Um Doce De Amor - Série " Romances Lindos"

1° capítulo

Teresa Londõno

Acordei e olhei pro despertador do meu celular surradinho.

4:30

Sentei na cama e passei a mão no rosto tentando despertar. Ontem eu fui dormir quase meia noite, Ravi estava chatinho e ficou chorando, me levanto de uma vez, se eu ficar na cama é pior.

Sigo pro banheiro onde faço minha higiene matinal, moro de aluguel numa pequena casinha no fundo de um quintal, a dona fez quatro casinhas e alugou, confesso que acho caro, mas foi o mais barato que eu consegui.

Não me arrepende das escolhas que fiz, eu nasci na cidade do México, cresci em um orfanato no interior, fiquei lá até meus dezoito anos, depois eu resolvi vir para o Estados Unidos em busca de mais oportunidade, mas aconteceu tanta coisa.

Primeiro que eu entrei no país de maneira ilegal, custei pra conseguir o meu visto de imigrante, quem me ajudou foi o pai do Ravi, conheci ele no metrô e ele me ajudou, parecia um príncipe, ele deixou tudo direitinho pra mim e se hoje posso trabalhar vendendo doces é por causa dele, por outro lado a minha inocência me fez acreditar que ele poderia querer algo comigo, na verdade, ele nunca me prometeu nada, mas eu acreditei que algo ia rolar, o que não aconteceu, ele me fez dele, me fez mulher, foi incrível, delicado e no final ele voltou pra Europa e eu fiquei aqui, não tinha o contato dele, nunca mais o vi.

Logo depois veio a bomba, eu estava grávida, mas eu amei o meu bebê no primeiro momento que soube da sua existência, trabalhei numa loja de departamento até os oito meses e consegui juntar dinheiro pra pagar o hospital, não tive o melhor tratamento lá, mas meu filho nasceu bem e saudável.

Entrei na cozinha e comecei a prepara o que tinha que levar hoje, eu usava um pequeno carrinho que comprei num brechó, era pequeno e eu conseguia levar pra todo lugar,ele virava uma mesinha,ainda tinha suporto para guarda chuva. Coloco todos os doces na bolsa térmica, ela é grande e arrumando direitinho cabe tudo, eu tenho que fazer sempre de manhã se não o doce fica mole. Deixo no cantinho perto da porta junto da bolsa de Ravi.

Fui pro banheiro e tomei um banho rápido, coloquei um vestido até o joelho  florido. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo simples e passei um batom rosinha. Fui até a cama e com o preguiçoso ainda dormindo, eu o troquei e coloquei uma roupinha nele. Meu filho graças a deus é gordinho e forte, as vezes eu fico bem apertada no fim do mês, a grana e pouca e eu pago o aluguel, ainda tem luz e água pra pagar. Ele ainda mama no peito o que dá um grande alívio nas contas. Eu não tenho dinheiro pra comprar as coisas pra mim, imagina pra ele. Mas eu tenho fé que as coisas vão melhorar pra gente. Coloco ele pra mamar e o garotinho acorda com os olhos arregalados mamando meu peito como se fosse a coisa mais importante da face da terra. Como biscoito e preparo um chocolate pra mim.

Sai de casa exatamente as cinco e meia, com Ravi no canguru, a bolsa termina num ombro, a dele no outro e segurando o carrinho. Eu até poderia vender mais perto do meu bairro, porém vender em Manhattan me faz ganhar quase o dobro, ainda mais na hora de almoço, tem dia que eu faturo bem, graças a Deus.

O dia está bonito e parece que não vai chover, chego na rua de sempre e começo a arrumar as coisas, colocando os doces no carrinho. Sempre tento variar, hoje eu trouxe torta de morango, cajar com ameixa que o pessoal adora e chesescake.

Eu sempre gostei de cozinhar, lá no orfanato a gente plantava, colhia, e cozinhava, era bom demais, eu vivia na cozinha vendo as freiras preparando nossas refeições, elas me ensinaram tudo. Se eu vim pra cá é porquê eu tinha o sonho de fazer um curso de gastronomia ou até faculdade, mas aí meus planos mudaram, e agora eu só quero dar uma vida digna pro meu filho.

Logo algumas pessoas chegam, de manhã não vendo muito, mas quando da a hora do almoço a história muda, eu vendo e tudo de uma vez, ainda bem que eu preparo bastante. Quando chego em casa de tarde, preparo tudo de novo pro dia seguinte. 

                              ....🥲....

Que mulher!

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