capítulo 4

297 18 0
                                    

                              29

                              29

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

CONSEGUI. FINALMENTE, CONSEGUI.

Brumas & Plumas finalmente ganhou vida.

Levei uma semana inteira para aceitar o fato de que as portas se abriram, pessoas vieram, compraram coisas. Compraram coisas. De mim!

Eu consegui mesmo. Tenho e trabalho na minha bendita loja de roupas. E foi a tempo. Pelo menos foi o que pareceu. De certa maneira tinha
programado para que a inauguração coincidisse com meu 29º aniversário – na semana anterior, na verdade. No último ano, era como se eu estivesse com fogo no rabo e enfim andasse com as coisas. Se não fosse pela insistência de Noah, não sei se teria acontecido.

Acho que parte do impulso foi o fato de ele com frequência me oferecer
dinheiro para me ajudar no negócio.

Dinheiro não era a raiz do problema. Eu tinha economizado bastante ao longo dos anos e meu pai tinha me dado uma boa quantia quando terminei o ensino médio, com a ideia de que eu entraria numa faculdade cara. Em vez disso, cursei uma escola de arte por apenas um ano e guardei
o restante da grana.

As ofertas de Noah, porém, eram muito sinceras e solidárias. Às vezes, parecia ser o único a me lembrar de buscar meus sonhos. Acho que era por ter se empenhado tanto na busca dos sonhos dele. Era bom ter alguém para deixar orgulhoso. Minha família tinha sonhos diferentes para mim, desejados para meu irmão. Às vezes, eles pareciam esquecer que aqueles eram os sonhos dele, unicamente dele, e haviam morrido com ele, portanto.

Uma loja de roupas jamais fez parte desses planos. Mas era o que eu queria, ainda que eles não o quisessem. E, desde que Noah começou a me cutucar a esse respeito, decidi partir para a ação com vontade, com a cara e a coragem.

Queria mostrar a ele que poderia fazê-lo sem seu dinheiro, mas com seu apoio. Queria mostrar a meus pais que ainda estava viva, ainda estava aqui, e fazendo algo que valia a pena.

E fiz. Foi difícil. Trabalhava em horário integral na All Saints e preenchia minhas noites com pesquisas, planejamento e economia. Quase nunca saía. Tornei- me uma ermitã antissocial e, mesmo quando me enturmava, era com pessoas da
indústria: compradores, designers, vendedores, fabricantes, modelos.

Enchia cada minuto livre da minha vida com coisas e pessoas que poderiam me ser úteis.

No entanto, de alguma maneira os dias de trabalho duro se transformaram em semanas de trabalho duro, que se transformaram em meses de trabalho duro.

E então, deu nisto.

Nunca senti tanto medo como no dia da inauguração. Medo de que não viesse ninguém, que ninguém se importasse, que as roupas não saíssem das araras, que minha caixa registradora permanecesse fechada, que as comidinhas e o champanhe
que eu tinha exposto não atraíssem nem as pessoas que tivessem passando ao acaso.

se nada der certo até os 30, você se casa comigo? • Noany •Onde histórias criam vida. Descubra agora