cap44- Desfecho- Bryanna

447 36 0
                                    

Bryanna Callen

  Estávamos retornando para a Áustria, levando Asher e o pai, dentre outros húngaros como prisioneiros. O maldito rei eu mandara que amarrassem uma corda em seu pescoço, e ele caminhava a pé, enquanto Frans de cima do cavalo o puxava pela corda. O príncipe e o restante eram transportados em carruagens enjauladas, uma espécie de gaiola.
  Uma parte dos dois exércitos ficaram na Hungria, para garantir as posses das novas terras que agora nos pertenciam. Eu tinha vencido, tinha vencido a guerra.
  Durante a longa viagem, alguns pensamentos assolavam a minha mente. Em especial a cena que acontecera dentro do palácio, quando estive prestes a matar Asher, mas não o fiz. E o seu amigo, o mensageiro que uma vez fora até mim levar o recado do príncipe. Eu poderia ter ceifado a vida daqueles dois traidores, mas algo tinha me impedido.
  Chegamos em Viena pela madrugada, meu lar, minha casa.

- Levem os prisioneiros.- Ordenei quando desci do cavalo e entrei no palácio.
 
  Eu queria acertar as contas com o assassino de meu pai, ah, como eu queria isso. Mas o meu primeiro instinto foi ir a procura de Annya, verificar com os meus próprios olhos se ela estava bem.
  Encontrei com ela quando atravessei a porta do salão, que veio correndo até mim.

- Bryanna!- Ela me envolveu em um abraço e eu não me preocupei no quanto estava suja, apenas retribuí o seu toque a apertando o máximo possível, era alívio que sentia em vê-la bem. - Você está ferida!- Ela concluiu ao ver o corte da flecha em meu braço e o meu corpo completamente ensanguentando, embora a maior parte desse sangue fosse dos inimigos

- Eu estou bem.- Ofereci um sorriso fraco e cansado- Nós vencemos.-

- Você... os matou?-

- Ainda não.- revelei, ela pareceu confusa- Eles estão aqui, como prisioneiros.-

- Eu sabia que venceria.- Ela segurou os meus ombros, me encarando com um sorriso. - Quando vi Carlota voltar pela manhã, eu sabia que voltaria logo, então cuidei para que tudo estivesse pronto a sua espera.- Eu dispensara Carlota e os outros criados assim que partimos para a batalha na capital, ordenei que voltassem para cá.

- Obrigada.- Agradeci e quando olhei sobre o seu ombro, vi Diana. Que assim como Annya, não se conteve em correr até mim e me abraçar

- Eu soube da vitória, você ganhou, Bryanna. Acabou.- Ela disse com o rosto colado ao meu, enquanto ainda me abraçava

- Não.- Eu a afastei com cautela. Percebi que o seu vestido e de Annya agora estavam sujos, a minha sujeira. Diana me olhou confusa- Ainda não acabou.- Pensei no coração do maldito assassino de meu pai que ainda pulsava

- Ela os trouxe.- Annya explicou a Diana, que a encarou- O rei e o príncipe, agora são nossos prisioneiros.-

- O que pretende fazer?- Os olhos de Diana se desviaram de Annya para mim

- O que todos merecem, ora. Um julgamento.- Revelei com um sorriso malicioso nos lábios

- Você precisa descansar primeiro.- Annya se aproximou, encostando sua mão delicada em minhas costas e me guiando para frente

- Vou pedir que preparem um banho quente e comida para todos.- Diana se curvou em uma reverência e se afastou

Quando cheguei em meus aposentos, me senti bem em voltar para o conforto deste lugar, meu quarto, meu palácio, meu lar. Eu me dirigi até a banheira que exalava fumaça, gemi quando senti  a água quente percorrer o meu corpo, eu recostei a cabeça na borda da banheira, exausta.
  Passei mais de uma hora ali sentada, sentindo a água, pensando. Quando saí  da banheira, me deparei com Carlota, que me esperava com um vestido exuberante em cima da cama.

- Eu trouxe comida.- Ela apontou para a mesa no canto do quarto, senti água na boca.

- Obrigada, Carlota.- Eu me dirigi até o prato farto e me saciei com toda aquela comida tão deliciosa, e o vinho fino.

- Durma um pouco, vai te fazer bem.- Ela sugeriu e eu não ousei discordar, ela tinha razão. Eu precisava dormir.

- Carlota.- Eu a chamei antes que saísse do quarto, me deitando na cama e me cobrindo

- Sim?-

- Leve um curandeiro para a cela de um dos prisioneiros- Ela me olhou confusa, um pouco surpresa - Phillip, o seu nome.- Me lembrei de quando o mensageiro me revelara, quando esteve aqui.- Ele tem um ferimento na perna, diga ao curandeiro que cuide disso.-

- Como desejar, majestade.- ela se curvou, saindo, quando a impedi novamente

-Ah.- Resmungei e ela me encarou- Também peça que ele cuide do corte na perna do príncipe.- Eu disse sem conseguir encará-la. Era o machucado que eu causara nele, quando lutamos mais cedo

- Sim, alteza.- ela assentiu e por fim saiu, me deixando sozinha. Então adormeci.
Quando acordei no dia seguinte, parei em frente a cama e encarei o vestido, não roupas de guerra, um vestido, um vestido esvoaçante, longo, não uma roupa colada e que facilitasse os meus movimentos para lutar, um vestido.
  Ele era deslumbrante, digno de uma verdadeira rainha. Era colado até a cintura, destacando os seios em um decote bem cavado em formato v, e da cintura em diante, ele caia como a própria escuridão, preto, em uma cauda com volume nas laterais. Pedras brancas bordadas a ele se destacavam, os acabamentos pontiagudos como farpas. As mangas cobriam todo o braço, com uma leve transparência, era perfeito.
  Eu o vesti e me sentei na penteadeira, meu estômago se revirou quando vi a minha aparência, as olheiras embaixo dos olhos, a profundidade nas bochechas, o cansaço estampado. Eu não queria imaginar como estava quando eu cheguei, antes de me alimentar e de dormir. Carlota pareceu ter visto a minha preocupação pelo espelho, e disse:

- São marcas de uma guerreira.- Ela falou como em um consolo, sorrindo - Mas vamos dar vida a esse rostinho.- Ela disse enquanto alcançava os produtos na penteadeira.
  Ela usou pó de arroz em minha pele, e usou algum truque que disfarçou surpreendentemente as marcas roxas embaixo dos olhos, a boca estava colorida com um tom avermelhado. Como penteado, Carlota prendeu a parte de cima de meu cabelo, deixando o restante solto e posicionando a coroa logo em cima de minha cabeça. Ela combinava com o vestido, tinha pedras pretas e diamantes.
  Eu não usava muitas jóias, apenas um colar em formato de cobra que percorria meu pescoço, e aquele anel que sempre estava ali.
  Olhei no espelho e me senti satisfeita, bonita, poderosa. Eu estava pronta para o julgamento.
  Quando entrei na sala do trono, todos me olharam de cima a baixo, se curvando. Eu caminhava com a cabeça erguida e após subir os degraus, me sentei em meu trono, o trono que fora do meu pai. Só então de frente para todos me permiti olhar quem estava ali.
  Os prisioneiros estavam acorrentados, ajoelhados ao chão, senti os olhos de Asher me encararem, mas não encarei de volta. Annya estava em pé ao meu lado, os generais Brook e Francis em lados opostos, do lado dos prisioneiros. O príncipe Oton mais ao fundo, praticamente me devorando com os olhos, o seu pai não estava aqui no entanto. Uma plateia assistia.

- Que comece o julgamento.- Declarei envolvendo meus braços aos do trono e sorrindo com sarcarsmo.

- Declarei envolvendo meus braços aos do trono e sorrindo com sarcarsmo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Meu ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora