Rafaella não demorou a ficar sabendo, através de Cida, os comentários que gerou entre as empregadas sobre ter passado um tempo com Gizelly. Mas nada que chegasse a preocupa-la.
As duas foram ao evento de aniversário e tudo correu bem, só não tiveram tempo e espaço para aproveitar um pouco a sós, mas puderam passar um tempo juntas. No decorrer dos dias Gizelly se atreveu a visitar o sogro e almoçar na mansão algumas vezes, assim passou mais tempo com Rafaella.
— Bom dia Cida — dizia Rafaella sentando em sua cadeira lá fora enquanto Cida servia sua xícara de gin.
Ela observava no celular as matérias sobre o casamento do irmão mais novo que estava se aproximando, quando foi surpreendida com a chega da Gizelly com sua roupa de ginástica, carregando a cachorrinha no colo.
— Bom dia! — Era a primeira vez que ela parava a caminhada matinal para falar com Rafaella que desviou os olhos do celular e abriu um sorriso observando a aproximação da outra.
— Aceita um chá? Um café? — perguntou.
— Não sendo gin. — Ela fez uma careta. — Aceito um café — disse sentando do outro lado a mesa e a outra fez sinal para Cida ir buscar. — Isso é hora, Rafaella? Não devia estar tomando isso.
— Ainda nem dei o primeiro gole.
— E não deveria.
— Já tomei meu café da manhã, Gizelly.
— Não importa, não devia tomar isso. Depois diz que não é alcoólatra.
— E não sou!
— Então por que te vejo tanto nessa cadeira, segurando essa xícara?
Rafaella respirou fundo enquanto desviava o olhar para a extensa propriedade à frente, sentindo a brisa fresca da manhã. Cida aproximou-se e após servir o café e bolinhos, foi dispensada.
— Está vendo esse conjunto de chá — Rafaella elevou a xícara com detalhe floral. — Pertencia a minha mãe. Uma das poucas lembranças que tenho dela é aqui, nesse lugar tomando seu chá da tarde. Eu era muito nova para entender que ela costumava beber às escondidas. Queria poder ter sido mais atenta, ter ouvido sobre suas preocupações.
— Você era só uma criança — diz Gizelly que já tinha visto no Google sobre a mãe de Rafaella que tirou a própria vida quando ela tinha somente nove anos. Ela queria poder abraçar Rafaella naquele momento.
— A parte mais difícil em não tê-la por perto foi me reconhecer como uma mulher atraída por mulheres. Eramos eu e Brandon, meu pai, que quase não via. Cida na época não se atrevia a conversar sobre nada que fugia de suas obrigações. Aí veio a mãe do Ramon e confundiu minha cabeça. Ela deixava claro não ser minha mãe e distorcia tudo quando falava comigo sobre garotos.
— Rafaella você... — Gizelly se atenta aos fatos e de repente se pega claramente preocupada. — Não pensa fazer nenhuma besteira, não é?
A outra rir negando com a cabeça e observa Gizelly respirar aliviada enquanto bebe o chá.
— Apenas acho bonita a lembrança que guardei em minha memória. Ela aqui, com seu chá. — Rafaella sorri como se pudesse vizualizar a imagem. — Minha mãe era uma mulher muito elegante, sabia? — diz pegando a xícara, tomando um pouco. — E querendo ou não eu gosto de gin! — Tenta soar um pouco mais animada. — Mas obrigada pela preocupação.
— Como foi sua primeira experiência com garotas? — perguntou Gizelly curiosa e tentando mudar o assunto. Ela se apoia na lateral da cadeira levantando os pés sobre a mesma, ficando de maneira confortável enquanto ouvia Rafaella contar sobre a própria vida.
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O Segredo dos Kalimann
FanfictionRafaella é a filha do meio, perfeita aos olhos do pai. Gizelly, a nora não tão bem-vinda. E juntas serão o maior segredo da prestigiada família Kalimann.