- Por quê? Porque uma foto do meu pai?!- exclama Shin, com o corpo trêmulo.- Não tava entendendo nada antes... Agora só entendo menos... - disse, travada pelo medo.
- A-acha que eu devia tentar falar com meu pai ? E-ele deve ter uma b-boa explicação, né ?!
- Shin... - Tomada pela aflição fitava uma folha de papel em minhas mãos com os olhos vidrados em seu conteúdo. - Acho que seu pai não é confiável....
- O que houve ? Como assim?! - pegou a folha de minhas mãos, e então leu seu texto e visualizou o desenho de um mapa. - Meu pai sabe disso?! Porquê manteria segredo esse tempo todo? Escondeu da cidade toda?! - Olhou em meus olhos - Kiyoko, precisamos ir até esse lugar, temos que ir até.... Essa cidade desconhecida.
Uma outra cidade ?! Nosso mundo tem mais coisas ? Como o pai de Shin teve acesso a isso? Com certeza ele deve saber muito. Deve ter muitos motivos pra esconder isso de todos nós, mas será que são justificaveis? Será que isso é justo?
Talvez seja precipitada a decisão de explorar uma nova região, mas nós viemos aqui pra isso! Além dos mais, são só uns poucos quilômetros. Eu espero que se encontrarmos pessoas, não sejam hostis com a gente.
***
Pela manhã, já estávamos com quase tudo preparado para a nova viagem. Shin parecia mais calmo, contudo não dormimos direito essa noite, difícil com cenas de suicidio ao nosso lado.
- Tem certeza disso? - perguntei a Shin , enquanto pusera tudo que temos em nossas mochilas.
- O plano é: morrer tentando, né? - coçava o braço - Não tem como ser mais pronto que isso. E você... tá pronta, Kiyoko?
- Não sei, mas tô ansiosa pra descobrir.
- Digo o mesmo... Então é isso. Vamos seguir o que diz o mapa.
Saímos do abrigo lentamente e abastecemos nossas garrafas no riacho, seguimos em direção ao rochedo mais próximo para chegar no topo e olhar ao redor. Era escorregadio devido a umidade do córrego , mas subimos e de lá pudemos ver mais além na floresta. Conseguimos até avistar as ruínas de uma praça perto do abrigo.
Destino definido, agora é só atravessar a floresta. Apesar de assustador, a umidade da floresta juntamente com os raios do sol penetrando entre as árvores era muito agradável, nem parecia que podíamos ser atacados a qualquer momento.
Avistamos três pálidos a distância, mas como tinhamos conhecimento sobre sua falta de visão e irracionalidade, nós os evitamos quase que facilmente.
Logo a floresta ficou mais aberta, tão aberta que se um pálido aparecesse não haveria como se esconder dele. Com medo, apuramos nossos passos o máximo que pudemos. O clima começou a gelar e de repente o sol foi coberto por densas nuvens. Em pouco tempo começou a garoar, mas mesmo com o clima frio nosso calor corporal não baixava devido a ansiedade e esforço físico.
Olhei para trás e avistei diversas silhuetas quase que invisíveis ocultadas pelas gotas de chuva. Alertei a Shin, e então passamos a correr para nos afastar o máximo possível deles antes que fosse tarde. De longe avistamos uma outra silhueta a nossa frente, mas dessa vez nós fomos percebidos. fizemos um desvio em nossa rota, mas sempre tentando manter a direção. Ouvíamos os grunhidos do pálido atrás de nós, mas com a distância que ganhamos ele já não nos via muito bem então nos escondemos entre algumas árvores e rochas e esperamos ele ir pra longe. Levou alguns minutos e a criatura desapareceu por completo.
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O mundo deles
Mystery / ThrillerKiyoko, vive em uma cidade da qual é a única que ainda existe, pois o resto do mundo foi tomado pelos " pálidos". Em sua cidade o índice de desaparecimentos de pessoas de todas as idades é enorme e constante todos anos, e ninguém sabe explicar o po...