A inofensiva (Supercorp)

Capítulo 19

  Eu não conseguia acreditar no que acabara de ouvir e mal havia digerido a informação da "irmã" direito.

  -- A minha irmãzinha aqui -- disse a loira puxando Kara para si apontando para seu rosto que no momento havia uma expressão de desgosto enquanto segurava no braço que lhe mantinha presa -- é uma alfa lúpus, não parece eu sei e acredite isso é um elogio.

  -- Alfa? -- questionei sentindo a minha bile subir por minha garganta me fazendo tampar a boca com uma das mãos por reflexo antes de levantar a cabeça -- Kara você é uma alfa?

  -- Droga, droga, droga! -- esbravejou Kara se soltando colocando suas mãos na cabeça começando a andar em círculos parando bruscamente farejando o ar parecendo ficar ainda mais irritada voltando a puxar sua irmã pela gola da jaqueta falando entre os dentes -- você, fugiu, faltando apenas dois dias pro seu cio?

  -- E tinha momento melhor? A guarda sobre mim diminuiu -- respondeu novamente se soltando ajeitando sua gole.

  -- Chaves -- disse Kara estendendo a mão em minha direção.

  Demorou meio segundo para que entendesse o que ela queria apesar da confusão em minha mente devido a situação.

  -- Está com o Caio -- respondi a vendo quase sair correndo sem me dar a chance de voltar a questiona-la.

  -- Então você é a ômega que mora com a minha irmã. -- Aquilo não soara como uma pergunta, agora com a iluminação suficiente pude enfim notar alguns detalhes que a distância e descobertas chocantes não me permitiram, a loira do meu lado possuía um tom de pele mais claro que sua irmã gêmea sem qualquer marca do tipo que fosse, media pelo menos 6 cm a mais que Kara evidenciado por suas longas pernas, seus olhos eram de um azul quase verde e apesar da inegável semelhança com a irmã nenhuma delas poderia ser confundida pela outra, sem contar o cheiro de seus feromônios que estavam entre flores silvestres e frutas cítricas se revelando uma ômega lúpus.

  -- Como...?

  -- O cheiro dela está impregnando em você -- respondeu antes que eu pudesse terminar a pergunta -- é fraco já que ela suprime, mas está aí e sendo sincera o seu está mais presente nela do que o inverso.

  Antes que pudesse processar mais aquela informação a sinto afastar a gola de minha camisa revelando a marca a fazendo abrir um sorriso divertido antes de tirar a mão logo em seguida.

  -- A Kate vai adorar isso -- disse sem se esforçar em esconder seu divertimento -- vai dar uma bronca daquelas, depois vai zoar tanto a Kar e vou fazer questão de ajudar.

  Aquilo me desconcertava ainda mais, o que a minha marca tina haver com a Kara? E quem diabos era Kate?

  -- Vamos -- chamou Kara cortando a minha linha de pensamento com as chaves em mãos afrouxando o nó de sua gravata ainda transmitindo um ar irritado dava quase para ver a energia crepitar ao seu redor.

  -- Você vem junto meu anjo -- disse Melissa depois de se levantar me chamando com o dedo me deixando surpresa.

  Por breves momentos pude ver a briga silenciosa das irmãs transmitida pela troca de olhares entre elas.

  -- Sabe que já está num ponto sem volta, né? -- questionou sua irmã de forma simples -- pelo próprio bem dela vai ter que leva-la conosco.

  -- Droga -- disse entre os dentes antes de sinalizar para que eu a seguisse, ação que claramente não queria.

  Tudo aquilo estava me surpreendendo nunca tinha visto Kara tão irritada antes e não poderia dizer que gostaria de vê-la assim novamente, aquela imagem não parecia se encaixar com minha colega, mas o que eu poderia saber? Afinal nos últimos minutos acabei descobrindo que ela tinha uma irmã gêmea que nunca havia sequer mencionado antes e que era uma alfa lúpus não uma beta como me fizera acreditar.

  Novamente fui tomada por uma forte ânsia me fazendo mais uma vez levar a mão a boca rapidamente a tampando parando de andar no mesmo momento ficando imóvel logo depois da porta de saída perto de onde meu carro estava estacionado.

  -- Lena respira devagar -- pediu Kara um tom calmo e gentil tocando em meu rosto me fazendo olha-la nos olhos -- eu sei que está difícil digerir toda essa informação, mas não deixe isso te derrubar, não agora, eu prometo que explico tudo, mas você precisa se acalmar.

  Como por passe de mágica a neblina que tomara a minha mente se dissipara e minha respiração que não notara está desregular voltava ao normal, como se tivesse em busca de apoio seguro um dos seus braços sentindo sua mão me fazer carinho limpando as lágrimas que também não havia notado soltar.

  -- Isso seria muito fofo, se essa situação toda não fosse causada por sua próprio teimosia Kar -- disse Melissa batendo uma única palma deixando suas mãos juntas.

  -- Melissa você calada é uma poeta -- esbravejou Kara voltando ao seu ar irritadiço, porém ela não soltou o meu rosto ou parou de fazer o carinho me deixando calma e acalmando a si mesma voltando em seguida seu rosto em minha direção -- está melhor?

  Sem conseguir reunir forças o suficiente para responde-la me limito a confirmar com a cabeça incerta de como ainda conseguia ficar sobre os meus pés.

  -- Vem eu te ajudo a chegar no carro -- disse a maior se oferecendo como apoio que prontamente aceito por não saber se conseguiria me firmar no primeiro passo ou nos que seguiriam sentindo minha náusea diminuir, mas não ir embora.

  Divagar e com cuidado Kara me leva até o carro me sentando no banco da frente a vendo ir até o outro lado colocando a chave na ignição.

  -- Você vai dirigir? -- questionei surpresa ao vê-la do lado do motorista.

  -- Lena você bebeu e não sabe o caminho, já a minha irmã é uma lunática no volante dirige como se estivesse um rali, então enquanto eu estiver sã não o deixaria tocar no volante -- respondeu Kara tirando a gravata a jogando em direção a irmã no banco de trás se encostando ainda mais no próprio banco fechando os olhos respirando fundo ficando assim por breves segundos antes de se ajeitar colocando o cinto -- não tenho carteira, mas sei dirigir e conheço o caminho, agora durma um pouco a viagem vai ser longa.

  Lena parecia relutante em ceder ao meu pedido, porém acabara por se render ao cansaço do dia, eu mesma queria poder fazer o mesmo, mas ainda não era o momento para me render ao meu próprio cansaço.

  -- Sabe que ela se sentiria melhor se você liberasse os seus feromônios, não é? -- perguntou minha irmã se inclinando em minha direção batendo o dedo levemente em meu braço.

  Sabendo que não conseguiria responde-la sem jogar minhas frustações em cima dela decido jogar meu colete no lugar mantendo minha boca fechada principalmente porque apesar de irritantes as palavras de Mel estavam certas.

  -- Para que eu não virei cabideiro -- reclamou jogando aquele pedaço de roupa para longe -- e você sabe que estou certa.

  -- Mel você sabe muito bem que só consigo lidar com um problema de cada vez, então cala a boca e durma -- disse a vendo se contrair levemente, não havia usado minha voz de alfa odiava fazê-lo e isso era uma das poucas coisas que minha loba concordava comigo, mas era muito provável que os meus olhos tivessem adquirido um tom vermelho sangue denunciando o quão perto estava do meu limite.

  Vendo os próprios olhos de Melissa ficarem lilás em resposta aos meus volto a me concentrar na estrada ciente que aquilo significava que a loba de minha irmã entendera o aviso não demorando a convencer sua outra parte a fazer o que pedira.

  -- Esse dia está sendo longo e ele mal começou -- disse quase num sussurro tentando conter a repulsa por mim mesma devido as minhas ações.

Continua...