Naquele mesmo dia Rafaella decidiu que era melhor Gizelly dormir na mansão, para evitar qualquer discussão com Brandon. Pediu que Cida desse um jeito de manter todos os empregados o mais longe possível da entrada ou de qualquer área da casa que possibilitasse ver sua chegada. E assim Gizelly se refugiou no quarto aquela noite.
— É só por hoje — dizia Rafaella enquanto fechava a porta. — Amanhã você pode começar a circular pela casa mais livremente. Vou tratar de deixar todos cientes de sua vinda para cá, mandar preparar o quarto de Brandon e limpar a outra casa para quando Ramon voltar da lua de mel.
Gizelly ouvia tudo com um sorriso no rosto.
— Você pensou em tudo.
— A situação pede. — Rafaella levou as mãos a cintura de Gizelly, puxando-a para junto.
— Que horas pensou em tudo isso? — Ela jogou os braços ao redor o pescoço da outra. — Quando estavamos na escada? No quarto? Ou no banheiro?
As duas sorriram antes de selar seus lábios.
— Vou pedir que Cida traga o seu jantar de maneira discreta enquanto vou me juntar a meu pai na sala. — Ela ficou seria só de mencionar o pai.
— Algum problema? Ele tem pegado no seu pé?
— Ele incrivelmente nunca me incomoda, questiona ou priva de qualquer coisa. E isso sempre me fez sentir especial. Meus irmãos tinham raiva e diziam que era porquê ele amou minha mãe mais que a qualquer uma. Isso costumava ser bom de ouvir até... — Ela balançou a cabeça afastando os pensamentos. — Me espera aqui, certo?
Rafaella beijou os lábios de Gizelly rapidamente antes de descer. O pai não demorou a chegar e sentar à mesa — como de costume somente os dois, já que não era noite do habitual jantar em família. Permaneceram no silêncio que costumava ser confortável, mas naquele momento a última coisa que Rafaella conseguia era sentir-se confortável ao lado do homem. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada repentina de Brandon que atravessou a porta e encarou Rafaella exasperado.
— Brandon? O que faz qui? — perguntou o pai.
Brandon inventou uma desculpa e ficou para o jantar, sempre com o olhar cruel sobre Rafaella que tentava demonstrar despreocupação.
Ao final, quando o velho patriarca saiu da sala Brandon praticamente voou por cima da mesa, espalmando as mãos sobre a mesma, se inclinando em direção a irmã.
— Cadê ela?
— Bem... — disse antes de limpar o canto da boca com o guardanapo. — Amanhã, no fim da tarde vocês começam a mudança. Seu quarto estará a sua espera quando chegar do trabalho. Se quiser eu conto ao papai sobre seus planos de ficar mais próximo a ele. Já que aparentemente são farinha do mesmo saco, vão adorar esse tempo juntos.
— Fala como se fosse tão diferente de nós.
Ela levantou e saiu ouvindo o soco que ele deu na mesa.
Assim que atravessou a porta do quarto avistou Gizelly deitada, com as pernas balançando enquanto lia o livro que estava na cabeceira da cama. Ao ouvir a porta sendo fechada ela desviou atenção para a outra que entrava e sorriu fechando o livro.
— Comeu? — perguntou se aproximando da cama onde sentou vendo Gizelly confirmar antes de rolar para ficar deitada de barriga para cima. Ela abriu os braços e Rafaella deitou, se aconchegando em seu peito.
Aquela foi a primeira vez que Rafaella dividiu a própria cama com alguém. Algo totalmente novo e de uma intimidade que até então julgava exagerada. Mas não foi incômodo. Ela dormiu confortavelmente e acordou sentindo o peso de Gizelly sobre o próprio corpo. Como estava de costas, permaneceu por um tempo parada, mesmo que sentisse a perna direita ficando dormente.
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O Segredo dos Kalimann
FanfictionRafaella é a filha do meio, perfeita aos olhos do pai. Gizelly, a nora não tão bem-vinda. E juntas serão o maior segredo da prestigiada família Kalimann.