cap25-Rainha em breve-Bryanna

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Bryanna Callen

  Já fazem dois dias que Carlotta partiu para a missão que a enviei, espero ansiosa pelo seu retorno, e sobretudo pela resposta que ela trará. Tamborilo os dedos na mesa redonda enquanto ouço distante o general e conselheiros planejarem a coroação.

-O que acha, princesa?- Arthemus pergunta me tirando de meus devaneios e todos me olham

-Está ótimo.-Respondo mesmo sem saber sobre o que exatamente ele estava perguntando, mas sei que é sobre a coroação. -Vamos encerrar por  aqui.- decido, me levantando de meu assento a mesa e deixando a sala

  O grande dia será amanhã, vão colocar a coroa que era de meu pai em minha cabeça e então serei rainha. Eu deveria estar preparada, mas os acontecimentos dos últimos dias têm assolado a minha mente como nunca.

-Frans.-O chamo quando o vejo sair da sala.-

-Sim, majestade?-

-Qual é a situação na Hungria?-Pergunto em tom discreto e ele se aproxima

-Soube que os poloneses investiram em um ataque em Pécs, mas o exército Húngaro os reprimiu, e eles recuaram.- Diz e sinto um alívio em meu peito

-Certo, me atualize dos próximos acontecimentos.-

-Como desejar, princesa.-Curva a cabeça enquanto passo

  Retomo então a caminhada até meu quarto, já é noite e eu preciso me deitar o quanto antes, preciso estar pronta e descansada para amanhã.
Sou interceptada por  Annya antes que eu pudesse completar o meu trajeto:

-Bryanna.- Me chama e me viro em sua direção

-Sim?-

-Você sabe o que houve com a mamãe? ela está um pouco estranha nos últimos dias.-

-É você que é próxima dela, não eu.- restrinjo a minha resposta seca. E embora isso me doa, eu não lhe conto a verdade, pelo menos não agora. Eu preciso organizar meus pensamentos, preciso organizar tudo que está por vir e não julgo ser esse o momento certo para contar tudo. -Eu preciso dormir.- ofereço um sorriso gentil, buscando suavizar a minha arrogância anterior.

-Tudo bem, descanse- deposita um beijo em minha bochecha e segue adiante.

Quando acordo no dia seguinte fico surpresa por ter conseguido dormir com tanta perturbação em meus pensamentos. Mas uma preocupação se torna a menos quando ouço uma batida na porta e após permitir a entrada vejo Carlotta. Praticamente pulo da cama e vou em sua direção

-Carlotta!Você voltou.-Sorrio

-Majestade.-ela me reverencia

-E então? Conseguiu falar com o príncipe Asher?-Pergunto ansiosa por tudo que ela tenha a me contar

-Eu...eu...-sua voz fraqueja

-Carlotta? Você conseguiu falar com Asher?-repito a pergunta a encarando

-Eu estava a ponto de fazer isso quando ouvi uma conversa entre ele e o pai, senhora.-Diz e me lembro da conversa que ela alegou ter escutado de minha mãe com o rei Arthur, não é possível que ela tenha ouvido outra coisa tão asquerosa quanto, mas mesmo assim, quero saber.

-Pois então me diga.-

-Eu me passei por uma serva do palácio para tentar me aproximar do príncipe, e vi quando ele e o pai entraram em um dos aposentos. Eu o segui e esperei do lado de fora até que ele estivesse só para que assim entregasse a sua mensagem a ele.-Narra os acontecimentos

-Sim...-

-E então eles começaram a discutir, o rei dizia algo sobre o príncipe tê-lo dito que a senhorita estava apaixonada por ele.-Diz e me lembro de meu acordo com Asher, quando concordamos em fingir que estávamos interessados um no outro.- O príncipe disse que vocês estavam apenas se divertindo e o rei ficou furioso.- lágrimas começam a molhar sua bochecha e o medo se instaura em seu olhar

-Por que está chorando, Carlotta? O que o rei disse?-

-Que matou o seu pai, senhorita.-Diz e abaixa a cabeça

-Isso não é possível, o meu pai morreu porque já estava doente há muito tempo. Além disso, o rei Arthur não teria motivos pra matar o meu pai, eles tinham uma aliança.-

-Eu ouvi ele dizendo que o matou para o tirar do caminho, já que ainda negava o seu casamento com Asher. Ele disse que convidou o rei a brindar, e que envenenou a bebida.-

-Não pode ser.- minha cabeça dói apenas de pensar nessa possibilidade

-Eu não consegui ouvir a conversa inteira, apenas as partes em que falavam alto. Depois o príncipe me encontrou do lado de fora e foi violento, derrubou a bandeja que eu carregava.- Seus relatos não condizem com o Asher que conheci. Ele não era o mais gentil dos homens, é claro, mas eu também não podia esperar algo tão horrível dele.
  Mas Carlotta não mentiria para mim, e o que ela me contou sobre minha mãe e o rei Arthur era verdade no final, o que me leva a creer em suas palavras.           Agora tudo faz sentido, a mudança de comportamento rude para gentil de Asher, ele estava se moldando o tempo todo, tentando ganhar a minha confiança, me enganando. Meu coração se aperta só de pensar que ele pode ter colaborado com a morte de meu pai, eu preciso de uma confirmação.
  Não me preocupo em dar qualquer resposta a Carlotta e saio disparada a procura do sacerdote, se tem alguém que pode descobrir a verdade, é ele.

-Veneno?-Ele me olha incrédulo após eu revelar minhas suspeitas

-Apenas verifique a taça. Me procure quando tiver respostas.- ordeno antes de sair. Eu não permiti que movessem sequer um pelo dos aposentos de meu pai, se a taça de vinho foi envenenada, então os resquícios ainda continuam ali.

Sentada em frente a uma penteadeira, eu permito que as criadas me preparem. Suas mãos habilidosas trançam meu cabelo em uma coroa, pintam o meu rosto, deixando as bochechas mais coradas e o olhar acentuado.
A tradição da coração é usar branco, como um símbolo de um ser puro, que  que se formará após se tornar rei ou rainha. Mas eu não vou seguir os costumes, ainda estou de luto por meu pai, usarei preto, e não um vestido qualquer, mas uma de minhas criações. Eu entreguei um de meus desenhos à costureira e pedi que ela imitasse o modelo.
  Sei o que todos vão pensar e o quanto vão me abominar, mas estou iniciando o meu reinado, e farei como o meu pai e até mesmo o possível traidor do Asher me aconselharam, serei eu mesma, farei o que eu quiser.
  Se tudo não passar de algum mal entendido, estarei pronta para enviar tropas com reforços à Hungria. Mas se eu descobrir que o que Carlotta alegou ter ouvido é de fato verídico, estarei pronta para sujar as minhas mãos de sangue, e não descansarei enquanto não ver todos os malditos assassinos de meu pai.
  Quando as criadas terminam os últimos ajustes de meu visual e colocam as jóias, me encaro no grande espelho a minha frente e gosto do que vejo.

-Majestade.-A voz do sacerdote reverbera atrás de mim e me viro para olhá-lo -Já tenho a resposta que me pediu.- Diz e me levanto.

Meu ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora