A confissão.

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24•
A confissão

O jogo acabou e ainda não consegui assimilar que Jeon Jungkook dedicou o gol para mim. Pensei em mil coisas nos últimos dez minutos, desde que ele estava brincando a que
talvez tenha um namorado secreto que ele também chama de bruxo. Só que ele olhou e sorriu para mim.
Estou pensando muito.
Não devo permitir que ele me afete, não posso deixar que seu gesto atrapalhe minha decisão de me manter afastado dele. Sim, ele me dedicou um gol e foi a coisa mais linda, mas isso não deveria ser suficiente, não depois de todo o
mal que me causou.

Uma parte de mim — a maior — quer correr para os braços dele, mas a parte racional, a que recuperou a
dignidade, não aprova e decido ouvi-lo. Embora eu ache que
essa minha firmeza venha de uma emoção nova para mim: o medo. Medo de que ele me machuque, medo de deixá-lo entrar e eu sair ferido outra vez. Eu não aguentaria passar por isso de novo, então não vou me arriscar.

— Uau, foi emocionante — afirma Tae, cutucando minhas costelas de brincadeira enquanto descemos as
arquibancadas.

— Foi mesmo — opina Jeff inocentemente. — Adorei o
jogo, 3 a 0, e aquele goleiro mereceu depois do que fez com o meu irmão.

— Temos que comemorar. — Carlos tenta segurar minha mão, mas Tae, parecendo um ninja, dá um tapa nele e o afasta. — Ai!

— Você mereceu — digo a ele, lembrando-o de que não gosto que ele me toque sem permissão.

— Entendido — garante Carlos.
Procuro o olhar de Yoongi, que está um pouco sério. Que estranho.

— Pessoal, a gente podia ir dar parabéns aos jogadores.

Essa ideia de Jeff não parece muito boa no momento.
Não quero encarar Jungkook. Uma coisa é ser forte para me
afastar dele e outra bem diferente é tê-lo diante de mim e depois precisar me afastar.
Tae percebe meu desconforto.

— Ah, é melhor irmos para a festa de comemoração.

— Festa de comemoração? — pergunto, confuso.

Carlos me dá um tapa nas costas.
— Você não está por dentro dos eventos sociais, príncipe?

A festa que o time faz quando vence.
Óbvio. Como esquecer as festas infames dos Panteras? Fui apenas uma vez e só porque Tae nos convidou. No campo somos um, mas fora dele ainda somos de escolas
diferentes, e a verdade é que não vamos muito com a cara uns dos outros.
Passamos ao lado do gramado enquanto caminhamos para o estacionamento, e não deixo de olhar para os jogadores conversando. Jungkook está lá, completamente
encharcado de suor, seu cabelo grudado nas laterais do rosto, assim como o uniforme em seu corpo. Como ele pode continuar atraente para mim mesmo depois de tudo?
Preciso de ajuda profissional.
Seu olhar encontra o meu e eu congelo, paro de andar. Ele
lança um sorriso malicioso, agarra a barra da camisa e a puxa pela cabeça. Muitos jogadores estão sem camisa,
então ninguém vê o gesto como algo incomum. Meus olhos descem para seu peito e abdômen definidos, onde a palavra bruxo já desbotou com o suor. Eu mordo o lábio.

Não caia nessa, Jimin .

Eu odeio meus hormônios.
Balançando a cabeça, desvio o olhar e continuo meu caminho. Dou alguns passos até que esbarro em Yoongi.

— Ai! Não vi você!

Yoongi só pega minha mão.
— Vamos sair daqui.

Yoongi me arrasta para o estacionamento, onde todos já
estão no carro de Tae, esperando por mim. Jeff tomou meu lugar no banco do carona, então fico entre Yoongi e
Carlos. Ambos estão cheirosos, e adoro quando um cara cheira bem. Jungkook tem um cheiro maravilhoso.
Calem a boca, hormônios sem dignidade!
O lugar da festa fica a leste da cidade, a cerca de dez minutos da minha casa. A música pode ser ouvida do lado
de fora, o baixo trovejando nas paredes do gigantesco imóvel de dois andares. Estou surpreso de ver tantas pessoas, elas são bem rápidas quando o assunto é festa.
Olha quem fala.
Minha consciência me censura quando saímos do carro e
nos dirigimos para a entrada. Há algumas pessoas no jardim
com copos nas mãos.
Ao entrar, luto contra a necessidade de tampar os ouvidos. A música eletrônica vibra por toda a casa, as luzes estão apagadas, apenas algumas lâmpadas de meia-luz
iluminam o local, o que dá um toque meio hippie ao cenário.
Me sinto como se estivesse em uma festa eletrônica no meio de um campo aberto. O DJ está na sala, é um garoto
magro, de cabelos compridos e braços tatuados, que parece concentrado.

Através da minha janela (jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora