cap29-Rosto amigo-Bryanna

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Bryanna Callen

-Os homens do Norte chegam pela manhã. Os treinos também estão sendo intensificados e as fronteiras estão bem protegidas.- Frans me atualiza na sala do conselhos. Estou sentada no trono, na ponta da mesa, e nas laterais, ocupam pessoas de confiança que também auxiliavam meu pai.

-Ótimo. Quando...quando poderemos atacar?-Pergunto sem disfarçar a minha ansiedade para travar a batalha, todos me encaram

-Majestade.-Arthemus começa- Isso deve ser feito com cautela. A senhorita anunciou a guerra em sua coroação, nesse momento os Relish já devem estar sabendo, e já devem estar se preparando.-Explica. Arthemus era um dos principais conselheiros de meu pai, é um homem velho já, seus fios brancos deduram sua idade, juntamente com as rugas na pele. Mas é dotado de muita sabedoria, motivo por ser um dos confidentes de meu pai.

-Sei disso, Arthemus. E também sei que não devemos esperar demais.- Digo com firmeza. Me tornei imperatriz ontem, mas é como se essa mulher com tanto poder e que não fraqueja já existisse dentro de mim, como se eu a tivesse resgatado de minhas profundezas no momento em que aquela coroa foi posta em minha cabeça.

-Nós precisamos agir no tempo certo e vantajoso para nós.-Ele continua e aperto os braços do trono

-Talvez isso não leve tanto tempo assim.- Frans diz e volto minha atenção para ele, esperançosa

-Continue.-Peço

-Soube que os poloneses acabam de se retirar da Hungria. Isso não é porém uma vitória total, o exército húngaro ficou fragilizado com as batalhas travadas contra eles, o que nos dá uma certa vantagem. Nós poderíamos aproveitar esse tempo, e atacar antes que eles se recuperem. Existe um problema porém.-

-Os poloneses.- presumo e vejo um sorriso surgir em seu rosto, como um pai orgulhoso de sua filha.

-Exatamente. Nós não sabemos o motivo de sua retirada, porque até então eles tinham sim perdido a batalha contra os Relish, mas estavam se reagrupando ainda em um bom número.-Explica

-Houve algum motivo.-Digo olhando aos arredores, pensando sobre o assunto

-Talvez os vossos interesses possam se alinhar.-Arthemus se pronuncia novamente e o encaro, ele entende o sinal e dá continuidade.- Os poloneses acamparam na divisa, mas foi à Hungria que decidiram atacar.-

-O que está sugerindo com isso?-O general Brook pergunta do outro lado da mesa

-Ele está sugerindo que eu proponha uma aliança aos poloneses.-Respondo após fazer a minha interpretação das insinuações de Arthemus.

-Uma aliança poderia dar aos dois o que ambos desejam: a derrota da Hungria.-Arthemus conclui

-Mande uma carta para Haskel Kowalski.-Ordeno citando o nome do rei polonês

-Como desejar, majestade.-

-Alteza, tem certeza disso? Pode ser arriscado convidar poloneses para o solo Aústríaco.-O general Brook me alerta

-As vezes é necessário arriscar, Brook.- Explico me levantando do trono, todos os outros integrantes do conselho se levantam consequentemente, se curvando a mim- Encerramos por aqui.- Faço um gesto os dispensando e deixo a sala
  Quando vou para os meus aposentos, me encaro no grande espelho moldurado com ouro e pedras, tenho feito muito isso ultimamente. Observo o meu longo vestido de seda azul, simples em relação aos meus outros desenhos.
  A noite cai e eu arrasto a minha espada até o interior do jardim, nesses momentos que ninguém está por perto vendo, eu permito que a minha fúria e loucura se esvaia. Me aproximo de um dos manequins de treino e o golpeio com a espada, repetidas e repetidas vezes.
  O encaro com fúria, imagino o rosto de meu inimigo nele, consigo ver Arthur, e então a intensidade dos golpes vem, juntamente à minha fúria, como eu o odeio por ter tirado o meu pai de mim. Olho novamente e vejo Asher, então a intensidade de meu ataque aumenta, como eu o odeio por ter me enganado, por ter me manipulado, por ter me feito gostar dele...

-Maldito, maldito, maldito!-Grito enquanto movimento a espada, atacando o manequim que caí em seguida sobre a grama, o que não me impede de continuar golpeando

-Espero que guarde todo esse ódio para quem realmente merece.-Uma voz feminina ressoa atrás de mim, uma voz familiar. Me viro e então a vejo

-Diana.-Sorrio ao vê-la e corro ao seu abraço, que é retribuído instantaneamente. Diana é uma amiga de infância, o seu pai é o Lord Brumby, havia muito tempo que eu não a via e ver um rosto conhecido nesse momento é um conforto.- O que faz aqui?- Pergunto após me afastar

-Achou que eu a deixaria sozinha?eu gostaria de ter vindo para a coroação, mas papai insistiu que eu esperasse.-Explica

-Fico feliz que esteja aqui.-Sorrio

-Então o maldito te enganou enquanto o pai matava o nosso imperador?-Ela pergunta indignada após eu contar toda a história. Estamos sentadas em minha cama

-E eu caí como uma idiota. Eu sabia que ele era um imbecil, mas eu realmente acreditei que pudesse estar o conhecendo, que pudesse...-

-Você não foi idiota, eles foram, e vão pagar por isso.-Me consola diante de meu desabafo

-E ainda por cima tem Annya, eu nem a vi hoje, eu não estou cuidando dela como deveria.-

-Você é imperatriz agora, Bryanna, os assuntos do Império vão tomar bastante do seu tempo, é a sua responsabilidade agora. Mas não se preocupe, é para isso que estou aqui, para ajudá-la com tudo e isso inclui Annya.-Ela segura minha mão, sorrindo

-Obrigada.-

-Não tem que agradecer, és a minhas imperatriz agora, e eu a sirvo.-

-Eu só consigo pensar em vingança, eu fecho os olhos e os vejo, vejo a guerra, vejo o sangue escorrendo.-

-E com razão, eles tiraram alguém importante de você, de todos nós. Mas, bem, você precisa descansar, precisa estar saudável para que vençamos.-

-Você tem razão.-Sorrio me deitando e me cobrindo com o lençol de seda.-Boa noite.-

-Boa noite.-Ela deseja já de pé, fechando a porta e me deixando só.

  Fecho os olhos e caio em um sono profundo, vejo aqueles olhos azuis intensos me encarando, vejo ele. Abro os olhos, então vejo que estou sozinha, que estou em meu quarto.
 
-Por que você não sai da minha cabeça, maldito?-Resmungo com mim mesma, me virando para o outro lado da cama- Por que eu ainda penso tanto em você?Fecho os olhos novamente.

Meu ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora