O Segredo dos Kalimann

Capítulo 01

A família Kalimann é de longe uma das mais ricas e influentes do país. É composta pelo patriarca Giuseppe Kalimann e os três filhos; Brandon, Rafaella e Ramon, ambos de mães diferentes.

Os Kalimann possuem 42% da Kalimann Industries, empresa petrolífera que gera cerca de US$ 115 bilhões em receita anualmente.

Recentemente Brandon, o filho mais velho, assumiu como presidente e CEO após o afastemento de Giuseppe, devido problemas de saúde. Brandon vivia no exterior com a esposa Gizelly Bicalho, com quem é casado desde 2019. Vinda de origem humilde, a ex modelo e influencier costuma negar quando questionada sobre não ser bem-vinda à família.

O casal atualmente vive na fortaleza dos Kalimann, que abriga a mansão que os acomoda. A propriedade em que Ramon, o filho mais novo vive sozinho. E no centro de tudo está a cede, uma construção imponente onde vive o patriarca e a filha do meio.

Perfeita aos olhos do pai, é assim que a mídia define a única filha mulher da família. Suas aparições são sempre para exibir looks fashionistas em eventos, e fazer boas ações em instituições de caridade ao longo do ano. Não se sabe muito sobre sua vida pessoal.

No Google, o máximo que é possível encontrar — além das fotos em eventos vestindo os melhores e maiores nomes o mundo a moda — são fotos em um Iate na Grécia ao lado dos amigos durante as férias de 2016.

Dizem que sua vida é toda voltada aos estudos, com o intuito de ocupar a cadeira que hoje pertence ao irmão mais velho.

Rafaella fecha a revista com um sorriso no rosto. Ela pega a xícara de chá e da um gole no gin que toma disfarçadamente enquanto observa o extenso jardim da propriedade.

Gosta de todo o drama e suspense na mídia em torno de seu nome.

Enquanto o irmão mais velho teve um relacionamento com uma pobre, casou-se e mudou, tudo sendo acompanhado de perto por sites de fofoca. E o mais novo conhecido como mulherengo. Ela segue intacta. Não há quem saiba quem realmente é. E assim segue sendo admirada e até mesmo adorada ao fazer uma boa ação.

— Mais chá, senhorita? — pergunta a empregada segurando o bule onde há o gin que Rafaellla gosta e beber todas  as manhãs.

— Olha lá, Cida. — Rafaella aponta com o queixo para onde passa Gizelly. — Não sei quem é mais cadela.

Toda manhã Gizelly sai para caminhar na propriedade ao lado de sua cadela de raça Lulu- da-Pomerânia.

— Ouvi que ela trata a cadelinha como filha — conta Cida. — A bixinha tem até colar e diamantes.

— Nem parece que vendia pastel na feira — comenta com cara de nojo. — E que o pai fazia churrasco de gato.

— Ouvi que ela e seu irmão doam fortunas para causas animais.

— Peso na consciência, com certeza.

— Mas ouvi também que ela tem um closet cheio de casaco com pele animal.

— De verdade? — A empregada confirma e Rafaella arquea a sobrancelha o mais alto que pode, sem tirar os olhos da outra que ainda está em seu campo de visão. — Se não fizesse parte da família, eu mesma denunciava por mals trato aos animais.

— Mas já tá tudo morto dona Rafa.

— A alma deles ia fazer festa Cida. E me agradecer conversando com Deus, preparando um lugar lá encima para minha chegada.

A empregada tenta a todo custo manter a postura séria. Cida é a pessoa mais próxima a Rafaella. 

— Eles vem jantar hoje a noite. Seu irmão mais novo tem um comunicado a fazer.