cap: 08 - Sangue e dor

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No Laboratório de F

-Alguma informação sobre o paradeiro da 550C_Kiyoko Kimi, senhor Frederick?

- Temos sim, senhor. - responde, pondo-se ereto sob sua cadeira. - permita-me lhe repassar o que temos. - disse, arrumando os óculos que refletiam a luz da tela de computador em toda a sala escura que se alojava, e fixando os olhos em direção a tela do enorme computador do qual encontra-se seu ouvinte,nas sombras.

- Foi detectada pelo Ceifeiro_15 , na cidade de Goldhair. Lá ela acabou por despertar as habilidades do implante de maneira extraordinária, conseguindo eliminar o Ceifeiro_15 , e eliminar 5 Lixeiros sozinha. - contou.

- Que interessante - pronunciava-se a voz computadorizada. - Então a pequena assassina, voltou... Continue.

- Após isso, a menina fugiu para o subsolo da mansão Goldhair. Pelo que sabemos, ela despertou pela segunda vez as habilidades do implante por ser exposta a situações de medo, adrenalina e ódio. Isso é suficiente para ativar os instintos dela. - reorganizou arquivos em sua mão, e voltou a falar. -Ela fugiu para o subsolo da cidade Goldhair, nesse momento ela deve estar recuperando-se escondida, pois a ascensão de seus poderes lhe custou muita energia. Podemos captura-la a qualquer momento. O que deseja, Milord?

- Então ela está no subsolo de Goldhair... Lá ela irá encontrar os Irreversíveis... - a entidade ficou em silêncio por alguns segundos, até que voltou a falar. - Continue me informando sobre a situação do experimento, enquanto isso, vá fazer seu papel de Prefeito.E você já sabe, sigilo máximo. A menos que queira que sua cidade acabe igual a Goldhair.

- Negativo, Milord. - disse, engolindo sua saliva e se esforçando para não vomitar o próprio coração.

- Vamos ver se nossa pequena cobaia 550C , sobrevive naquele local. Até ela sair de lá, não interfira em nada! Apenas a supervisione pelas câmeras do subsolo. - imperou.

- Entendido, farei o que deseja. - aceitou, Frederick, desligando o computador aéreo e cortando contato com a figura.

- Que droga ! Por quê temos que viver assim?! Eu não suporto ver crianças passando por isso! - Exclamou batendo com força em seu teclado. - Mas... É pro nosso bem... tenho que continuar com isso, até o fim...

Frederick, se direcionou a uma outra sala, e acionou um sistema, que lhe possibilitava localizar indivíduos em um enorme mapa virtual, do qual movimentou lixeiros numerados do 70 , até o Lixeiro_77 , para as coordenadas exatas da mansão Goldhair.

***

No subsolo rochoso de Goldhair, Shin e eu, encontramos papéis bem interessantes sob a escrivania de metal que se encontrava nessa escura sala. Diziam:

Pag.1

Essas coisas não são naturais. Cobras, coelhos, gatos, cães, isso sim são animais de nossas terras. Mas essas coisas... O que fizeram lá embaixo, isso não.

Pag.2

Tenho medo, medo do que isso vai causar. Sou obrigado a alimentar essas coisas, já não sei mais que carne é essa que estou usando de "ração"... Eu acho que não é qualquer animal...

Pag.3

Aquelas correntes, elas serviam muito bem, mas somente serviam. Eles estão ficando cada vez mais agitados e sofrendo mutações de forma descomunal. Pra que isso?! O que estamos fazendo?! Já não basta enganar os habitantes de Goldhair? Porque temos que continuar trabalhando aqui?!

Pag.4

Sinto que agora tudo que me mandam fazer, faz mais sentido. Sigo as ordens automaticamente, e meu medo de alimentar aquelas coisas se tornou zero. É como se tivéssemos laços.

Pag.5

É difícil escrever, minha coordenação motora está falha. Meu corpo está diferente, cresci muito e tenho que andar quase curvado. Meu jaleco quase não serve, e minha pele tem descolorido... É tão difícil ler o que eu mesmo escrevo, meus olhos doem muito, mas minha cabeça está grande demais para utilizar óculos.

Pag.6

Todos estão como eu, todos estão bizarros. Me vi no espelho, e não quero ser essa coisa, no fim do corredor... Lá tem um precipício. Espero me controlar até chegar nele... Espero e torço para que eu não acabe por resistir a queda.

***

Ouvimos passos vindo em direção a luz da abertura no teto da qual usamos para chegar até aqui. Os passos estão cada vez mais próximos, tão próximos que logo pudemos ver sombras tampando a luz que emanava do teto. Algo lá encima, vomitou algo aqui para baixo de forma que lentamente o cheiro de carniça invadiu minhas narinas. Minha mão suava enquanto apertava os papéis que segurava, a ansiedade acelerava meu peito e no impulso senti vontade de correr automaticamente, mas travei totalmente diante aquilo.

A silhueta que se formava na luz lentamente desaparecia, e novamente a luz penetrava na sala. Respirei fundo, e ainda ansiosa, comecei a esfregar minhas mãos encharcadas de suor em meu casaco na intenção de seca-las. Olhei para Shin, e sabendo que estava ferido, resolvi perguntar;

- Shin, você tá- ...

Fui interrompida por um berro salivando da criatura que pulou de repente e entrou pela abertura do alçapão. Seus pés chegando ao chão me causaram um choque gelado que me arrepiava conforme subia lentamente através de minha espinha.

Aquele ser, curvou-se rapidamente na intenção de caber na apertada sala da qual entrou, e freneticamente começou a correr na direção de Shin, que está ferido. Em uma velocidade assustadora, a criatura saltou com a boca aberta exibindo todos seus dentes em direção ao rosto dele.

Mal havia tempo para sequer pensar em como agir, e paralisado pelo terror e toda a adrenalina que corria pelo seu corpo ,Shin não conseguiu mover nem sequer um dedo diante o terror da situação.

A pressão que já era presente, agora disparou meu coração a um ponto que senti que iria explodir, e essa sensação aumentava de intensidade a cada centímetro que aquela coisa se aproximava dele. No momento em que senti que o pior estava pra acontecer, foi quando notei que já havia acontecido.

A saliva que molhava o empoeirado chão daquela misteriosa sala, agora juntava-se com o corrente rio de sangue que se formou em um instante.

Tanto sangue...
Tanto sangue...
Tanta dor...

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