O mundo deles
- Aí , Shin , vamos na pracinha?! Vai , Vem brincar comigo! - pedi,muito animada.
- Não,agora não, Kiyoko. Eu pretendia estudar hoje- sorriu sem jeito.
- Ah, qual é Shin! Você só estuda,vamos por favor, o dia tá lindo! - insisti, sabendo que não resistiria. A aparência de Shin descrevia perfeitamente sua personalidade, e desde novo ele carregava um semblante muito sério e responsável. Tinha cabelos negros como carvão incrivelmente contrastados por sua pele branca como a neve... Ele era o típico Nerd frio com um grande coração envergonhado!
- Tá bom Kiyoko, eu vou com você!- respondeu mais empolgado por dentro do que por fora.
- Isso, vamos lá!- comemorei o puxando pelo braço.
- Pera aí Kiyoko, eu vou chamar minha irmã Sayu para brincar com a gente! Ela é pequena mas sabe brincar, vai ser divertido!
- Isso! Chame a Sayu! - balancei a cabeça com um sorriso enquanto retirava meus pequenos cachos alaranjados dos olhos.
***Me chamo Kiyoko Kimi, e meus pais se chamavam Jason Kimi e Sandra Hari. Eu vivo sozinha aqui no orfanato de São Pedro a alguns anos desde que meus pais desapareceram, mas não se engane, isso não é nada incomum por aqui. Acontece que aqui o índice de desaparecimento de pessoas é constante todos os anos por algum motivo do qual "desconhecemos", porquê somos todos proibidos de cruzarmos o limite da cidade já que o resto do mundo foi completamente tomado pelos "pálidos" e seja lá o que for mais que tem por lá, e somente dentro do limite é seguro. Atualmente a resposta pra qualquer desaparecimento tem como suspeita essas criaturas que permanecem um mistério pra nós, porquê quem os viu de perto não ficou pra contar como eram. Dizem que eles nos matam, devoram, e tem até quem diga que eles capturam as pessoas e as levam para um lugar que ninguém sabe o que é,ou onde é.
Assim que meus pais sumiram provavelmente por conta dos pálidos, eu fui levada para um orfanato bem perto das margens da cidade aos meus 14 anos. Longe de Shin, Sayu e sem meus pais, ficaria naquele maldito orfanato sozinha. Pelo menos era o que acreditava devido ao contato ser bem restrito, e a má fama das crianças do orfanato que acabavam dificultando ainda mais as possibilidades de uma interação vinda de fora, mas apesar de tudo, Shin e Sayu sempre procuraram momentos para falar comigo escondidos por mais difícil que fosse. O esforço deles manteve tanto nossa amizade quanto a mim viva psicologicamente e espiritualmente durante três longos e dolorosos anos.
***
- Kiyoko - Shin
Ouvi meu nome? - pensava em meu quarto.
- Kiyoko, aqui! - sussurrava Shin, em frente a janela.
- Shin,Sayu,olá !
- Olá Kiyoko!- Gritou Sayu, segurando um grande coelho- olha o que meu pai me deu! - mostrando o seu pet.
- Que fofinhooo! - disse.
- Estávamos com saudades, Kiyoko! - disse Sayu,com um olhar sorridente.
- Também estou com saudades gente, mas aqui é muito perto das margens da cidade, é perigoso.
- Ah, Deixa disso Kiyoko! - pediu Sayu.
-Kiyoko, é meu aniversário!- afirmava Shin,sorridente e muito feliz.
- O quê?! Como esqueci! É verdade, agora você tem 17 anos! Parabéns Shin!
- Kiyoko, fala baixo, os inspetores podem ouvir- pediu Shin.
- Ah, perdão, perdão - disse rindo, porém sussurrando.
-Eu disse a meus pais que queria comer um bolo, eles compraram e eu trouxe um pedaço bem grande escondido pra você! - Shin estendendo a mão pela janela.
- Bolo! Não como bolo a tanto tempo haha, Shin! Valeu cara!- agradeci muito alegre.
Passos foram ouvidos, e Shin assustado não sabia onde se esconder.
- Se esconde Shin! - sussurrei.
- Tarde de mais! Não adianta tentarem se esconder!
- Ahhhhh ! - gritamos todos, assustados. Era a mãe de Shin...
- Eu tinha certeza que você vinha vê-la -Disse Seleene, mãe de Shin , com um olhar furioso e olhos estalados.
- Mãe?! Por quê tá aqui?!- Shin.
- Shin, você sabe que aqui é muito perigoso pra você e sua irmã, ainda mais quando sai sem ao menos eu saber! E se algo acontecesse?! Como eu te protegeria?! Você sabe que tem responsabilidades garoto!
- Mãe, tá tudo bem! Não precisa gritar... O mano toma conta de mim!
- Não Sayu! Não está tudo bem! E Shin, você sabe que ter contato com qualquer um de dentro do orfanato é proibido! Então não deveria nem estar aqui pra começo de conversa! - Com os gritos de Seleene, o coelho de Sayu se assustou com a gritaria e começou a se debater, arranhando-a com suas grandes e fortes unhas.
- Oops! Ahhh!- exclamou ao deixa-lo se soltar- Coelhão, volta! O coelho corria sem parar, e Sayu o perseguia loucamente sem perceber que estava ultrapassando o limite da cidade.
- Sayu, volte aqui! - exclamava Seleene, enquanto corria em sua direção - Tá vendo! Fique ai, Shin! -Sayu continuou correndo atrás do coelho, olhando apenas para baixo na direção do animal, não vê pra onde está indo, e quando percebe bate de corpo todo em algo macio e redondo.
- Aí, minha cabeça- chacoalha suas tranças. Começa a abrir os olhos lentamente e com a visão turva vê o torso de um homem alto usando uma calça vermelha e casaco azul.
Antes que pudesse erguer sua cabeça de encontro com a do homem, ele estendeu sua enorme mão cinzenta na direção de Sayu, cobrindo toda a visão da garotinha,que desesperada, logo começou a gritar. Seu extenso grito percorreu quilômetros, podendo ser ouvido por todo o orfanato. Seleene corria e gritava por Sayu, até que seus gritos assustadoramente cessaram, devolvendo assim o silêncio sombrio da mata.
-Shin?! Você tá bem?!- perguntei.
- Ninguém nunca volta, nunca! - gritou estirado no chão, agarrando seus joelhos em posição fetal, quase infartando de ansiedade e se afogando em suas próprias lágrimas.
Me desesperei, então sem me importar com mais nada, gritei por ajuda para os inspetores e cuidadores do orfanato, até que apareceram e carregaram Shin, já desacordado para dentro do Orfanato. Chamaram por médicos e em 10 minutos o levaram com vida para o hospital, diagnosticado com uma convulsão quase mortal. Nesse dia, Nem Sayu e nem Seleene retornaram pra cidade. Assim, deram o pior presente de aniversário possível para Shin. Acredito que seja por causa desse acontecimento, somado com a perda de meus pais que eu, garanti a mim mesma a certeza totalmente irracional do que queria fazer:
Explorar o mundo lá fora e encontrar Seleene e Sayu.
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O mundo deles
Mystery / ThrillerKiyoko, vive em uma cidade da qual é a única que ainda existe, pois o resto do mundo foi tomado pelos " pálidos". Em sua cidade o índice de desaparecimentos de pessoas de todas as idades é enorme e constante todos anos, e ninguém sabe explicar o po...