Sentimentos

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Flávia interrompeu o beijo em busca de ar, ofegante. Guilherme, com a respiração descompassada, manteve suas mãos firmes na cintura estreita e nos cabelos sedosos da garota, enquanto ela pressionava, com força, os braços fortes dele, com seus pequenos dedos, para equilibrar-se na ponta dos pés. Quando eles, depois de algum tempo em silêncio e olhos fechados, tentando regular a respiração e assimilar o que havia acabado de acontecer, tomaram coragem e abriram os olhos, não conseguiram dizer nada.

Flávia se sentia confusa. Quando se casou com Guilherme não o amava como ele a amava, apenas confiava nele, queria o bem dele, estar junto dele e havia, muitas vezes, se sacrificado por ele.

Pensou que estaria imune aos beijos e toques de Guilherme, por isso pediu o beijo.

Mas... seus lábios pareciam estar com saudades dos dele, sua pele se arrepiou diante daquele toque, seus sentidos foram inebriados pelo hálito quente e perfume marcante dele, suas pernas estavam bambas, seu coração estava agitado e lento, ao mesmo tempo, dentro do peito...o que estava acontecendo?

Guilherme, por sua vez, estava revirado. Sempre a amou desde o primeiro dia que a viu e esse sentimento não morreu como ele desejou desde o divórcio.

Pelo contrário.

Aumentou.

E o beijo que ela pediu, e ele não hesitou em dar, era a prova disso...continuava completamente entregue a ela. Sabia que não deveria tê-la deixado voltar para a sua vida, muito menos ter sentido aqueles lábios macios e corpo pequeno contra o seu outra vez, porque sabia que não teria forças para afastá-la. Seu corpo implorava para fugir dali com ela para matar aquela saudade, e torna-la sua novamente.

Mas, ela não era sua.

Nunca foi, na verdade. Ela nunca o amou, como ela mesma disse no dia do divórcio. Só podia estar jogando com ele, brincando com seus sentimentos. E ele estava caindo direitinho. Como podia ser tão vulnerável a ela?

- Flávia! Flávia! – A voz de Antônio aumentava conforme ele subia as escadas e se aproximava do segundo andar, o que os tirou do transe. Flávia assustada empurrou Guilherme que soltou as mãos que a prendiam pela cintura e pelos cabelos da nuca.

Quando Antônio chegou no local onde Guilherme e Flávia estavam, franziu o cenho.

- O que estão fazendo aqui? – Perguntou intrigado.

- Ah – Guilherme falou, limpando a garganta – E-eu vim fazer uma ligação e a senhorita Flávia estava por aqui tentando encontrar o banheiro...eu estava mostrando a ela. É ali – disse apontando para a porta fechada.

- Obrigada, senhor Guilherme! – Agradeceu, com a voz falha, saindo em disparada para o banheiro e trancando-se lá, com as mãos e o corpo trêmulos.

- Vocês vivem se encontrando, né? – Antônio, claramente incomodado, constatou.

- Coincidência, Antônio! – Falou tentando não transparecer o que havia acabado de acontecer – Você não vem? – Perguntou quando fez menção de voltar para a festa no jardim, mas o garoto continuou parado.

- Não! – Disse sorrindo – Vou esperar a Flávia – Apontou para a porta do banheiro, fazendo o sangue de Guilherme ferver de irritação. – Para garantir que ela não se perca por aí de novo.

- Claro – Confirmou, contrariado, voltando para a festa.

Assim que chegou na festa, completamente distraído e absorvido pelos últimos acontecimentos, Luca foi até ele.

- E, aí, o beijo foi bom? – Perguntou bem-humorado.

- Hã? Que beijo? Não fale besteira, Luca. – Falou, bebericando uma taça de vinho entregue por um garçom, e olhando para a porta da enorme casa que dava acesso ao jardim, como se estivesse esperando alguém sair por ela.

Ainda Amo Você - FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora