O aniversário.

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O aniversário


Eu te amo…
É tão fácil dizer, mas é tão difícil expressar o sentimento com atitudes.
Por que?
Porque somos egoístas por natureza, uns mais, outros menos, queremos aquilo que é melhor para nós, aquilo que
nos beneficia, porque nos ensinaram que precisamos nos colocar em primeiro lugar, que se não nos amarmos não
poderemos amar outra pessoa. Esse último aspecto pode até ser verdade, o quanto você ama a si mesmo pode
refletir na sua capacidade de amar os outros. Porém, há momentos em que podemos deixar de lado algumas coisas
pelo bem-estar da outra pessoa, e isso é o verdadeiro amor para mim.

Eu sei do que Jungkook precisa, o que ele realmente quer para seu futuro, e eu o apoio completamente, embora não possa negar que a ideia de nós dois separados e a possibilidade de perdê-lo me apavoram. Só de imaginar esse cenário meu peito aperta e meu estômago fica estranho, mas eu o amo e porque o amo tenho que deixar o medo de lado. Por ele. Eu faria tudo em nome de sua felicidade. Que roubada é o amor.
Fico olhando a carta em minhas mãos. Fui aceito com louvor na Universidade da Carolina do Norte e recebi uma
bolsa parcial para estudar Psicologia.
Estou muito feliz, não nego, isso é o que eu sempre quis e não deveria existir nada que pudesse ofuscar isso. O
problema é que quero compartilhar minha felicidade com Jungkook, e sei que ele ficará feliz por mim, mas também sei que isso só torna cada vez mais real que seguiremos caminhos
diferentes quando este ano letivo terminar.

É um sentimento agridoce, mas acho que a vida é assim.

— Essa não é a reação que eu esperava — comenta Tae, se espreguiçando na minha cama. — Eles te aceitaram, seu
idiota!

Eu sorrio.
—Eu sei, só… ainda não consigo acreditar.

Ele se senta, arranca a carta da minha mão e a lê.
— E com bolsa? Isso é um milagre, se você não tiver nenhum talento.

Eu lhe lanço um olhar assassino.
— Eu te disse que ser campeão torneios interestaduais de xadrez serviria para alguma coisa.

Tae suspira.
— Eu ainda não sei como você é tão bom no xadrez, seu QI é… — Eu levanto uma sobrancelha. — Parece que é o
suficiente para conseguir uma bolsa de estudos, yay!

Coloco a carta na mesinha de cabeceira enquanto o sol que entra pela janela ilumina Rocky, que está dormindo de
barriga para cima e a língua de fora. Ele é definitivamente a minha reencarnação canina.

Tae olha para ele, preocupado.
— Ele está bem? Parece que morreu.

— Está sim. É que ele gosta de dormir em posições bem estranhas.

Tae ri.
— Igual o dono.

Tae passou a noite comigo porque hoje é…
— Feliz aniversário! — Minha mãe entra com uma bandeja de café da manhã, sorrindo alegremente. — Volte para a
cama, Jimin, ou o café da manhã na cama perde o sentido.

Eu sorrio.
— Sim, senhora.

Volto para Tae, que ainda está sentado ali. Ontem à noite bebemos um pouco em nossa festa do pijama pré- aniversário, que acabou com nós dois chorando pelos Jeons; eu, porque recebi a carta de aceitação e ficaria
longe do Jungkook, e ele, porque não sei que droga está acontecendo entre Jeff e ele, uma hora ele o quer, na outra não, uma hora quer terminar, na outra não pode.
Acho que todos nós temos aquele amigo indeciso que não tem a menor ideia do que quer com algum garoto.
Mamãe coloca a bandeja no meu colo; há comida suficiente para mim e Tae e um pequeno muffin com uma
vela acesa. Apago a vela e eles batem palmas igual a duas focas que acabaram de comer.
Eu não consigo conter o sorriso que se espalha pelo meu rosto, e mamãe se inclina e me dá um beijo na testa.

— Feliz aniversário, coisa linda.

— Obrigada, mãezinha.

Começo a comer e ofereço um pedaço de panqueca para Tae, que faz uma careta de nojo e lança um olhar de desculpas para mamãe.

— Sem ofensas, Sra. Park, mas não quero a comida.

Mamãe tira sarro.
— Bebeu muito ontem à noite?

Tse parece surpresa.
— Como você sabe?

Mamãe suspira.
— Filha, o quarto está com cheiro de uma mistura de cerveja com vodca com um toque de vinho.

Os olhos de Tae se arregalam.
— Como você sabe exatamente quais foram as bebidas?

Mamãe apenas dá de ombros e eu reviro os olhos, respondendo a Tae.
— Quem você acha que comprou a bebida, sua boba?

Mamãe vai até a porta.
— Tomem o café e levantem, suas tias e primas estão chegando e temos muito o que preparar para hoje à noite.

A festa de aniversário…

Através da minha janela (jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora