Capítulo 16

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Rafaella não sentiu-se preocupada o suficiente para ir correndo ao encontro do pai, por isso esperou até que a noite chegasse ao fim. Seguindo primeiro para casa onde Cida já estava há espera ansiosa e seguiu a patroa até o quarto contando o ocorrido. Segundo ela Gizelly, os irmãos e Bianca estavam no hospital. Aparentemente a mídia ainda não havia ficado sabendo de nada. Também esclareceu que antes do ocorrido esteve com Gizelly na biblioteca por maior parte do tempo.

Rafaella havia pedido que Cida ficasse de olho no irmão e avisasse caso visse algo incomum entre ele e a cunhada. Nunca havia dito com todas as letras o que acontecia entre ela e Gizelly, mas sabia que a empregada tinha suas suspeitas.

Ela parou na porta do quarto e virou para Cida levando uma mão até o ombro dela.

— Obrigada, não sei o que seria de mim sem você. — Sorriu brevemente antes e entrar no cômodo.

Depois de trocar a roupa seguiu para o hospital onde assim que chegou encontrou os irmãos em uma sala privativa. Brandon claro, foi o mais alterado e dramático.

— Nota-se de longe sua preocupação com nosso pai! — esbravejou, mas ela ignorou enquanto entrava.

Ramon, ao lado de Bianca, contou que esperavam notícias.

Ela observou Gizelly acomodada em um canto do sofá com braços e pernas cruzadas, como se estivesse ali contra vontade.

Os cinco aguardaram até que o médico da família entrasse com notícias nada animadoras. O estado de Giuseppe era delicado. O pulmão, dissera pela terceira vez, desde quando o velho afastou-se da empresa.

— Ele pediu para vê-la — informou o homem para Rafaella.

Ela seguiu até a sala onde encontrou Giuseppe ligado a aparelhos. O bipe era irritante, tanto quanto o olhar que o homem lançou vendo sua aproximação.

— Se me chamou aqui para confessar seus pecado antes de morrer, saiba que já sei — foi logo dizendo.

— Brandon me disse. — Ela não se surpreendeu com o descaramento do irmão.

— Então?

— Sim é verdade, meu orgulho ferido me levou a mandar dar fim a vida da pessoa por quem Ilda era apaixonada.

Rafaella sentiu-se estremecer ao ouvir aquelas palavras pronunciadas com tamanha naturalidade.

— A mulher que ela amava.

— Mas tem algo que você não sabe. — Ele fez uma breve pausa. — Ilda não era sua mãe verdadeira.

O choque percorreu Rafaella.

— Eu a amei o suficiente para respeitar o fato dela não suportar ser tocada. Bem, na verdade eu a mantive presa a mim por puro egoísmo e ela definhou dia após dia. — O homem puxou respiração com dificuldade antes e continuar. — Cheguei a pensar que lhe dando uma criança, ganharia uma razão a mais para viver, mas como deve imaginar, isso não aconteceu.

— Ganhando? Fui adotada então?

— Não exatamente. — Mais uma pausa deixando-a ainda mais tensa. — Cida era a mais próxima a Ilda e parecia perfeita para carregar um filho.

— Carregar um filho?

— Eu a engravidei sem que Ilda ficasse sabendo e forcei que inventasse uma desculpa alegando não ter condições de criar a criança. Ilda prometeu cuidar de você e assim o fez no começo, mas com o tempo voltou a ficar sem vida. Mas saiba, para mim você sempre foi fruto do meu amor por sua mãe.

— Amor? — Ela secou a lágrima que descia pelo rosto. — Brandon não podia mesmo ser diferente. — Sorriu com pesar, antes de voltar-se para ele com o ódio percorrendo as veias. — Por mim não enjetariam mais sequer uma dose de morfina em seu corpo, para que morra sentindo a dor te rasgando de dentro para fora.

O Segredo dos KalimannOnde histórias criam vida. Descubra agora