cap28-Consolo-Asher

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Asher Relish

  Após presenciar a cerimônia de coroação de Bryanna e suas declarações, voltei o mais rápido possível para a Hungria. Mal pisei no palácio e já fui interceptado por meu pai:

-Onde diabos você se meteu?-Me questiona parado à minha frente

-Não viu o meu bilhete?-Pergunto com desdém à toda sua ira perceptível

-Que tipo de idiota sai para caçar enquanto o seu país está no meio de uma guerra?-

-Que tipo de idiota mata um imperador em sua própria casa e acha que não vai ser descoberto?-Deixo escapar por fim e ele arregala os olhos

-O que disse?-

-Eles já sabem.-Suspiro desviando o olhar- Bryanna declarou guerra à Hungria em sua própria coroação.-Explico

-Como sabe disso?-

-Como eu sei não importa, o que importa é que agora teremos que enfrentar a ira de dois grandes países.-

-Céus, isso não é nada bom.-Coloca a mão sobre a cabeça, como um gesto preocupado enquanto dá voltas

-Deveria ter pensado nisso antes de ter assassinado um imperador.-
 
-O que é essa birra toda, Asher? Tudo porque matei o pai da sua namoradinha?-Ele ergue a cabeça me encarando

-Não. Tudo isso porque  você é o rei e foi estúpido, tudo isso porque você colocou o nosso futuro em jogo, porque foi um idiota e...-Começo a cuspir as palavras sinceras para fora quando sou atingido por seu punho com intensidade em direção ao meu rosto

-Eu ainda sou o rei, e sou sei pai. Fale assim comigo novamente e será você a se juntar àquele moribundo.- Ameaça entredentes

   Eu posso sentir o meu sangue ferver, os meus punhos se fecham por instinto e ameaçam devolver o golpe, mas o meu controle se sobressai e permaneço apenas calado, queimando de ódio por dentro.

-Os poloneses se retiraram.-Ele diz após se afastar um pouco de mim

-O quê?-

-Portanto não devemos comemorar ainda. Eles saíram pela manhã, mas foi um movimento muito estranho. Não devemos baixar a guarda.-

-Não duvidaria se até mesmo eles tivessem se cansado de você.-Digo desviando de seu corpo e seguindo adiante, sem dar uma chance de resposta.

   Eu e meu pai nunca fomos de brigar, sempre fomos unidos, porque sempre fomos parecidos. Mas de alguma forma, nos últimos dias eu tenho conseguido detestar ele de forma que eu jamais achasse que fosse possível.
   A noite, durante o banquete no salão, eu apenas movia os talheres pelo prato, mexendo na comida. Minha cabeça só conseguia pensar em duas coisas: Guerra, guerra, guerra, Bryanna, Bryanna, Bryanna. O que nas últimas horas se fundiu em uma coisa só.
  
-Majestade.-O general Thomas adentra o salão em uma reverência- O Duque Alvoir confirmou sua presença, e trará a sua filha, como requisitado por vossa majestade.-

-Ótimo.-

-O que está fazendo?-Pergunto ao me inclinar, diminuindo a distância entre eu e meu pai, em uma conversa que pudesse ser audível apenas para nós dois.

-Estou cuidando do nosso futuro.-

-Você não fez isso muito bem da última vez que tentou.-Digo e o vejo fechar a cara

-Achei que já tinha deixado claro mais cedo. Não quero mais uma palavra sobre esse maldito assunto.- reforça e me mantenho em silêncio- E dessa vez, você fará o que for necessário.-

-E o que vai ser necessário? Que eu mate o duque?-Pergunto em tom de ironia enquanto elevo uma das taças de prata cheia de vinho até os lábios, bebendo.

-Já chega!-ele perde a paciência socando ambos os punhos sobre a mesa, o que faz com que os pratos e taças balancem. Os outros membros voltam suas atenções para o rei, só então ele percebe que falou alto demais. -Amigos.- ele se levanta forçando um sorriso falso- Eu e meu filho iremos nos retirar do jantar, estamos exaustos. Mas peço que continuem desfrutando do banquete, e bebendo o quanto quiserem.- Diz e todos comemoram erguendo as taças. Uma balançada de cabeça em direção a porta já me diz o que ele deseja, então o sigo até o quarto.

-Está se comportando como uma criança, Asher.-Ele diz após chegarmos em seus aposentos

-E o que quer eu eu faça?-

-Eu quero que você pare de agir como uma garotinha e aja como um homem, porra!-

-Você trouxe uma guerra pra cima de nós.-

-Sim, eu matei o Callen, e sim eu trouxe uma guerra. Os fatos são esses, Asher, e agora o que nos resta é agir para consertá-los, e o que eu espero é que você refresque essa maldita cabeça e comece a raciocinar como deve.-me encara enfurecido- Eu preciso do meu filho de volta.-Dessa vez consigo sentir um pouco de melancolia em sua voz e rosto.
   Eu não tinha o que dizer, apenas acenei com a cabeça e saí de seu quarto. Não poderia voltar para o salão e continuar demonstrando toda essa perturbação que tem me assolado, então fui para os meus aposentos me deitar. Quando algumas batidas soaram na porta, assenti que pudessem entrar e vislumbrei duas belas mulheres, duas criadas com os corpos bem marcados e cheio de curvas, cabelos longos loiros, meu pai conhecia bem o meu padrão. Uma delas trazia juntamente a si uma bandeja com taças e uma jarra de vinho, ao lado um bilhete que resgatei para ler:
  "Sei que isso pode estar sendo confuso para você, mas preciso que coloque a cabeça no lugar e que volte a ser o velho Asher. Aproveite."
  Termino de ler e encaro novamente as mulheres, dois prêmios, duas formas de manipulação que o meu pai encontrou para que eu o perdoasse, para que eu esquecesse o que fez. A raiva se aquece dentro de mim, raiva por ele ter feito tudo isso, raiva por Bryanna pensar que eu seja um traidor. O desejo se acende, juntamente com a fúria, agarro uma delas pela cintura e a jogo para cima da cama, minha boca se encontra à sua em um beijo quente e raivoso. Rasgo as suas vestimentas em um movimento rápido e desfruto da consolação que o meu pai me ofereceu.

Meu ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora