A inofensiva (Supercorp)

Capítulo 3

  Quando chego em casa todas as luzes estavam apagadas com isso ligo a luz da sala fecho a porta e coloco minha bolsa no gancho onde tomo antes de ir até o banheiro onde tomo um banho frio pois começara a fazer calor, saindo do banheiro somente de toalha seguindo em passos lentos até o meu quarto coloco uma roupa mais confortável amarro meu cabelo desajeitadamente por preguiça de penteá-lo e acabo soltando um bochecho me fazendo olhar para a cama sentindo uma imensa vontade de me deitar só não faço isso por encontrar um bilhete dizendo:

"Não durma sem comer

pode fazer mal."

  Com um sorriso tiro o bilhete o dobrando gentilmente antes de joga-lo no lixeiro saindo do quarto indo em direção a cozinha onde tiro um prato de comida da geladeira o colocando 40 segundos no micro-ondas me sentando no balcão enquanto esperava, o problema em dividir a casa com alguém com um horário diferente do seu é ter que suportar o silencio que a casa ficava nesses momentos. Não que eu o odeie, só que as vezes me lembra que estou sozinha, antes que eu ficasse mais abatida pelo meus próprios pensamentos escuto o alarme soar me fazendo pegar o prato pelas bordas tentando não me queimar como já acontecera uma vez.

  Em passos lentos ou até o sofá ligando a TV tentando não me sentir tão sozinha com as vozes das pessoas do programa, ainda assim naquela hora da noite o apartamento passava a sensação de vazio devido as paredes e móveis parecerem tão distantes um dos outros, como uma parte da minha vida. 

  Acho que terei que baixar um pouco os meus critérios se não quiser virar uma velha dos gatos ou melhor cachorros sou alérgica a gatos, talvez de plantas, gasto um tempo assistindo programas aleatórios até que sem notar pego no sono sentada no sofá, não sei quanto tempo passei assim acordando com um leve toque no ombro. Quando abrir os meus olhos me deparo com Kara abaixada na altura da minha visão sorrindo docemente ainda que parecesse um pouco cansada.

  -- Creio que você está no meu lugar -- disse num tom bem humorado tirando a mão do meu ombro.

  -- Boa noite -- disse sonolenta passando uma das mãos pelo rosto tentando afastar um pouco do sono.

  -- Está mais para boa madrugada, agora vem dorminhoca vou te ajudar a chegar no quarto -- disse Kara me dando o braço para que levantasse.

  Sem muita vontade por conta do sono bocejando um pouco me deixo ser levada não pronunciando uma única palavra colocando meu braço ao redor do ombro de Kara a usando como apoio, por causa da proximidade notei um sútil odor de cigarro e alguma bebida misturado com outro cheiro que estava fraco demais para que pudesse definir, talvez ela estivesse usando um perfume ou aquele seja o cheiro de seus feromônios que por ser beta era muito fraco e normalmente ninguém notaria se não convivesse por muito tempo com a pessoa, ainda assim a Kara era estranhamente sem cheiro boa parte do tempo. Estranhando o fato de nunca ter notado isso antes, sou tirada dos meus pensamentos quando sinto sua mão ficar um pouco mais firme na minha cintura, porém assim que isso acontece Kara afrouxa o aperto rapidamente mantendo o apoio, mas quase não tocando.

  Apesar da Kara estar ali pude sentir uma distancia emocional que não existia antes, estranhando aquilo virei meu rosto em sua direção a vendo frangir a testa como se algo a irritasse, mesmo com a sombra em seu rosto devido a pouca iluminação ambiente notei uma pequena cicatriz em sua sobrancelha que não tinha visto antes, sem que eu pudesse conter a vontade a toquei atraindo sua atenção.

  -- Sim? -- questionou ela com seus olhos presos em meu rosto me dando vontade de fugir daquele olhar.

  Eu não sabia o que dizer, afinal só havia sentido uma vontade repentina de tocar em seu rosto, mas agora com sua atenção em mim desejei não ter sucumbido a essa vontade, sobre aquela luz Kara parecia uma pessoa diferente era como uma sombra se misturando as outras com um leve tremor de raiva emanando de si que me deixava inquieta e antes que pudesse conter perguntei: