Assinado, Lorde Slytherin - Harry Potter/Tom Riddle

Capítulo 6

Se alguém perguntasse, Tom Riddle nunca admitiria ter sentido uma felicidade muda por receber uma nota de agradecimento da garota. Ele franziu a testa ao ver a grande ave de penugem branca pousar na mesa de seu escritório, pouco depois de iniciar seu planejamento para os próximos passos do lado Negro na política. Ele sabia no entanto a quem a coruja pertencia. Era tão... única, que se tornava imediatamente identificável. Combinava com a dona, ele supunha.

Ele esticou uma das mãos para aliviar o fardo que a ave carregava e ficou surpreso com um pequeno pote de vidro anexado ao pedaço de pergaminho preso em suas patas. Se ele estivesse sendo honesto, não esperava uma resposta. E se fosse ainda mais honesto, ele havia ficado maravilhado por ter, de fato, recebido uma. Afinal, ele havia ficado muito curioso sobre a garota desde que se percebeu... em sã consciência, novamente.

Mas, ele supunha, essa é uma das vantagens de ser um Lorde das Trevas. Ninguém espera honestidade crua e sem propósito, então ele estava feliz em nunca precisar admitir nada disso em voz alta. Ele bufou, jogando o potinho marrom de lado em desdém.

Ele jamais admitiria ter se percebido tirando algumas horas de descanso em frente a lareira naquela noite, acompanhado de uma grande porção de chocolate quente feito daquele pó simplesmente... divino que a garota lhe havia enviado. Afinal, Lordes das Trevas definitivamente não gemem de prazer ao experimentar uma bebida tão... simplória. E definitivamente não desfrutavam de marshmallows derretidos. Era apenas um grande "nã-nã-não".

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Foi durante um fim de tarde particularmente solitário e melancólico em que ela dividia uma xícara de chá com Dobby que de repente lhe veio à mente.

-Sabe, meu amigo, sempre desejei conversar com meus pais. Eu teria dado tudo por um único minuto com eles. Mas desde nossa primeira conversa... Não consigo sequer chegar perto do corredor. - Harry suspira em pesar, apoiando a xícara de porcelana na mesa de centro entre ela e seu elfo. Tomar chá com ele havia quase se tornado rotina. Não que qualquer um dos dois reclamasse, apesar de o pequeno ainda ficar ansioso com isso. Ela estava considerando a alguns dias parar com isso já que, ao contrário do que ela esperava, ele não parecia se acostumar. " Bem, quem sabe daqui uns anos? " se consolou. Eles teriam tempo para se acostumar um ao outro. - É apenas... tão frustrante.

-Srt. Harry Potter não deseja mais falar com os pais da grande Senhorita Harry Potter? - a voz do elfo soou baixa e aguda. Ele parecia confuso.

-Não é isso, Dobby. É só... Acho que nunca tê-los conhecido os torna completos estranhos. Sempre me falavam o quanto James Potter era incrível e o quanto Lilly era bondosa e acho que como criança, apenas... criei essa imagem incrível de como eles teriam sido. É claro que nada teria sido pior que os Dursley, mas... Isso por si só não os tornou menos decepcionantes, eu acho. Quer dizer, fico feliz de não ser como James Potter nas coisas que importam, apesar do que todos parecem dizer. E , mesmo assim, me sinto decepcionada. Quero dizer, eles eram heróis, claro. Deram sua vida por mim. Ainda sim, não vejo como sentir o orgulho que sentia deles novamente. Seu ato de heroísmo final para com a própria filha compensa anos de abuso sistemático contra crianças e adolescentes pelo simples prazer de tornar suas vidas miseráveis? Quero dizer, os Malfoy, frio como são, parecem ter família em alta conta. Não me assustaria se Narcisa tivesse feito o mesmo pelo próprio filho. Qualquer um não teria? Não me entenda mal, não é que eu os despreze completamente. É só que... Acho que não me sinto tão inclinada a admirá-los completamente. Eles definitivamente tinham seus defeitos. James principalmente, apesar da condescendência de Lily ser irritante. É uma pena. Não sei se jamais poderei ser a filha que eles parecem desejar terem tido. Ou se, depois de tantos anos, poderei me aproximar deles a esse ponto, sabendo como eles eram sem a lente distorcida de seus antigos amigos. Acho que a morte santifica a todos nós, não é? Afinal, quem fala mal dos que já passaram? - Harry soltou um sorriso irônico que não conseguiu segurar.