugerir a seguir. - Sobe aí.
Sally, que esteve rindo - porém também esteve muito preocupado com as costas do seu melhor amigo. - por mais ou menos 5 minutos, ficou chocado. Mesmo com uma máscara cobrindo a sua cara por completo, a surpresa era perceptível.
Larry ri.
-Vai se magoar para quê? - ele diz dando umas palmadinhas nas minhas costas.
-Anda lá, eu consigo, eu juro. - eu tento o convencer.
A verdade é que eu não sabia se conseguia, mas tudo bem, porque eu queria tentar.
Estava me divertindo depois de tanto tempo. Sentia que podia fazer tudo.
-Tá.. se prepara.

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© plot by Moon | 2022

More regrets and cigarettes - Larry JohnsonOnde histórias criam vida. Descubra agora