Capítulo 7

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A minha médica era uma beta de 1,65 cm de cabelos loiros um pouco cheinha usando uma camisa florida por baixo do jaleco e uma saia bege, normalmente ostentando um sorriso simpático na casa dos 50 anos, mas naquele momento enquanto olhava meu prontuário após a bateria de exames parecia preocupada.

-- Lena eu vou ser sincera com você o seu problema não é físico -- disse ela olhando em meus olhos parecendo que estava medindo as palavras dando uma breve pausa -- tudo bem que algumas taxas estar um pouco altas, mas dar para culpar o estresse devido ao seu trabalho, o máximo que posso lhe dizer é tire umas férias, reduza a cafeína, saía mais, porém isso é só uma das causas não o verdadeiro problema que levou ao seu estado atual.

-- E o que seria isso? -- questionei ficando preocupada por conta de seu tom.

Gabriela parecia hesitante em responder aquela pergunta passando as mãos por seu rosto mostrando sua inquietação.

-- Já ouviu falar de T.P.C.I? -- perguntou ela séria com as mãos encostadas no queixo.

-- Não.

-- Claro que não ouviu -- disse num tom cansado fazendo uma pausa antes de prosseguir -- bem... resumindo é um problema psicológico como ansiedade por exemplo, causando esse desconforto antes do cio.

-- E qual seria a causa?

-- Existem três possibilidades e para descobrimos de qual delas se trata preciso que seja totalmente sincera ao responder as perguntas irei fazer -- começou Gabriela guardando sua prancheta.

-- Tudo bem -- concordei assentindo com a cabeça.

-- Vamos começar pela mais simples de resolver, que seria os inibidores, é provável que o seu corpo esteja rejeitando os que está tomando atualmente -- prosseguiu ela num tom calmo -- o jeito mais fácil de se saber se é isso é parando de toma-los por um tempo, mas eu prefiro descartar as outras duas antes de recomenda-lo, principalmente tão perto do seu cio.

-- Mas no caso desse ser o problema é só parar com o medicamento? -- questionei preocupada, pois como ela disse o meu cio estava próximo e se o largasse agora ele seria bem complicado.

-- Bem, teríamos que esperar até o seu corpo o eliminasse completamente antes de testar outros para conseguimos achar o que melhor se adapta ao seu organismo e isso pode demorar.

-- E a segunda possibilidade?

-- Lena, por favor não se sinta ofendida com a minha próxima pergunta, mas... você possui um relacionamento próximo com algum beta?

-- Eu moro com uma a 5 anos, mas você já sabe disso -- respondi confusa não conseguindo entender aonde ela queria chegar.

-- Não estava me referindo a esse tipo de relacionamento.

--Não, não, nananão -- disse rapidamente sentindo meu rosto queimar com uma imagem de Kara se formando em minha mente -- de jeito nenhum!

-- Você não precisava ser tão enfática assim, eu acredito em você -- disse Gabriela docemente.

-- Afinal, o que isso tem haver com o meu estado? -- perguntei envergonhada com as minhas mãos cobrindo meu nariz e boca olhando para ela com a cabeça levemente abaixada.

-- Bem, como posso explicar? -- questionou pensativa mais para si mesma -- digamos que você entra numa batalha contra si mesma, ou seja, com a sua loba interior causando um conflito entre seus sentimentos e instintos, principalmente um antes de seu cio quando seus feromônios ficam mais a flor da pele.

-- Como? -- questionei ainda mais confusa.

-- Pra simplificar. é um desiquilíbrio hormonal causado por seu estado mental provocando algo como uma reação alérgica severa aos seus próprios feromônios -- respondeu de forma clara e pausada como se escolhesse cada uma das próximas palavras com cuidado -- tal desiquilíbrio também afeta o beta devido a um certo feromônio que libera no ar, podendo causar mudanças comportamentais, potencializa o desenvolvimento de algum vício em ambas as partes gerado por estres excessivo e a já citada reação alérgica, o tratamento recomendado para esse tipo é terapia de casal e um medicamento pra controle do feromônio em questão que está em fase de teste que como medica não recomendo devido aos múltiplos efeitos colaterais, agora correndo o risco de soar preconceituosa, o jeito realmente efetivo seria encerrar o relacionamento e evitar relacionamentos como esse no futuro, e a pessoa em questão.

-- Todo casal desse tipo corre esse risco? -- perguntei com uma súbita curiosidade.

-- Lena há uma porcentagem inferior a 2% de não ocorrência -- disse suspirando -- porém devido a falta de interesse da comunidade médica por essa doença não possuímos outros tratamentos para esse caso fora o que lhe contei, sinto muito.

-- Não, tudo bem eu só estava curiosa mesmo -- disse -- agora e qual é a terceira possibilidade.

-- Aí eu sou forçada a fazer outra pergunta um tanto quanto intima -- começou Gabriela -- Lena, você tem uma relação ruim com algum alfa próximo a você?

-- Fora os meus colegas de trabalho? Não -- respondi sem entender o porquê daquela pergunta.

-- Nem mesmo algum que poderia ser visto como amigo, porém irritante?

No momento que ela disse aquilo a imagem da Andrea aparece de repente em minha mente.

-- Acho que sim.

-- Lena isso pode parecer um pouco improprio, mas preciso que tire a camisa -- disse num tom sério.

-- Mas o que isso tem haver com...

-- Só tire eu preciso conferir uma coisa.

Mesmo não entendendo o que acontecia retiro minha camisa sobre o olhar atento de minha medica.

-- Deus! -- exclamou ela surpresa -- meus parabéns Lena você acaba de entrar num grupo bem exclusivo.

-- Como? -- perguntei confusa.

-- Já ouviu falar de marca verdadeira?

-- Um pouco, por quê?

-- Você tem uma e no seu caso não é uma boa noticia -- respondeu Gabriela -- agora eu tenho que comunicar isso para a comunidade cientifica porque você literalmente 53ª caso de marca verdadeira que temos conhecimento e vai por mim esse é um numero ridículo de pequeno.

Assim que ouvir aquilo começo a procurar a marca encontrando uma tatuagem desbotada que mal dava para saber do que se tratava o desenho localizada em meu ombro, chocada com o que via tocando-o.

-- Por que isso é uma má noticia?-- questionei confusa.

-- Porque parece que um dos dois estar negando a marca -- disse ela -- e se continuar assim...

-- O que, a gente morre? -- perguntei num tom de piada.

-- No pior dos casos.

-- Tá de brincadeira, não é?

-- Gostaria muito.

-- Como isso foi acontecer? -- questionei desesperada.

-- Isso tem haver com a sua loba e o dele no caso -- respondeu Gabriela.

-- Dela -- corrigi -- eu tenho uma relação com uma alfa.

-- Ambas as lobas interiores se escolheram, porém uma das partes está negando essa escolha mesmo que inconscientemente e o melhor para as duas é se entenderem.

-- Mas como eu posso ter certeza que é ela? -- questionei colocando a camisa de volta e olhando pela última vez a tatuagem que se formava.

-- Simples, ela vai ter a mesma tatuagem, podendo está localizada no ombro, no pescoço ou em alguns casos no pulso -- respondeu minha médica -- sendo assim não será tão difícil de se descobrir.

-- Então é só eu ter um relacionamento com ela e o desconforto passa? -- perguntei.

-- Falando de forma simples, sim.

-- Mas como eu faço isso? -- questionei lembrando de como era nossa relação até então.

-- Lena até onde eu sei sou médica não conselheira amorosa -- respondeu Gabriela sorrindo -- mas como amiga, acho que conversar seria um bom começo.

Continua...

Oi povo lindo mais alguém com um ódio profundo contra o álbum da copa?Porque a desgraça que chamo de irmão já me fez o procurar umas 30 vezes sem achar.

A inofensiva (Supercorp)Onde histórias criam vida. Descubra agora