[...]
Não sei como isso aconteceu, não vi, não senti, não me movi, não fiz nada... mas então... como eu estou aqui? Encharcada de sangue... com meu braço semi-decepado. Em que momento eu tomei essa insana decisão de receber o ataque do monstro no lugar de Shin?
- KIYOKO!! o quê você fez?!! - Shin, usando toda sua força em uma tentativa inútil de afastar os pálidos de mim, encharcava-se em suas próprias lágrimas e no sangue que escorria de meu corpo. - Solta ela! Solta! É a mim que você queria pegar!! Vem atrás de mim e deixa ela!!
Minha expressão ausente de qualquer sentimento de dor ou qualquer emoção. Imóvel e com os olhos tomados por sangue. Enquanto meu braço semi-decepado separava-se completamente do meu corpo, sua coloração se tornava completamente escura, como se algum tipo de infecção ou vírus se concentrasse apenas nele.
Os pálidos soltando abafados gemidos, enfraqueciam, e lentamente caiam diante de mim enquanto milagrosamente um novo membro se formava no lugar de meu braço recém arrancado.- O quê?... O quê ta acontecendo?! - perguntava Shin, com sua expressão completamente espantada enquanto meu próprio sangue escorria do cabelo dele pro seu rosto, e do rosto pro corpo.
***
Em minha mente, via um homem... Um homem de longe com o rosto coberto por uma névoa densa e escura... Eu corria em sua direção, mas com os passos em camera lenta, quanto mais rápido corria mais me distanciava de sua silhueta. Eu o ouvia de longe soarem as palavras vindas dele " Venha para Ruby City, só aqui você me encontrará e terá as respostas que você procura..." .
"Quem é você? E como poderia saber o que procuro?"
" Talvez porquê eu tenha alguém que você procura, bem aqui comigo"
" O que você quer dizer? Responde! O que você quer dizer! "
" Aceite vir comigo, aceite se libertar de tudo, aceite abandonar tudo o que conhece, e eu posso trazer você pra cá no instante que desejar... Caso contrário, nem sequer se lembrará dessa conversa."
" Eu... Eu não posso. Não posso deixar o Shin sozinho."
" Que assim seja... Nos veremos de novo... E de nada pelo braço, tenta não morrer, não lhe darei outro."
Logo a silhueta se modificava, e longos cabelos trancados soltaram-se ao vento revelando assim que na verdade era a silhueta de uma mulher que se ocultava na névoa.
Tudo ao redor desmoronava, e no momento em que senti que logo voltaria pro mundo real, uma voz feminina envelhecida proferiu:
" Entendo... Usar a imagem e voz de seu pai para me apresentar não foi a forma mais adequada, pois vejo que você não o reconhece. Acredite, sei muito mais sobre você e sobre esse mundo, do que possa imaginar... Se não quer deixar o seu... amigo Shin, para trás, terão de me encontrar sem ajuda. Adeus"
***
Os pálidos caidos lentamente tinham seu tom de pele mudado tornando-se cada vez mais escurecidos. Com isso lentamente eram corroídos de dentro pra fora, das entranhas até as paredes internas , e das paredes internas até a pele,tornando todos eles em uma substância negra completamente líquida e irreconhecível com um odor apodrecido.
- Kiyoko! Acorda, o que foi aquilo! Você tá bem?! Kiyoko! - exclamava Shin, que me sacudia na esperança de me fazer recuperar a consciência.
- S-Shin?...
- Kiyoko! Você acordou! - gritou enquanto uma ociosa lágrima de felicidade e alívio escorria pelo seu rosto.
- O que tá havendo?! - minha expressão retornou em forma de medo, e logo recuperei totalmente minha consciência.
- Como se sente, Kiyoko? - perguntara, preocupado.
- Me sinto... Bem, eu acho... E com... Bastante energia. - afirmei enquanto olhara pra baixo e refletia sobre tudo.
- Bom... - Enxugou suas lágrimas - Conversamos sobre isso depois, precisamos sair daqui. Vem cá, precisamos ir embora - disse , me ajudando a ficar de pé.
***
No Laboratório de F.
- Mas o quê?! Os pálidos foram destruídos?! Não é possível! Você conseguiu Kiyoko! - comemorava Frederick, no laboratório. Pousava por alguns segundos expondo seu sorriso para sua mais sincera companhia, um hamster artificial.
- Como você deixou isso acontecer?! - gritou Marie, que invadia a sala completamente enraivecida. Seus dentes rangiam um contra o outro incessantemente causando um som extremamente agoniante.
- Eu não sei, não fiz nada eu juro! - exclamava enquanto escondia seu braço esquerdo.
- Se você for o responsável, farei mais do que arrancar unhas de seus dedos, vou começar a desmembra-lo pouco a pouco! - exclamava com os olhos arregalados enquanto rasgava a pele do próprio braço com suas unhas. - Saia daqui! Eu assumo esse lixo de computador! - berrou.
Frederick assentiu, e retirou-se.
Agora, finalmente sozinha, Marie assume o computador e faz os preparativos com base no plano de enviar 5 Ceifeiros de uma só vez atrás de Kiyoko, na cidade de Goldhair.
- Agora, quero ver você sobreviver! - exclamou, não conseguindo conter sua prazerosa risada.
Prestes a ordenar o ataque, percebera que algo de errado aconteceu.
- Mas o quê?!
O computador perdeu totalmente o controle sobre si, emitindo um alerta de intromissão na rede. Marie encarava freneticamente a grande tela. Lentamente fechou os olhos e abaixou sua cabeça, consequentemente cobrindo seu rosto com seus cabelos vermelhos como sangue, e com um sorriso casual estampado em seu rosto, disse:
- Pode falar ,milord.
- Eu quero que você traga os dois alvos o mais rápido possível, as duas já estão prontas... Quero ambas vivas, as leve até um local do qual possa aguardar a chegada dos Transportadores para que eles as tragam para mim. Você entendeu?
- É claro, mestre.- respondeu, contendo seu imenso ódio.
- Faça um bom trabalho. - ordenou, enquanto encerrava a transmissão.
Marie, expondo um grande sorriso, disse a si mesma:
- Muito bem então! Se é assim... Terá de dar certo... - Lentamente surgia de seu pescoço pigmentações mais escuras que traziam contraste com sua pele clara, e essas pigmentações rapidamente espalhavam-se como mágica por todo o seu corpo tornando assim a cor de sua pele parda, e durante o processo seus escurecidos olhos verdes lentamente coloriam-se e vinham a ter a cor de um castanho vivo e exuberante. - Vocês todos... - Voltou a rasgar sua pele. Arrancava sangue de seu corpo, como se uma coceira infernal percorresse por sua carne. Era como se a dor física, a livrasse de uma dor psicológica muito maior - Vocês todos podem até estarem livres... Mas isso logo vai acabar - Afirmou enquanto seu corpo tremia sem parar, como se perdesse por completo o controle de seu sistema nervoso. - Eu estou indo...
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O mundo deles
Mystery / ThrillerKiyoko, vive em uma cidade da qual é a única que ainda existe, pois o resto do mundo foi tomado pelos " pálidos". Em sua cidade o índice de desaparecimentos de pessoas de todas as idades é enorme e constante todos anos, e ninguém sabe explicar o po...