O cavalheiro.

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14°
O cavalheiro

Rocky me acorda com seu hábito de lamber minha mão quando quer comida. A luz do sol está forte e entra pela minha janela, aquecendo o quarto. Meus olhos ardem, meu
rosto dói. Levo alguns segundos para me lembrar de tudo o que aconteceu na noite passada.

Jungkook...

Sento-me em um pulo e olho para o espaço ao meu lado na cama.
Está vazio.
Meu coração fica apertado. Ele foi embora? O que esperava, que ele acordasse aconchegado em você? Sou um bobo mesmo.
Sem pressa, vou ao banheiro escovar os dentes, mas quando me olho no espelho, deixo escapar um grito.

— Santa Mãe dos Roxos!

Meu rosto está horrível, com todo o lado direito inchado e um hematoma que vai da metade da minha bochecha até o olho. Tenho um corte pequeno no canto da boca. Não fazia ideia de que aquele homem havia me batido com tanta força. Enquanto examino meu rosto, noto marcas nos punhos e braços, suponho que de quando os homens me
arrastaram de um lado para outro.
Um calafrio me invade ao lembrar o que aconteceu.
Depois de tomar banho e escovar os dentes, saio do banheiro de cueca, secando o cabelo com a toalha.

— Cueca do Pokémon?

Dou um grito ao ver Jungkook sentado na minha cama, uma sacola com comida e dois cafés na mesa de cabeceira.

Cubro-me com a toalha.

— Achei que tinha ido embora.

Ele sorri daquele jeito que faz meu coração derreter em segundos.

— Só fui pegar o café da manhã. Como você está?

— Bem, obrigado. É muito gentil da sua parte.

E gentileza não é seu forte, penso, mas não digo.

— Se veste e vem comer, a não ser que queira comer assim, sem roupa. Eu não me importaria.

Eu o fuzilo com o olhar.
— Muito engraçado, já volto.

Já vestido e devorando o café da manhã, tento ignorar a linda criatura na minha frente, porque, caso contrário, não tenho como comer em paz.
Jungkook toma um gole de café.

— Preciso falar uma coisa. Não vou conseguir viver em paz se não disser.

— O quê?

— Pokémon? Jura? Eu nem sabia que existia cueca do Pokémon.

Reviro os olhos.
— É minha roupa íntima, ninguém deveria ver.

— Eu vi. — Os olhos dele encontram os meus. — E também toquei nele.

Quase engasgo com a comida.
— Jungkook…

— Que foi? — Ele me lança um olhar brincalhão. — Ah, você se lembra bem, não é?

— Óbvio que não.

— Então por que está vermelho?

— É o calor.

Ele sorri maliciosamente, mas não diz nada. Termino de comer e tomo um gole de café, mantendo os olhos em qualquer lugar, menos nele, mas dá para sentir seu olhar em mim. E isso continua me deixando nervoso. Eu me dou conta de como estou vestido e de cada detalhe em mim que ele pode ver e desaprovar, como o cabelo molhado e despenteado.

Jungkook suspira.
— O que aconteceu ontem à noite?

Sinto que posso dizer tudo para Jungkook. Por que confio nele mesmo depois que partiu meu coração?
Ninguém entenderia.
Passo a mão pelo cabelo.

Através da minha janela (jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora