Capítulo 2

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Harry acordou poucas horas depois, a julgar pela altura da lua ainda no céu. Pesadelos, é claro. Já era de praxe. Essa foi no entanto a primeira vez em anos que seus pesadelos não diziam nada sobre o mundo mágico ou Voldemort. Ao invés disso, ela sonhou com Valter. Um Valter monstruoso com rosto disforme como uma máscara derretida, de altura tão grande que ele se curvava sobre ela, costas encostadas no teto da jaula que a jogavam em Privet Drive, mãos gordas tentando agarrá-la. Harry acordou com o grito preso na garganta e precisou tossir para voltar a respirar novamente. 

Lentamente ela se pôs de pé, tomando todo o cuidado para não emitir qualquer som, e se aproximou da fechadura. Agora, com o controle de seu próprio corpo de volta para sua mente e não mais em uma corrente de choque e adrenalina, Harry decidiu aproveitar cada segundo que tinha para fugir, e que melhor momento do que enquanto todos certamente dormiam?

Ela não tinha sua varinha, no entanto. Então ao chegar á fechadura da porta, ela teve que improvisar. Magia sem varinhas não era fácil, ela sabia. Especialmente sem treinamento. Mas momentos de desespero pedem medidas desesperadas e ela tinha algumas horas caso precisasse de um plano B. Ela imaginou, no entanto, que tinha muita experiência em sentir a própria magia sem uma varinha devido a proibição de seu uso nas férias versus a sua necessidade de fugir do primo. É claro, ela não conseguiria nada complexo de mais, e provavelmente se esgotaria muito rápido, mas ela se lembrava de como se sentia ao fazer magia acidental e talvez se fosse capaz de apenas direcioná-la para abrir o trinco ao replicar a vez que aparatou para o telhado... Ela não estava realmente sendo exigente com os resultados contanto que lhe dessem uma fuga. Harry colocou a palma da mão sobre o ferrolho, decidindo que abrir o a porta seria menos complicado do que tentar forçar uma aparatação.

Levou muita concentração e mais provável que não, algumas horas de sussurros desesperados de "...por favor, abra! por favor, abra!" mas quando uma gota de suor pingou no assoalho de madeira devido ao seu esforço, ela ouviu um suave som metálico e forçou levemente a mão para frente, empurrando a porta suavemente. Harry suspirou aliviada. E exausta. 

Suas pernas tremeram levemente quando ela tentou dar o primeiro passo para a liberdade e ela teve que se agarrar ao batente da porta por alguns instantes para voltar a se firmar.

-Só mais um pouco... - sussurrou em encorajamento para si mesma. 

Lenta e silenciosamente, ela desceu as escadas para o primeiro andar, degrau a degrau, até chegar ao último e congelar. E agora? Cozinha primeiro ou o armário? Comer poderia ajudá-la a ter alguma energia extra caso precisasse e ela já não comia nada a horas e não tinha ideia de quando comeria novamente. Além disso, a pequena magia que acabara de fazer exigira muito dela. E ela provavelmente teria que fazer ao menos mais uma vez.

O armário, no entanto... era onde qualquer coisa mágica era trancada antes mesmo que ela entrasse na casa no início de cada período de férias. E definitivamente era um recurso importante que ela não saberia quanto tempo demoraria a ter dado a demora para abrir a porta do quarto. Harry olhou rumo a janela. O céu começava a ficar roxo. Sinal de que em poucas horas ficaria rosado e então laranja, e depois, completamente claro. O amanhecer viria rápido. O armário então, decidiu.

Harry espalmou o buraco da fechadura de ferro novamente e tentou sentir sua magia novamente. Mas estava ainda mais difícil agora, como se ela estivesse esgotado aquele canal. Sua cabeça pendeu do pescoço e um suspiro frustrado saiu de seus lábios. Ela estava fraca de mais pra conseguir outra proeza? Mas que outra chance ela tinha?

Ela serrou os olhos apoiando a testa na porta, tentando buscar em sua mente qualquer outra opção. Mas arrombar a força certamente despertaria toda a casa e ela definitivamente não estava em posição de ir para uma luta física. A varinha seria inútil visto que ela não poderia fazer mágica ali, o rastreador do ministério não permitiria. A menos que ela quisesse ser expulsa de Hogwarts e ter a varinha partida como Hagrid, o que não era nem uma opção. 

Assinado, Lorde Slytherin - Harry Potter/Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora