Era para ser só uma promessa de dedinho... Noah Urrea é alto, robusto e incrivelmente bonito, um piloto de helicóptero com sotaque escocês e charme de sobra. Any Gabrielly é bonita, engraçada e uma mulher de negócios ambiciosa - e irresistível. Os d...
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OS PASSOS DE UM CONDENADO. É assim que parece. É esta a sensação de um coração partido, arrebentado, arruinado.
Nunca passei por isto antes. Espero nunca mais passar.
E o curioso é que sei que não vou.
Porque nunca mais vou entregar meu coração a ninguém. Pertencia a Any. Sempre pertencerá. E, como ela o tem, estou sem. Profundo é, talvez. Mas estou numa tristeza tão fodida, num abismo tão fodido, que não tem como sair dessa. Só há um buraco sem fim dentro de mim, que continua se aprofundando. O dia todo. Todos os dias.
Dizem que as noites são piores. Acho que são as manhãs. É nas manhãs que estendo o braço na cama para agarrá-la e não toco nada além de ar.
É nas manhãs que ninguém me dá bronca por beber o suco de laranja direto da embalagem. É nas manhãs que faço ovos mexidos só para uma pessoa, que não tenho motivo para dirigir até o distrito Mission, que faço café demais porque não sei como fazer menos.
É nas manhãs que não posso me despedir dela com um beijo.
Nunca mais vou poder beijá-la.
Perdi-a. Deixei que se fosse. Totalmente.
Só para aplacar a minha consciência.
Só para sentir que não fiz nada de errado.
Pela primeira vez na vida cedi a Josh, e começo a achar que comecei errado. De qualquer maneira, tudo despencou em cima de mim.
Alguns dias depois de ter terminado com Any, não conseguia nem me encontrar com Josh. Se ele sempre teve algum tipo de ressentimento contra mim, eu estava começando a me ressentir dele. Estava começando a culpá-lo por tudo.
No dia antes da véspera de Natal ele me convida para ir à sua casa. Não está trabalhando. Quer beber alguma coisa, mas não no Lion.
Então vou até lá. Levo uma dúzia de cervejas, porque é isso que os amigos fazem.
A porta está aberta. Josh mora num prédio de merda, sem elevador, mas fez um belo trabalho de decoração no seu apartamento. Mesmo assim, a vizinhança não é das mais simpáticas.
– Acho que você devia trancar a porta – digo-lhe ao entrar, passando a chave.
Ele está sentado no encosto do sofá, me olhando fixo, como se estivesse o tempo todo esperando que eu entrasse.
– O que foi? – pergunto, colocando a caixa de cervejas na mesa da cozinha. O cômodo cheira a fumo, mas não dá para saber se ele está alto ou não. – Por que você está com cara de maluco, meu?
– Não posso acreditar que você mentiu pra mim – ele diz, o rosto assustadoramente pálido, e é então que sei que está tudo perdido. É quase um alívio.