1- Sally

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A lenda do deus dos sonhos.

Morfeu é uma figura da mitologia grega associada aos sonhos e ao mundo onírico. Ele é um dos milhares de deuses do panteão grego, mas sua importância reside na capacidade de moldar os sonhos das pessoas.

Na mitologia grega, Morfeu era filho de Hipnos, o deus do sono, e Nix, a deusa da noite. Seu nome, que significa "a forma" ou "a manifestação", reflete sua habilidade única de assumir diferentes aparências nos sonhos das pessoas. Ele era frequentemente descrito como um jovem alado com a capacidade de se metamorfosear em várias formas para se comunicar com aqueles que estavam dormindo.

Morfeu desempenhou um papel crucial na literatura clássica, particularmente nas histórias de Ovídio, como em "Metamorfoses". Ele era responsável por transmitir mensagens e visões aos mortais através de seus sonhos. Sua influência no mundo dos sonhos permitia que os deuses gregos se comunicassem com os humanos e influenciassem eventos futuros.

Embora não fosse adorado com a mesma devoção que outros deuses do panteão grego, Morfeu personifica o poder e a misteriosa natureza dos sonhos, demonstrando como a mitologia grega incorporava elementos da vida cotidiana e a experiência humana em suas histórias e crenças.

Desse conto, surgiu outro. Morpheus é um dos Eternos, uma família de seres míticos que personificam conceitos fundamentais, como Morte, Destino, Desejo e Destruição. Ele frequentemente visto vestindo um manto escuro e uma máscara de aparência delicada. Seu reino, o Sonhar, é um lugar vasto e multifacetado, composto por diversas paisagens, reinos e personagens que personificam aspectos dos sonhos humanos.

Sally.

Mais uma noite, com um belo sonho. Um entre vários que já tive, geralmente é difícil que eu tenha algum pesadelo. O que é bom, odeio pesadelos... Me fazem ter medo de voltar a dormir, a última vez que tive isso foi tão real... Tão doloroso... Odeio o fatos deles existirem. Mas, amo os sonhos, particularmente tenho um favorito, ele se repete várias vezes dependendo da Lua. Lembro que estou em um salão de baile daqueles antigos, o chão inteiramente encerado, os lustres tão acessos quanto estrelas e uma melodia de piano toca tão lenta e calma. Sempre que vejo meu reflexo, tenho a mesma reação de surpresa. As vezes nem parece ser eu, em um vestido bege quase branco, as mangás caem por meus ombros o tecido é parecido com aqueles de tules, há estrelas dourados e pratas bordadas na saia do vestido que é longo. Meus fios dourados estão presos em um coque com algumas tranças embutindo como uma tiara e ao lado esquerdo do cabelo tem uma presilha com a lua o sol e as estrelas decorando. De repente começo a mover o corpo em meio ao salão, fecho os olhos que está coberto por uma máscara dourada. O vestido acompanha cada giro e movimento que faço. É tão surreal, lento e encantador... Porém, enquanto giro em algum momento sinto aquela sensação novamente... A sensação de está sendo observada. As luzes diminuem sua intensidade deixando o salão menos perceptível, fecho os olhos quando ouço a respiração dele novamente no meu pescoço, consigo senti-lo em minhas costas, porém, não consigo vê-lo ou toca-lo. Apenas sua sombra alta atrás de mim, não importa quantas vezes eu vire não consigo vê. Mas, sei quando toca a pela nua do meu pescoço e desce os dedos sobre meus braços, enquanto a música continua a tocar. Tudo que faço é fechar os olhos e sentir, pois quando ele entrelaça nossas mãos eu simplesmente acorda todas as vezes.

Estava tão distraída que meu café acaba esfriando, faz uns 10 minutos que estava olhando para o nada, pensando o quão carente minha mente é pra formar um cenário desses. Enquanto estou sentada na cadeira da varanda. Olho as horas no meu celular, são 16:00. Tenho que ir, deixo o café na mesa da varanda e saio andando com os lírios na mão esquerda. Coloco as flores no sexto da bicicleta e começo a pedalar. Esta ventando bastante, mas não esta frio, pelo contrário é bem refrescante. Passo 30 minutos pedalando até chegar no cemitério, encosto a bike e caminho até a lápide escrita "Lyta Hall" Abaixo tocando a lápide, deixo os lírios em cima do túmulo.

-Oi mãe, trouxe flores como faço toda semana. Como eu estou? Ah, estou bem. Estou cuidando da nossa casa e a faculdade está ótima, tenho alguns amigos... Não muitos, a senhora sempre disse que não precisa ter muitos amigos, apenas os que cuide e te ame...

Sinto meus olhos arderem, merda. Não quero chorar...não mais...sempre foi difícil ter que me virar sozinha. 

- Eu sinto sua falta, sinto demais mamãe...

Minha voz sai fraca, chorosa.  Com nó que forma na minha garganta. Puxo o ar respirando fundo, passo a mão na lápide e levanto, partindo de volta pra casa.

Minha mãe morreu a 4 anos atrás, ficou doente. Uma doença misteriosa matou ela por dentro lentamente, os médicos mal souberam explicar a causa. Eu tinha 17 anos na época, foram dois anos, para de algum modo aceitar a morte dela... Depois assumi a responsabilidade pela casa que ela lutou pra ter. Agora tenho 20 anos, estou fazendo faculdade de administração, pago a faculdade com o dinheiro que foi deixado pra mim e faço as compras do mês com o dinheiro que ganho dividindo meu com dinheiro da leitura para crianças na biblioteca, e dando banho em animais no pet shop. É uma renda quase média, mas dá certo porque só tenho eu para sustentar.

Guardo a bicicleta e entro em casa, tomo um banho rápido em seguida me jogo na cama, fico olhando o teto até sentir meus olhos pesarem e minha respiração ficar leve.

...

Morpheus

Bato meus dedos no braço da cadeira em que estou sentado, claramente irritado. Luciene aparece na sala com alguns papéis nas mãos.

- E então?

- Não achei nada sobre isso ainda, meu senhor. Parece que nunca aconteceu algo semelhante com ninguém.

Encaro ela e suspiro impaciente, como pode em meus domínios eu não conseguir controlar o sonho de alguém? Nem mesmo encontra-la.

- Terei que descobrir uma forma de saber quem é essa mulher...

Iria falar algo, mas fecho a boca ao sentir a sensação de está sendo puxado. Pisco, sabendo onde estou. Ela dormiu...estou aqui de novo. Seu corpo para de rodopiar pelo salão, quando sabe que estou aqui. As luzes diminuindo a intensidade já me entrega. Não controlo meus passos, sou levado até ela por meu corpo traidor. Seus olhos castanhos procura-me no salão, mesmo sabendo que não poderá me ver. Inspiro seu cheiro doce ao chegar em suas costas. Fico com raiva de não conter a vontade absurda que tenho de toca-la, de ver seus olhos fechando com toco sua pele. Antes ficávamos assustados, mas ai...em um dos sonhos uma musica tocou e desde de então "dancei" Com ela, foi como abrir uma porta dando passagem a outros modos de tentar falar com a mesma. Nada que faço, consigo toca-la completamente... Ouvi-la ou até mesmo senti-la. Já tentei antes alcança-la, meus dedos passaram direto como se a mesma fosse um fantasma...algo inventado...algo impossível.

Deslizo meus dedos por seu braço traçando um caminho até seus dedos, ela vira para mim. Como se pudesse me ver. Tão perto...não consigo desviar dos teus olhos. Vejo os movimentos do seus lábios, merda! Só queria ouvi-la e saber o que quer, para me deixar livre desse sonho. Ergo a mão para tocar sua face. Pisco. Passo a mão no cabelo frustrado ao ver estou de volta ao sonhar.

- Não! Que droga!

Junto minhas mãos concentrando meu poder para encontra-la, achar o lugar do seu sonho. O sonhar treme por alguns instantes. Paro, respirando fundo sem achar nada. Abro os olhos deparando-me com uma máscara dourada. É dela. Pego a máscara. Posso ter trazido de alguma forma... Isso mostra que tem uma falha, um caminho... Mas qual?

- Mestre, estava lá novamente? Conseguiu alguma coisa?

Luciene chega fazendo perguntas, estendo a máscara para ela.

- Apenas isso foi o que pude trazer usando meu poder. Estou ficando cansado de o que seja lá que for isso! Não posso cair em tentações, pode ser uma armadilha... Ou pior, uma ameaça ao Sonhar! Faça o que puder para descobrir sobre a dona dessa máscara ou qualquer maldita pista.

Olho para o campo do sonhar, Luciene esta ao meu lado. Ela sabe o que irá fazer, sabe que essa mulher pode ser uma ameaça. Ninguém nunca dominou um sonho, imagine se ela puder dominar além de seus sonhos. Ela claramente é uma ameaça. Irei resolver isso do jeito mais coerente.

- Irei falar com as três.

-Acha mesmo necessário, senhor?

- Não vejo outra alternativa, seja quem for. Se for uma ameaça para nós, teremos que dá um jeito.

Caminho em direção ao encontro das três, estou claramente irritado.

Sr.Sandman EM REVISAOOnde histórias criam vida. Descubra agora