Medo

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Durante a noite, Guilherme não conseguiu dormir. Toda vez que fechava os olhos, lembrava-se do beijo de Flávia, e de todas as sensações e sentimentos que despertaram dentro de si. Mas, as palavras de Antônio – dizendo que estava apaixonado por ela e que se declararia em breve – ainda ecoavam em sua mente.

A mera possibilidade de Flávia sentir o mesmo por Antônio tirou seu sono e a fome no dia seguinte, o que Luca prontamente percebeu ao visita-lo antes de iniciar o trabalho.

- Guilherme, o que houve? Você não tocou no café, está aéreo – Pontuou preocupado, antes de beber sua vitamina de banana com abacate.

- Nada! Não houve nada – Garantiu bebendo um gole de café puro. Entretanto, como o homem forte de cabelos compridos balançou a cabeça negativamente, demonstrando não acreditar em suas palavras, confessou com dificuldade em soltar as palavras – Na verdade, ontem...Antônio me confidenciou estar apaixonado por Flávia...disse que vai se declarar para ela, e se ela também o quiser...vai sair da empresa e....namora-la - Luca o encarava de olhos arregalados e sobrancelhas arqueadas.

- Bom, isso era meio óbvio, né? – Guilherme franziu o cenho – Ela é livre, bonita e inteligente; é claro que despertaria o interesse de outro homem, ainda mais quando trabalham juntos – Disse com pesar, ponderando as próximas palavras – E ela pode querer ser cuidada e amada por alguém...principalmente, quando o ex-marido só a maltrata.

- Mas o que você quer que eu faça? – Perguntou com nervosismo na voz, levantando-se, após depositar o copo de café na bancada de sua cozinha, e colocando uma de suas mãos no bolso da calça, enquanto a outra passeava por sua testa, angustiado.

- Eu?! Nada! O que você quer fazer? Você vai abrir mão dela ou vai tentar fazer dar certo mais uma vez? – Questionou.

- Não sei, Luca...não sei se estou preparado para ouvir, de novo, que ela não me ama – Falou encostando-se na parede e cruzando os braços sobre o peito, sem focar os olhos em nada – Ou, pior...que ela ama outro.

                                                       ***

Enquanto Flávia terminava o relatório sobre a adesão do restaurante "China" da Tijuca ao aplicativo, Antônio chegou para trabalhar, sorrindo e nervoso.

- Antônio, bom dia! – Flávia o cumprimentou, franzindo o cenho ao perceber o nervosismo e entusiasmo do amigo – Aconteceu alguma coisa?

- Bom dia! Não, não aconteceu nada – Falou, sentando-se em sua cadeira, ao lado dela – Que belo dia, não é mesmo? – Flávia sorriu, confusa.

- É uma manhã normal, igual às outras – Respondeu simplesmente, analisando alguns papéis.

- Não, para mim é uma linda manhã. Flávia, podemos fazer algo, juntos, depois do trabalho? – Perguntou apreensivo.

- Na verdade, a Vanda, os gêmeos e eu vamos jantar num restaurante novo aqui perto, você quer ir também? – Perguntou sem desgrudar os olhos do computador.

- Sim, eu quero! Depois te levo em casa, pode ser? – Propôs ansioso com a resposta dela.

- Tá bom! Mas, agora, precisamos conversar com dois comerciantes. Vamos! – Disse levantando-se e dando tapinhas no ombro do amigo que ainda estava sentado.

- Vamos passar a manhã toda juntos? – Questionou sorrindo, levantando-se – Que boa notícia! – Comemorou quando a moça assentiu.

- Quero ouvir você falar isso quando tiver insolação – Riu – Não se atreva a desmaiar – cutucou o rapaz com o cotovelo, sorrindo, enquanto caminhavam em direção à saída.

Ainda Amo Você - FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora