Ainda Amo Você - Flagui

Desconfiança

Enquanto bebericavam, sentadas no sofá, suas taças de vinho e devoravam uma pizza gigante, Paula e Flávia falavam sobre a troca de emprego da garçonete.

-Flávia, por que quer trabalhar naquela empresa se você e o Guilherme não suportam ficar dois minutos no mesmo ambiente sem brigar? – Paula indagou enquanto bebia mais um gole de seu vinho.

- A empresa paga bem, apesar de o cargo ser de auxiliar, pode ser bom para o meu currículo. Não quero ficar a vida toda sendo garçonete e dançarina de pole dance...

- E... – Paula incentivou Flávia a continuar.

- E o quê? – Flávia falou encarando a amiga – Eu não tenho segundas intenções com isso não. - Disse se esquivando.

- Flávia...Flávia, você acha que me engana, né? – Riu a mulher com pijama de seda laranja.

- Está bem...eu quero me vingar do Guilherme...fazer ele engolir cada palavra que me disse...vou fazer ele se apaixonar por mim, depois vou chutá-lo como uma bola de futebol para bem longe. – Falou com raiva e dor nos olhos.

- Você vai se machucar, garota. Toma cuidado! – Após Flávia revirar os olhos, Paula continuou mudando de assunto – Ok, mas você possui qualificação para a vaga de assistente? – Perguntou a loira enquanto limpava os lábios com guardanapo. – A MB Software é uma empresa de tecnologia que está em ascensão, deve ter um monte de gente com currículos incríveis concorrendo a vaga.

- Então... – Flávia pausou para terminar de mastigar um pedaço de pizza, colocando a mão livre em frente aos lábios – a vaga é para assistente, me informei lá e é para fazer de tudo, desde servir cafezinho, se for preciso, até auxiliar no anúncio do app, esclarecer dúvidas de clientes, essas coisas. – Bebeu mais um gole de vinho e continuou empolgada – A única exigência é ensino médio completo e isso eu tenho, ou seja, nada me impede de trabalhar lá. – Falou confiante.

- Bom, na verdade, tem um certo presidente, que, por acaso, é seu ex-marido e não quer te ver nem pintada de ouro, que pode, por acaso, te impedir de trabalhar lá. – Falou gesticulando, mordendo mais uma fatia de pizza.

-Mas como você disse, Paulinha, ele é o presidente da empresa, não deve se importar com quem vai ser contratado para a vaga de assistente – Disse tranquila.

- Tomara né! – Paula disse se levantando e mudando de assunto– Bom... já está bem tarde. Dorme aqui hoje? Amanhã você vai para a entrevista direto. O que acha?

-Acho ótimo. Você me empresta uma de suas roupas belíssimas para eu usar na entrevista amanhã? – Paula assentiu contrariada – Obrigada, Paulinha – Deu um beijo na bochecha da amiga sorrindo – Te amo.

- Te amo também, garota, mas já disse que não precisa dessa melação. Venha – Disse estalando os dedos - Dorme comigo na minha cama, hoje eu deixo – Flávia, que amava dormir na cama da amiga, por ser bem espaçosa e confortável, deu pulinhos de felicidade.

***

Em sua mansão no Leblon, Rose conversava com seu irmão, Antônio, que acabara de voltar da Europa, e com seu pai, Edson Costa Grava, um dos homens mais ricos do Rio de Janeiro e principal investidor da MB Software.

- Eu admiro muito o Guilherme, é um engenheiro muito competente e administra a empresa com maestria, mas essa atitude dele de não te ouvir, minha querida filha, e não focar apenas no lucro me faz questionar o investimento que fiz no projeto dele. – Falou com o cenho franzido enquanto enchia dois copos de uísque na sala de estar.

- Ah, papai, hoje ele agiu de maneira estranha, mas vou dobrá-lo – Disse Rose com um sorriso nos lábios, pegando um copo da bebida oferecida pelo homem mais velho.