Cap:10 - Acordando num sonho

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Sons estranhos ecoavam da porta de metal enferrujada que havia no local, e os mesmos me causavam agonia e uma dor profunda. Pedi a Shin para examinar seu ferimento, e por sorte o corte não alcançava nenhum de seus órgãos. Utilizando dos móveis para chegarmos mais perto da abertura do alçapão, e escalando entre as aberturas e desgastes da sala e do piso de cima, conseguimos ambos escapar do subsolo da Mansão Goldhair.

- Kiyoko... - Shin, fitava algo fixamente.

- O que foi, Sh- ... - Me espantei! Era a criatura que nos perseguiu, e me fez empurrar Shin no alçapão por impulso, mas... Não lembro direito o que aconteceu e nem como fui parar lá embaixo com Shin. Aquele monstro horrível que nos perseguira, está... Está realmente morto na nossa frente? Eu sei que algo tinha acontecido comigo, só não sei o que fiz ou o que eu vi...

Shin, evitou acrescentar qualquer coisa sobre o assunto, mas manteve um semblante assustado. O quê, ou então quem e como fez isso? Seria um aliado? Ou um inimigo ainda pior e incontrolável? São muitas dúvidas, em muito pouco tempo pra pensar.
Nosso objetivo agora consiste em três etapas:

1- Retornar para o banker ao qual nos abrigamos;

2- Reabastecer e organizar nossos suprimentos em segurança;

3- E por fim, definir tudo que sabemos e nosso próximo passo.

Nosso inevitável encontro com os pálidos não acrescentou nenhum perigo, pois na ausência de energia não poderíamos optar por sermos vistos de forma alguma,era inviável. Então, com toda a paciência do mundo, nos esgueiramos por entre os rochedos e as árvores até que finalmente alcançamos a desejada floresta do banker. Lá estava ele, o belíssimo riacho que escorria por entre a montanha que ficara perto da escotilha de nosso abrigo. A água estava cristalina, e o recém chegado pôr do sol criava ilusões brilhantes como mil diamantes sobre a água. Era tão lindo... Esse mundo.. ele é tão lindo... Contudo, o olhar morto de Shin, retirava até mesmo o mais belo dos brilhos das águas, e isso se deve porquê eu consigo sentir uma amarga dor que está a guardar só pra si.

17:29

Organizamos o pouco alimento que tínhamos, e sabendo que daria pra mais um ou dois dias, Shin resolveu optar por tentar capturar algum animal lá fora antes que anoitecesse. Antes que saísse pedi que prometesse que iria tomar cuidado, mas tudo que recebi foi um triste olhar.

***

18:04.

Logo, Shin retornará com um olhar mais alegre, mostrando que obteve sucesso na captura de um grande peixe no lago perto do abrigo. O grande bagre, estava quase partido no meio devido ao impacto que Shin causara com seu facão ao captura-lo.

- Incrível! Você capturou esse peixão!

- Não é pra tanto ... - disse, envergonhado e escondendo um sorriso - Bom, pelo menos vai nos alimentar essa noite.

- Isso! Mas... Espera, como vamos cozinha-lo?

- Ah... - Coçava a cabeça - Então, Kiyoko... Nós não vamos. Teremos de come-lo cru.

- O quê? - disse, com nojo. Mas o roncar de meu estômago me fez perceber que não há espaço para escolher. - Está bem.

- É brincadeira Kiyoko! - ria de mim com gosto - pobrezinha! Relaxa, nós vamos fazer uma fogueira aqui mesmo!

- Isso !

Shin com facilidade ascendeu uma pequena fogueira somente para assar nossos peixes, depois apagou-a o mais rápido que pôde para que pudesse novamente fechar a porta do abrigo. Sentamos no chão frente a frente um com o outro, e então fomos ao jantar. Shin devorou sua parte do peixe relativamente rápido em poucas e razoáveis mordidas. Eu não me senti muito confiante, então aos poucos alimentava-me por mordiscadas e com o tempo tomei coragem para morder o peixe com vontade. Sempre tomando cuidado com as espinhas do peixe, é claro. E após terminar a refeição, sentia me muito melhor e cheia de energia.

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