༺ 21 ༻

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Jiang Wanyin sai na manhã seguinte e Lan Wangji retorna às suas funções como antes. Felizmente, não há delegações planejadas para a próxima semana. Ele acha que está respirando um pouco mais aliviado, o que também pode ser em parte devido à escolha de deixar seus deveres cedo o suficiente para que ele possa voltar para casa antes da hora de dormir de Heyun.

Heyun corre até ele e está em seus braços no momento seguinte, se contorcendo em um abraço.

— Diedie, Baba e eu fizemos borboletas talismãs hoje e as minhas voaram!

Lan Wangji olha para Wei Ying, que está sorrindo para ele. Ele está cercado por pedaços de papel descartados e restos de talismãs usados.

— É verdade. Nós nos tornamos um cultivador.

Lan Wangji, com o coração batendo forte dentro do peito, se vira para Heyun.

— Como você fez a borboleta voar?

— Baba me disse para pensar muito, muito , puxar da minha barriga e respirar muito fundo, e quando o fiz, a borboleta bateu as asas! — Ele demonstra com os braços.

Wei Ying lentamente se levanta e caminha até eles. Lan Wangji o vê fazer um movimento em direção a Heyun, então pare - Heyun é grande demais para Wei Ying carregá-lo com a barriga no caminho.

— Meu pequeno cultivador — diz Wei Ying, apertando o nariz de Heyun, para o deleite de Heyun. O peito de Lan Wangji se contrai. Ele perdeu os primeiros passos de Heyun, e hoje, ele perdeu seu pedaço de cultivo. Ele faz o possível para não deixar transparecer em seu rosto e dá um beijo na bochecha de Heyun. — Muito bem.

Heyun ri e começa a se contorcer em seus braços. Cada vez mais, ele busca a independência de movimento, não se contentando mais em ficar em seus braços até que se cansem. Lan Wangji o coloca no chão e observa enquanto seu filho corre para os detritos de um dia de trabalho e pega um talismã novo.

— Quer ver?

Mais do que tudo no mundo. Lan Wangji e Wei Ying se aproximam e se sentam, de frente para Heyun.

— Ok, agora, lembre-se - no fundo de sua barriga, certo? — Wei Ying pega o talismã dele e, com um movimento de seus dois dedos, o talismã se transforma em uma borboleta que começa a cair no chão.

Heyun fecha os olhos, respira longa e profundamente, então abre os olhos e – a borboleta bate uma, duas vezes, pairando no ar, antes de fazer sua descida final para o chão. Heyun pula e bate palmas, enquanto Lan Wangji está congelado no chão, incapaz de reagir, porque como alguém começa a reagir a milagres?

— Não é um acaso! — Wei Ying canta, agarrando Heyun para ele. — É isso. Começamos a esgrima amanhã.

— Wei Ying.

Wei Ying se vira para ele, os olhos rindo, e diz:

— Eu sei, eu sei. É muito cedo, ele é muito jovem, sim, sim, sim.

— Eu quero esgrima! — Heyun protesta. — Baba, vamos esgrima amanhã?

Algo de seus sentimentos deve aparecer no rosto de Lan Wangji, porque a expressão de Wei Ying fica séria. Ele se vira para Heyun e diz:

— Por que não esperamos um pouco por isso, hein? Amanhã, Heyun estará com seu tio, e quem sabe o que ele vai deixar você fazer?

Heyun bate palmas, a esgrima aparentemente esquecida no momento.

— Ele vai ler para mim?

— Ele vai ler para você tudo o que você quiser — Wei Ying garante a ele.

Lan Wangji, sem saber desse plano, tenta chamar a atenção de Wei Ying, mas Wei Ying o evita completamente. Só depois de colocarem Heyun na cama é que Lan Wangji prepara um banho para eles e pergunta:

— O que vai acontecer amanhã?

Wei Ying lhe lança um olhar enquanto ele continua a se despir.

— Uma caçada noturna surgiu. Eu pensei em ajudar Sizhui.

Lan Wangji para com a mão na borda da banheira.

— Uma caçada noturna?

— Mn. Um distúrbio de algum tipo em uma aldeia a não muito longe daqui.

— Wei Ying--

— Eu não estou doente, Lan Zhan. — Wei Ying se vira para ele com um olhar de aço do tipo que Lan Wangji não via há anos. Isso faz com que sua respiração fique presa na garganta.

— Eu entendi aquilo. — Ele não sabe como dizer, por favor, não faça isso sem perturbar Wei Ying. Ele não sabe dizer, se alguma coisa acontecesse com você ou com o bebê, eu não saberia viver sem soar melodramático. Ele não sabe como dizer nada, então fica quieto, observando o rosto cauteloso de Wei Ying.

— Eu sou capaz, Lan Zhan. — Ele avança em direção a Lan Wangji e Lan Wangji experimenta uma terrível sensação de déjà vu, impotente diante da vontade de ferro de Wei Ying.

— Eu sei que você é.

— Sizhui estará lá, assim como alguns dos discípulos juniores. Você sabe o quão forte é um cultivador como Sizhui.

— Eu sei o quão forte você é um cultivador.

Wei Ying faz uma pausa. Eles estão a alguns passos de distância. Wei Ying está só de camiseta e calça, e não parece frágil com a barriga inchada. Ele parece poderoso. Ele se sente poderoso para Lan Wangji, como se sua vontade sozinha pudesse compensar sua falta de núcleo dourado. Lan Wangji engole e se vira para encará-lo completamente. Ele respira e toma uma decisão.

— Posso me juntar a você, então?

Wei Ying franze a testa e o observa, como se tentasse calcular quanto disso é a proteção de Lan Wangji, quanto disso é desconfiança e quanto disso é o próprio interesse de Lan Wangji. Verdade seja dita, Lan Wangji não tem certeza se conhece a si mesmo. O que ele sabe é que a ideia de Wei Ying sair por conta própria (Sizhui é um jovem muito capaz, com certeza, mas ele é jovem) faz seu pulso acelerar e uma sensação doentia se forma em seu intestino.
Ele confia em Wei Ying, mas não confia no que quer que esteja causando a perturbação.

— Você tem seus deveres — Wei Ying o lembra com um tom bastante neutro.

Como se Lan Wangji pudesse se concentrar em seus deveres com Wei Ying em uma caçada noturna.

— Eles podem esperar.

Wei Ying levanta uma sobrancelha eloquente, mas não diz nada.

Lan Wangji dá dois passos à frente e pega as mãos de Wei Ying.

— Quando assumi o cargo de Chefe Cultivador, foi para promover a justiça e proteger aqueles que mais precisam. — Agora ele está enterrado em disputas mesquinhas e correspondências entorpecentes. — Permita-me acompanhá-lo para que eu também possa ajudar.

Wei Ying demora um pouco para responder. Sua teimosia, Lan Wangji sabe, não permitirá que ele ceda facilmente. E, no entanto, lá está novamente – o amor que Lan Wangji aprendeu a ver em cada inclinação da cabeça de Wei Ying, a forma de sua carranca. Ele espera. Finalmente, Wei Ying fala.

— Tudo bem. Mas você deve me permitir fazer o que eu tenho que fazer.

Depois de uma batida, Lan Wangji acena com a cabeça.

Wei Ying relaxa. Um sorriso torto até se forma em seu rosto, transformando-o mais uma vez.

— Nós não saímos em uma caçada noturna juntos há algum tempo, Lan Zhan. Isso vai ser divertido.

Lan Wangji espera fervorosamente que sim.

Acidentes Acontecem • Wangxian !Onde histórias criam vida. Descubra agora