cap38-Marcha-Bryanna

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Bryanna Callen

As batidas de meu coração acompanhavam os passos do cavalo em que montava: rápidos e desesperados.
Por pouco eu havia conseguido despitar alguns soldados húngaros que me seguiram depois da floresta. Ainda estou tentando absorver tudo o que aconteceu, o meu sangue ferve de raiva. Mas para o azar daqueles traidores malditos, daquele traidor maldito- Asher- eu consegui voltar ilesa para o palácio, de onde nunca deveria ter saído. Diana esperava por mim, eu tinha contado a ela sobre onde iria e quem encontraria, ela tentou me fazer desistir por vezes, mas eu já tinha me decidido. Pude sentir o seu alívio ao me ver, quando atravessei a porta de entrada

-Ai, graças a Deus.-Ela exclamou- Como foi?-

-Ele tentou me pegar, Diana. Armou uma armadilha pra mim.-

-O quê?-

-Como eu fui tola! Em pensar que eu quase acreditei nele e que tinha reconsiderado a guerra.-Fechei o meu punho e bati contra a minha testa, me punindo

-O que aconteceu? Ele tentou te me machucar?-

-Não, ele é covarde demais pra isso. Ele trouxe soldados junto dele, que quase me pegaram desprevenida, ele trouxe o pai, Diana.-Meu grunhido de raiva estava a um ponto de dar espaço para as lágrimas, mas eu ainda as detinha

-Céus. Maldito.- Xingou me estendendo os braços, não pensei duas vezes em me afundar no seu abraço, em aceitar o seu consolo

-Eu estava tão perto daquele rato, eu poderia tê-lo degolado ali mesmo.-

-Ainda bem que não o fez, poderia ter custado a sua vida.-

-Eu não me importo com a minha vida, Diana. Tudo o que quero é acabar com a dele.-Disse por fim me afastando

-Ouça.-Ela segurou os meus ombros me forçando a encará-la.- Ele fez a escolha dele, e agora pagará por isso. Seja lá o que ele tenha dito ou o que tenha tentado fazer, agora irá enfrentar a nossa fúria. E o pai vai pagar pela morte do nosso imperador, nós vamos fazer isso, ok?-Ela disse como em consolo e eu assenti com a cabeça em silêncio, então ela continuou -Não há mais dúvidas de que a guerra está por vir, e nós precisamos estar prontas. Eu estarei ao seu lado para o que ordenar, não vamos mais perder tempo, que comece tudo o mais rápido possível!-

-Você tem razão, não darei mais brechas para que aqueles ratos se recomponham. Vamos atacar amanhã mesmo, vou despertar os generais, os exércitos precisam se aprontarem agora.-

-Deixe que eu faça isso. Você precisa de um tempo, respire e depois converse com Annya, a guerra está na porta, Bryanna.-

-Tudo bem, eu...-tentei reorganizar os meus pensamentos e ser o mais racional possível, não podia deixar que as minhas emoções me atrapalhassem.- Sei que é imediato mas eu gostaria que fosse minha emissária.-Disse e ela abriu um sorriso

-Com todo prazer. Agora vá, eu vou até os generais.- Uma subordinada dando ordem a sua imperatriz, sim. Mas eu dava graças que Diana estivesse aqui nesse momento ao meu lado, ela podia ser racional quando eu falhava em fazê-lo.

Eu segui o seu conselho, e antes que fosse até Annya, fui para o meu quarto, e la me permiti desabar. Meus joelhos cederam e eu caí sentada no chão, e chorei, chorei. Chorei como se o meu coração estivesse sido dilacerado, chorei quando ninguém podia ver, porque frente aos outros eu precisava ser forte, precisava ao menos parecer forte.
Mas por que essa traição me doía tanto? Eu sabia que ele não era de confiança, e ainda sim ignorei a voz racional que me dizia isso, e fui até ele, mesmo sabendo que pudesse ser uma armadilha. Tudo o que eu queria era ouví-lo dizer que não estava envolvido, e que não tinha me traído. E ele disse, eu hesitei mas acreditei, quando vi com os meus próprios olhos que estava mentindo, quando vi que tinha trazido aqueles soldados junto dele para me pegarem, para me matarem.
Não pude ficar muito tempo ali caída como gostaria, então limpei as lágrimas e me recompus, me dirigi até o quarto de Annya e então bati na porta, uma, dua vezes. Ela estava dormindo, sua cara de sono ao abrir a porta a delatava. E quem podia culpá-la? Já era madrugada.

-Aconteceu algo?-Seus olhos ainda estavam semicerrados, se acostumando com a claridade, a voz ainda embargada. Eu apenas a encarei em silêncio e dei um sorriso triste, e então ela percebeu -Já?- seus olhos se arregalaram e ela pareceu despertar

-Já.-

-Tem certeza de que vai fazer isso? Eles podem lutar por você, você não precisa estar lá.-Ela sabia que sua tentativa de me convencer seria em vão, mas mesmo assim ainda tentava

-Eu preciso.-Confirmei e ela respirou fundo

-Então vá, mas volte, volte para mim. E mate aqueles ratos malditos, faça com que sangrem até a morte.-Ela me encorajou avançando sobre mim em um abraço apertado, que eu retribuí de imediato

-Farei isso.-

-Eu te amo.-Disse ainda com a cabeça apoiada em meu ombro, ainda em meu abraço

-Eu te amo.-Correspondi e então nos afastamos

Então eu segui para fora, já estava com vestimentas apropriadas para batalhar, minha espada embainhada na cintura, uma adaga pequena na bota de couro. Eu estava pronta.
Eu já podia ouvir o murmúrio da multidão reunida do lado de fora, e quando passei pela porta pude ver. Ali estavam todos, poloneses e austríacos reunidos com o mesmo propósito. Não havia passado muito tempo que Diana tinha saído a procura dos generais e agora todo o exército está aqui, reunido em um só.

-Estão todos aqui, como ordenado, majestade.-Frans anunciou ao se aproximar. Assim como os outros, ele usava uma armadura potente, cobrindo todo o seu corpo, duas espadas nas laterais do corpo.

-Ótimo.-Assenti e caminhei até a égua branca já selada que esperava por mim. A montei e então ergui a minha espada, gritando : -Para a Hungria!

-Para a Hungria!-Gritaram todos em coro, com suas espadas levantadas e então seguimos viagem.

Antes de meu encontro com Asher, já havíamos decidido que o ataque ocorreria nesse mesmo dia, então tudo já estava preparado e não demorou até que pudéssemos partir para o nosso propósito.
Nossa saída da Áustria se deu pela madrugada, chegaríamos no solo Húngaro pelo amanhecer. Embora eles já devam esperar o nosso ataque, sobretudo depois de minha fuga de sua armadilha, nós obtemos a vantagem, e sei que iremos vencer.
Já fui muito tola em dar voz ao meu coração e assim ouvidos a Asher. Agora eu sei que tudo que houve entre nós foi uma farsa, e se eu o vir no campo de batalha, não hesitarei em lhe cortar a garganta.

Meu ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora