O mundo deles

cap :02 - A vontade dos mortos

         As vezes uma dor é tão grande

              Que acaba sendo exaltada

        E as vezes um amor é tão grande

             Que acaba sendo atacado.

                                        *

Diante a escuridão, ouvia a voz de uma doce mulher me dizendo: " Não confie neles,você... você precisa para-lo Kiyoko! fuja daqui, encontre-o seja como for e o faça parar com essa loucura"

Em seguida, a voz de uma pequena garotinha proferiu: "Ele precisa de você Kiyoko... Shin precisa de você!"

- Que ta havendo?! isso foi mesmo um sonho?! - Após despertar não consegui novamente pegar no sono e fiquei acordada até a hora do café da manhã. Uma ansiedade acompanhada de uma forte determinação e motivação pra fugir tomaram conta de mim, como se alguém precisasse muito da minha ajuda... Como se ainda houvesse esperança pra Seleene e Sayu. Essa sensação me fez ficar por horas martelando na cabeça uma forma de escapar desse lugar. Sei que na hora de dormir não há como escapar, pois os inspetores fazem uma ronda muito rígida pelo internato. A parte boa é que nenhum deles se arrisca a ficar do lado de fora, pois até eles temem tornarem-se os próximos a desaparecer. Tendo em mente que o horário da noite é inviável, só me resta utilizar o dia...

•Às 08:00 temos atividades cognitivas para pra resolver, e em seguida nosso momento de leitura.

•Ao 12:00 nós almoçamos, e as 13:30 retomamos nossas atividades.

•Às 15:00 temos um momento de interação livre no pátio até as 16:00, quando novamente retomamos a atividades, mas físicas dessa vez.

Eu não pretendo ficar pra participar das atividades fisicas, pois sei que hoje é um dia em que o pai de Shin não está em casa, ma dando uma brecha pra encontra-lo e possivelmente adquirir alguns recursos pra minha exploração com a ajuda de Shin.

                                       ***

                               Bate o sinal

O tempo livre no pátio se iniciou, e eu tenho menos de uma hora pra executar meu plano.

Primeiro eu espero os grupos se formarem e começarem a interagir entre si, me preparo pra dar o primeiro passo. Mas... algo não está certo, eu não consigo me mover, não tenho controle de mim. É como se... algo estivesse me indicando uma direção e eu sou incapaz de seguir um caminho diferente.

Quando percebo, vejo que eu estou irracionalmente correndo em direção ao enorme muro que nos cerca, e quando tomo curta distância simplesmente salto em sua direção.

Porque diabos isso daria certo? eu claramente não tenho capacidade pra escalar isso sozinha ou de maneira rápida o suficiente pra não ser pega! Isso era o que pensava até sentir que alguém estava me ajudando! algo me dava apoio nos pés enquanto me puxava pra cima... Fixei meus olhos e percebi que era uma garotinha, mas como ela teria força pra me puxar?! E como saberia ela exatamente onde e quando eu estaria?! Isso é impossível...
Simplesmente não sabia explicar o que estava havendo e nem conseguia parar pra analisar a situação... Quando me dei conta, já estava do outro lado do muro, e agora não havia mais como voltar atrás. Rapidamente olhei em volta na procura pela garotinha, mas ela havia simplesmente desaparecido por completo...

Seja lá o que for que está acontecendo... Eu vou ter que descobrir.

Sabendo que logo seria perseguida adentrei em uma pequena mata, onde enquanto corria perdi um de meus sapatos o deixando preso em alguns galhos. Sem tempo para pôr de volta, retirei o outro e os joguei na direção contrária a que corria, esperando conseguir despista-los. Senti alguns espinhos cravando em meus pés, mas sem tempo para retira-los eu continuei correndo em direção a cidade. Tentei ser o menos vista possível, e ao longe vi a casa de Shin. Chegando próxima a porta aberta, gritei por ele, mas sem resultado. Adentrei a casa o procurando, e então supliquei: