- De fato impressionante. Você conseguiu chegar muito longe sem nenhum auxílio... Tenho uma missão especial hoje também.
- Oque quer dizer?
- Digamos que... Eu não estava blefando quando disse que somos mais parecidos do que parecemos, Doutor Kim. Amanhã pela manhã o garoto terá um incentivo pra odiar os Conscientes.
- Qual o propósito de Hikari para isso?
- Logo vamos descobrir... Com licença - deu meia volta, subiu o elevador três níveis acima, assim chegando em seu laboratório. - Já é meia noite... - foi até um grande freezer, agarrou um frasco com pequenos besouros, abriu o pote, encheu sua mão com os insetos e os devorou em uma só bocada. - Até amanhã, Shin...
***
Ansioso e incapaz de dormir com a dor e a frustração psicológica, Shin se vê estático por horas seguidas. Com o coração palpitando freneticamente, olhos beirando o choro que volte e meia escapa, e pensamentos dolorosos intercalados com suas dúvidas mais lógicas.Que horas seriam? Isso nem importa.
Deveria ser tão difícil assim pensar em como seguir?
Vingança? É isso que Shin busca?
Justiça? Redenção?
Ainda existe o porquê de lutar depois de perder a todos?Questões que seguem reprisando a inútil tentativa de resolução... Mas que no entanto, não são tão ruins comparadas com os horríveis pesadelos ao dormir.
- Refugiados... - Aquela mulher de cabelos vermelhos lhe causava tanta raiva... Lembrar do momento de alegria ao chamar Kiyoko pra ver sua suposta irmãzinha Sayu que havia aparecido magicamente, e então ser surpreendido por aquela psicopata eminente e monstruosa que parecia sentir prazer com a dor, fazendo Shin desejar sua cabeça no chão muito mais do que desejava seu próprio fim. Mas, algo que lhe arrancava lágrimas em meio a tanto ódio era se culpar por ter chamado Kiyoko para a armadilha e ter sido pego tão facilmente. - Será que... S-será... - Será que se eu não tivesse sido tão ingênuo e fraco, Kiyoko ainda estaria viva?
Não...
É inútil se torturar com isso, apesar de ser quase impossível de evitar...
A pergunta realmente lógica a se fazer é: Oque exatamente são esses ideias que seu pai protege? Oque é essa "última linha de defesa da humanidade?"Não adianta tentar responder várias perguntas ao mesmo tempo...
Independente do que deduzir sozinho, só seu pai pode lhe contar tudo. Seu pai na verdade é só o que ele ainda tem... É sua única família... Seu único apoio.
Mesmo refletindo por horas, sempre chegava às mesmas conclusões...
Não há como saber tudo sozinho, e nem como ficar sem respostas.Dormir não é uma opção... E ficar preso a esse quarto é uma tortura...
Cansado desse ciclo, Shin resolve levantar da maca em que se encontra. Seu peito arde e levando sua mão até o mesmo, ele percebe uma espécie de cicatriz. Continua a levantar, acende a luz, e sentindo-se meio tonto e com fome, retorna e senta na cama. Olha a sua frente e percebe uma grande estante de livros, cada um marcando uma letra que indicava a inicial de seu título. Percebe prateleiras com trancas que aparentemente guardam remédios, algumas escrivaninhas e uma pequena mesa com uma chave, uma caneta e alguns papéis em branco. Acalmando-se e retomando o equilíbrio, Shin então se levanta novamente, pega a chave e em passos lentos vai até a porta. Ele encaixa a chave enquanto se escora sob a mesma, e com dificuldade e a visão escurecida gira duas vezes a chave e ao abrir a porta perde o equilíbrio e acaba caindo pra frente. Sente um tecido aquecido e abrindo lentamente os olhos percebe que seu pai lhe segurou bem a tempo.
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O mundo deles
Mystery / ThrillerKiyoko, vive em uma cidade da qual é a única que ainda existe, pois o resto do mundo foi tomado pelos " pálidos". Em sua cidade o índice de desaparecimentos de pessoas de todas as idades é enorme e constante todos anos, e ninguém sabe explicar o po...