Perda

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Rose estava sentada à mesa, sozinha, pois seu irmão havia saído com Gabriel - seu amigo que acabara de voltar da Inglaterra -, para beber e esquecer a rejeição de Flávia ao seu amor; e seu pai estava em uma reunião. Ela, irritada e nervosa, sequer tocava no filé de salmão com legumes disposto perfeitamente em seu prato, uma vez que não conseguia falar com seu noivo desde a noite anterior na qual ele a repreendeu para defender Flávia.

Flávia, sempre Flávia....

Sem apetite, Rose levantou-se da cadeira, jogando o guardanapo de pano na mesa, mas antes que ela alcançasse a escada, a voz grave e furiosa de Guilherme ecoou no ambiente. Assim que o homem viu Rose, olhando-o como se nada tivesse acontecido, quis esganá-la, pois por causa das ameaças infames dela, Flávia havia o repelido e sofrido. Ele sentiu seu corpo inteiro ferver de raiva e indignação.

- Rose! – Guilherme entrou na mansão sem ser anunciado, pois já era conhecido pelos funcionários.

- Meu amor – Ela sorriu, tentando parecer despreocupada – Finalmente você veio me ver! – Ela caminhou até Guilherme, mas foi impedida de abraça-lo, pois ele segurou seus braços pelo punho, antes de alcança-lo.

- Como você tem coragem de agir como se nada tivesse acontecido, Rose?! – Perguntou, franzindo a testa, indignado com a falsidade da, até então, amiga.

- Do que você está falando, Gui? – Retrucou, confusa, sentindo uma leve pontada de angústia com o olhar gélido que ele lhe lançou.

- Não se faça de desentendida, Rose! A Flávia me contou tudo – A mulher empalideceu, desvencilhando-se das mãos dele.

- Tudo o quê? – Ela deu alguns passos pelo ambiente, ficando de costas para ele, numa tentativa de disfarçar seu tremor e pânico com a notícia. Será que... não, não pode ser. Flávia não seria tão mesquinha assim! A mulher pensou.

- Ah, por favor, Rose! – Cuspiu as palavras, irritado, enquanto ela virava-se novamente de frente para ele.

Ele passou as mãos no cabelo, tentando se controlar. Não por Rose, mas por Flávia que, antes de se despedir dele no carro e de garantir que o esperaria na casa deles naquela mesma noite, o fez jurar que não cometeria nenhuma loucura que colocasse a empresa em risco ou o prejudicasse. Guilherme olhou diretamente para a sua sócia que se fazia de desentendida e explicou para que ela não tivesse dúvidas.

- Ela me contou sobre a ameaça de tirar tudo de mim, inclusive a empresa. Eu confiava em você, Rose... eu te considerava uma amiga – Falou com asco da mulher – Eu mantive esse noivado falso por consideração a você, e você me trai dessa maneira baixa? – Ele franziu o cenho, magoado e revoltado – Bom, já que você não teve a menor consideração por mim e nem por nossa amizade, não tenho motivos para ter qualquer consideração por você, não é mesmo? – Falou com raiva na voz e nos olhos – Está acabado esse noivado falso que você inventou para me prender. Finalmente acabou! – Ele disse retirando a aliança do bolso e jogando-a em qualquer lugar da sala, enquanto Rose inundava o rosto com as lágrimas – Espero que você repense o que fez e nunca mais ameace quem eu amo – Rose não disse nada. Só conseguia sentir ódio. Ódio de Flávia. Desgraçada!

- Gui, eu ... posso explicar – A mulher tentava falar em meio aos soluços.

- O que você vai explicar, Rose? O que vai dizer? – Vociferou – Que me tratou como um objeto seu, que ameaçou a Flávia dizendo que tiraria tudo de mim. Que tipo de pessoa você se tornou, Rose? Eu não a reconheço mais!

- Gui... eu estava com ciúmes, com medo de te perder. Qualquer mulher faria o mesmo. Eu te amo tanto, não quero te perder!

- Você nunca me teve, Rose! Até hoje, eu a considerava uma amiga querida... mas agora nem isso você é mais. A única relação que teremos de agora em diante será profissional!

Ainda Amo Você - FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora