cap: 05 - Como morrer antes da morte?

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Como aquela garota desapareceu? Essa pergunta martelava em minha mente,mas não importa o quanto pensasse sobre, não conseguia falar com Shin, sobre isso... Por quê?!

            -Kiyoko, isso aí é uma chave ? onde será que encaixa ?

          - Eu não sei... - respondi tentando encontrar a resposta de onde usá-la.

Observando mais ao redor da sala,nota-se uma porta de metal ao lado do armário que a garota havia desaparecido, mas resolvemos explorar bem a sala antes de seguir por ela. Examinamos algumas caixas que haviam no chão, e não encontramos nada de mais nelas , só mais alguns talheres sujos e outros até mofados.

Finalmente então, resolvemos ver o que tinha além da porta inexplorada. Dessa vez, Shin foi na frente empunhando seu facão, e abriu a porta com muita cautela. Era possível ver um corredor escuro e bem pequeno, com uma curva no fim. Acendemos a luz, e seguindo chegamos até outra porta. Lentamente a abrimos com receio de encontrar algum ser, mas não havia ninguém na recém descoberta sala. 

Essa era uma sala bem diferente das anteriores: havia um enorme elevador a nossa frente, com um 'F' bem grande e dourado no meio da porta, e também uma enorme fechadura obviamente trancada. Ao lado do elevador havia um grande cofre de metal fechado do qual era necessário uma senha de 6 números para ser desbloqueado. Era possível visualizar uma escrivaninha de madeira com pequenas caixas e pranchetas contendo algumas anotações escritas a mão e também impressas.

Passamos a examinar o conteúdo dos papéis, e encontramos diversas fotos estranhas que não faziam o menor sentido, como: Um deserto contendo um povo só de habitantes  negros, e, várias fotos de pessoas dentro de enormes caixas de metal com rodas e janelas, caixas essas que chamavam de " carros". E também haviam diversos papéis com informações em outras linguagens das quais eu não conhecia.

Mas em especial, um papel me chamou atenção...

Uma imagem do orfanato São Pedro, em que fiquei abrigada por três anos, contendo a legenda:

                         PROJETO N° 8

O que isso quer dizer?! Não tô entendendo nada!

         Revistamos as gavetas superiores da escrivaninha e encontramos papéis em branco,canetas, lapiseiras,grafites, cadernos, lápis e borrachas espalhadas juntamente com diversas fotos de nossa cidade, e uma imagem completamente bizarra de um cérebro humano sob uma mesa.

***

Estávamos retornando para o primeiro corredor do banker, e quando chegamos consegui ver de relance pelo vidro da porta a garota misteriosa que havia desaparecido no armário ao lado da cama que contém um corpo na sala trancada. Por um segundo desviei o olhar, e quando o retornei a garota já havia sumido. Foi aí que me brilhou uma ideia que me causou um arrepio e frio na barriga:

     E se a chave do Scooby-do abrir essa porta?

      Isso tiraria completamente nossa dúvida sobre ser ou não Seleene naquele quarto. Por outro lado, poderia abalar ainda mais o lado psicológico de Shin, caso a suspeita se confirmasse...

       Testamos a chave e não deu outra, a porta se destrancou. Diferente do que pensavamos não havia cheiro de podre nem nada do tipo. O cadáver estava quase mumificado e era visivelmente masculino devido suas roupas e enorme barba, ou seja, não há chances de ser Seleene. Shin, respirava aliviado, mas mesmo assim parecia levemente ansioso, não é de se estranhar, estamos diante de um cadáver, também sinto ansiedade.

Agarrei o caderno que estava sob o corpo, e então o puxei para mim. As mãos do homem pareciam puxar para si o livro, pois mesmo com força eu não conseguia retira-lo. Em alguns momentos senti como se estivesse vivo, e com um arrepio quase exitei em pegar o caderno, mas ainda que alguns de seus dedos tenham vindos presos ao caderno,eu consegui pega-lo.

Claramente se tratava do diário daquele homem, pois era escrito a mão e contia o nome "Sandro" em sua contra capa. Virei a próxima página, e li o título:

       COMO MORRI ANTES DA MORTE.

        
           Virei a próxima, e comecei a ler:

Pag.1

Fomos traídos. Nossos negócios se distorceram, e deixei de ter proteção do governo de F. Após isso, resolvi viver minha vida isolado para me esconder desse terror, por isso hoje vivo aqui com minha esposa e filha.

Pag.2

Sentia que poderíamos ao menos viver felizes e criar nossa filha, mas não foi como pensei. Nossos mantimentos estavam escassos, então tomei a decisão de sair para tentar negociar alimentos com a cidade mais próxima, mas não obtive sucesso.

Pag.3

Ao retornar, me deparei com o cadáver de minha filha de 13 anos ao chão, junto de um ou dois LIXEIROS, enormes e cinzentos caídos em seu próprio sangue. Minha filha, com muito esforço sussurrou suas últimas palavras: " A mamãe fez o que pôde" e apontou para uma arma ao chão.

Pag.4

Me desesperei, e com os olhos escorrendo lágrimas fui correndo para dentro do banker ver minha esposa Luiza e entender o que aconteceu, mas quando cheguei no quarto, só encontrei um rastro de sangue. O segui... E a encontrei pendurada em uma corda pelo pescoço, já sem vida.

Pag.5

Eu estava sozinho, e a última coisa que tive forças para fazer antes da morte foi enterrar minha esposa e filha juntas. Eu as enterrei embaixo de uma enorme árvore silvestre onde minha pequena filha Cristina, deu suas primeiras palavras aos 2 anos de idade. Pintei corações com um spray, e pus grandes pedras ao redor de seus túmulos como homenagem.

Pag.6

Minha esposa morreu como guerreira, sei que fez o que pôde, por isso enterrei sua arma junto de seu corpo, como ao dizer pra ela que sei que morreu lutando com todas suas forças por nossa filha.

Pag.7

Não tenho mais forças e nem motivos pra continuar. Não consigo beber um gole de água sequer e a comida não desce no meu estômago. Cristina, Luiza... Eu sempre vou amar vocês, e logo vou os encontrar...

***

        Após encerrar a leitura, revistamos as caixas ao lado da cama e encontramos alguns alimentos enlatados. Pegamos tudo o que podíamos, e então fomos adentrar a nova porta que encontramos. Estava muito escuro e foi custoso encontrar o interruptor.

Ao iluminar o local, nos deparamos com uma corda. Corda essa, que claramente foi utilizada para que Luiza cometesse suicídio.

Continuamos a explorar os armários de ferro do local que estavam bem bagunçados e cheios de coisas que não nos serviriam de bom uso , até que encontrei uma imagem de um velho senhor sorridente usando um terno, ao lado de um também sorridente adolescente com vestes semelhantes.

Adolescente esse que, Shin reconheceu como seu pai:

                         Hikari Hidetaka.


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